quinta-feira, 26 de maio de 2022

O "Olhar de mil jardas"


 

 

O termo “olhar fixo de mil jardas” teve origem na Primeira Guerra Mundial. Ele passou a ser usado para combatentes com estresse de batalha e a impressão que dava é que os olhos poderiam mesmo ver muito longe. Mas o termo se popularizou mais durante a Segunda Guerra Mundial. É um tipo de olhar vazio, sem foco de soldados que adotaram uma postura de distanciamento emocional em relação aos horrores de guerra. Outras vítimas de outros tipos de traumas também apresentam este sintoma ligado a um aspecto dissociativo.

A revista Life publicou a pintura “Marines Call It That 2.000 Yard Stare”, do artista e correspondente da Segunda Guerra Mundial Thomas Lea, sobre um fuzileiro naval que lutou na Batalha de Peleliu. Esse fuzileiro foi ferido na sua primeira campanha, teve doenças tropicais, dormindo pouco à noite e combatia os soldados japoneses durante o dia. As baixas de seu grupo tinha sido numerosas (aproximadamente dois terços da companhia foram mortos ou feridos).

Houve também um relato de um cabo dos fuzileiros dos Estados Unidos chamado Joe Houle, que lutou na Guerra do Vietnã. Ele relatou que não percebia emoções nos olhos de seu novo esquadrão, segundo palavras dele sobre o olhar dos soldados: "O olhar nos seus olhos era como se a vida lhes tivesse sido sugada".

Um caso mais recente de “olhar de mil jardas” foi mostrado na revista National Geographic. Trata-se da foto de capa da revista, na qual há uma garota afegã de olhos verdes, com um olhar que aparenta passar bem pela câmera, fitando um futuro desconhecido e sombrio. Há uma falta de emoção e um distanciamento no olhar dela, indicando uma experiência de estresse e dificuldade.

O “olhar de mil jardas” é com frequência associado a soldados que estiveram há pouco tempo em combate e considerado um precursor da síndrome de estresse traumático. Para médicos, esse tipo de olhar está relacionado a um trauma muito forte que fez a pessoa se dossociar ou desconectar do mundo. Mas,mesmo não apresentando emoções, os soldados com estes sinais continuam funcionais em meio às situações de combate.Mas geralmente não apresentam muita eficiência no combate pois tem fadiga, tempo de reação mais lento, indecisão, desconexão do ambiente e incapacidade de priorizar.

Depois de um certo tempo, há pessoas que embora sem assistência especializada conseguem ir voltando à realidade. Porém, muitos que passaram por tais experiências acabam necessitando de apoio psicológico para superar a dissociação. Apresentando ainda estes sintomas, as pessoas podem ser diagnosticadas com distúrbios de estresse agudo ou choque, como também o olhar pode ser um sintoma de Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT), que requer um tratamento especializado. 

Outros sintomas podem aparecer junto com o “olhar de mil jardas”. Pessoas que tem este olhar podem ter distúrbios do sono , tendência a abusar de bebidas alcóolicas, humor irregular, ataques de pânico ou de ansiedade etc. O quadro sintomático pode demorar a desaparecer. Apesar de ter ficado muito conhecido por causa das guerras, há outros casos que não são relacionados ao ambiente de batalhas. Há quem apresente estes sintomas por ter passado por experiências traumáticas como ataques violentos, desastres naturais, perigo constante ou grandes perdas.

Segundo a Wikipédia:

 

“Olhar de mil metros ou olhar de dois mil metros , o que significa o olhar de mil metros de distância , é uma expressão em inglês. Muitas vezes é usado para descrever o olhar vazio e disperso de soldados que criaram uma barreira emocional para os horrores pelos quais estão passando. De maneira mais geral, esse termo é às vezes usado para descrever o olhar que reflete a dissociação em vítimas de outros traumas .”

Também o artigo da Wikipédia define a Reação ao estresse de combate:

“Reação de combate ao estresse ( CSR ) é um termo usado nas forças armadas para descrever a desorganização comportamental aguda vista pela equipe médica como resultado direto do trauma da guerra. Também conhecido como "fadiga de combate" ou "neurose de batalha", tem alguma sobreposição com o diagnóstico de reação aguda ao estresse usado na psiquiatria civil . É historicamente ligado ao choque de bomba e às vezes pode preceder o transtorno de estresse pós-traumático .”

Sugestão de vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=-v2nBQ3wvOE

 https://www.youtube.com/watch?v=-Q-113FGZrs


Márcio José Matos Rodrigues-Psicólogo e Professor de História

 



Figura:

https://www.google.com/search?q=imagem+de+olhar+de+mil+jardas&sxsrf=ALiCzsZV2MDO-tz9S5532Tm


terça-feira, 17 de maio de 2022

Um caso de Contágio Psíquico em uma escola de Recife no Brasil

 







 

Na Escola Estadual de Referência em Ensino Médio Ageu Magalhães, em Recife, houve, recentemente, uma situação de transtorno coletivo em alunos. Aproximadamente às 15h e 30 minutos, depois da refeição, 26 alunos tiveram uma crise de pânico ou ansiedade generalizada. Deitaram um por um no chão, suavam bastante e tinham tremores. Eles choravam e apresentaram dificuldade para respirar. Alguns desmaiaram.

Pelas características apresentadas, pode ter sido um caso de Contágio Psíquico, anteriormente chamado de Histeria Coletiva. Houve informação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) a respeito do caso. De acordo com essa informação, os estudantes tiveram sintomas como sudorese, saturação baixa e taquicardia. Mas tiveram atendimento no local e não foram encaminhados para hospitais.

A psicóloga Anna Paula Brito, que é doutora em educação e professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), destacou o contexto social que precisa ser considerado e que afeta estudantes, professores e pais. Disse ela: "Existe uma cadeia aí, a gente viveu um momento de crise muito grande, de crise social, na humanidade. [...] Aumento do desemprego, a crise econômica que a gente está vivendo, tudo isso faz com que a gente tenha a vida afetada, além da pandemia, com a morte de pessoas próximas. Nós ficamos dois anos com a sombra da morte junto da gente. Tudo isso não tinha como não promover um desequilíbrio emocional. Um episódio desse [como o da escola] para a gente é um sinal".

Ela também disse:

"Esses adolescentes foram privados do convívio com os seus colegas e já estavam vivendo um movimento de reclusão, trancafiados em seus quartos com seu celular. Isso terminou sendo agravado com a pandemia". E ainda:

"Perdemos nossos espaços de escola e nossos espaços de manifestação cultural, de arte e de lazer. A gente perdeu tudo de uma vez: contato social, lazer, cultura, arte e escola como espaço de interação social".

Outros especialistas também explicam a ocorrência de tais casos. Eles dizem que, os casos acontecem em decorrência de alguma imposição política e social dogmática. Outro fator a ser considerado nestes casos é um contexto de escassez, como também a ausência de poder descarregar essas emoções coletivas, o que se fazia em tempos passados em certos rituais.

Esses casos, antes chamados de “histeria coletiva”, acontecem quando há em um grupo numeroso de pessoas certos sintomas físicos ou psicológicos como riso incontrolável, desmaios, enjoos, dores musculares.  Este transtorno pode acontecer devido a um fator ambiental, por exemplo, a contaminação do suprimento de água, causando a preocupação de pessoas em um grupo de ficarem doentes, sentindo sintomas mesmo estando saudáveis ou indivíduos que observam um membro do grupo adoecer, apresentando os mesmos sintomas. Ou as pressões sociais ou emocionais que se se tornam excessivas para um grupo de pessoas tolerar, causando ansiedade generalizada. Tal quadro pode se espalhar por comunidades, cidades e até mesmo podendo atingir países. Na Idade Média, casos de histeria coletiva foram confundidos com bruxaria ou posse demoníaca. Segundo especialistas, os casos de “histeria coletiva” podem estar ligados ao estresse emocional e mental. No passado, houve diversos casos em escolas, prisões e conventos.

Considerando a denominação anterior do Contágio Psíquico, ou seja,“histeria coletiva” a Wikepédia assim descreve o transtorno:

“Histeria Coletiva, também conhecida por histeria em massaou folie à plusieurs(do francês, "Loucura de muitos), é o fenômeno sóciopsicológico definido pela manifestação dos mesmos ou semelhantes sintomas histéricos por mais de uma pessoa. Uma manifestação comum de histeria coletiva ocorre quando um grupo de pessoas acredita que sofre de uma  ou padecimento semelhante. O início da histeria coletiva se dá quando alguém adoece  ou torna-se histérico durante um período de estresse. E após isso, outras pessoas passam a apresentar sintomas parecidos como fraqueza muscular, náuseas, convulsões ou dores de cabeça. “

Há exemplos de casos que foram considerados como “Histeria Coletiva”:

1-Entre os séculos XIII e XVII houve a “praga da dança” ou também chamada de dança de “St. John” e “dança de St. Vitus.” Em 1374 na cidade de Aachen, na Alemanha, centenas de pessoas dançaram por dias descontroladamente, por dias e só pararam quando estavam já exaustos.

2-O autor J. F. C. Hecker, em sua obra de 1844 “Epidemics of the Middle Ages”, relatou que houve uma situação em que, em um convento na França, uma freira passou a miar como uma gata e que outras freiras da imitaram até que todas apresentaram o mesmo comportamento. Soldados foram chamadas e bateram nas freiras, que deixaram de “miar”.

3- Em 1962, na cidade de Kashasha, Tanzânia, três moças que estavam emum internato feminino passaram a rir sem controle, outras moças presentes também começaram a tir. Após algumas semanas, a mesma situação aconteceu também acontecendo em outras 14 escolas. Todas essas escolas tiveram de ser fechadas.

4-Na região de SalémMassachussetts, nos Estados Unidos, houve casos da chamada  histeria coletiva, entre 1692 e 1693. Houve dezenas de meninas que gritavam e se contorciam. Elas foram acusadas de bruxaria e julgadas, sendo que 25 delas foram condenadas à morte..

-Outros casos: Epidemia de dança em um lugar da França, em 1518; ,No Reino Unido, Irish Frightem 1688 e Spring Heeled Jack, em 1837; Epidemia do purgador de vento de Seatle, nos Estados Unidos, 1954; Epidemia de desmaios na Cisjordânia, em 1983; Envenenamento de estudantes em Kosovo, 1990; Avistamento de palhaços, em 2016 etc.

E em Recife? O que de fato ocorreu? Não se sabe exatamente. Como ocorrem em casos assim, emoções são muito reprimidas, a repressão pressiona e as emoções querem sair e com intensidade, de alguma forma. Lá houve a ansiedade coletiva, com sintomas de falta de ar, ansiedade, desespero e crença de morte.

Segundo estudiosos que analisaram os fatos em Recife (entre eles a psicóloga Anna Paula Brito, já mencionada), alguns fatores podem ter influenciado para o surgimento do surto na escola. Por exemplo, a volta às aulas depois de um tempo de aulas não presenciais e de isolamento, quando as crianças tinham necessidade de relacionamentos interpessoais e mais a questão de pânico devido à pandemia. E num sentido mais amplo, os especialistas dizem que outros fatores podem ter contribuído como a questão financeira do país, afetada pela pandemia;  o dogmatismo religioso fortalecido em alguns grupos; aspectos ligados à violência na sociedade; e as incertezas sociais.

Em situações como a situação da escola em Recife, surtos podem ocorrer sem motivo aparente e podem durar dias ou meses até terminarem totalmente. Tais casos podem ocorrer em indivíduos do mesmo grupo, por exemplo, alunos de uma mesma escola ou torcedores de um mesmo time, devido à ligação psicológica entre os componentes desses grupos.

Segundo analistas, o Contágio Psíquico também tem seu lado positivo para a sobrevivência de diversas espécies, inclusive a humana. Estudos indicam que graças ao Contágio Psíquico é que surgiu a questão de um grupo sentir fome e sono em um mesmo horário ou de outras pessoas vomitarem quando um indivíduo do mesmo grupo vomita.

Conforme explicações da neurociência, mesmo o pensamento mais racional tem raízes nas emoções. A ligação psíquica profunda e extrema entre seres humanos é explicada, por exemplo, por Jung, no que ele chamou de “Inconsciente Coletivo”. Já Gilbert Durand chamou de “Imaginário” e Edgar Morin de “Noosfera”. É por meio desta ligação psíquica profunda que tais conteúdos com potentes cargas emocionais vem à tona e dominam os indivíduos, podendo levar a desmaios, danças, terem falta de ar etc. No caso das crianças, que estão se desenvolvendo psiquicamente, elas são mais sensíveis à influência psíquica da família, do grupo em que estão inseridas e dos acontecimentos que ocorrem na nação. Segundo o psicoterapeuta Leonardo Torres: “No livro "Contágio Psíquico: a loucura das massas e suas reverberações na mídia”, da editora Eleva Cultural, demonstro que o caso de Recife não é único, ocorreu e ainda ocorre diversas vezes em escolas pelo mundo. Existem epidemias de ansiedade e pânico, como a que aconteceu recentemente, mas também de diversas outras emoções”.

Em muitas partes do mundo há os principais elementos formadores do Contágio Psíquico: grupos sob estresse psicológico e físico, geralmente com fome, cansado ou ambos. Mas há uma espécie de gatilho que inicia pessoas ao seu limite e que faz com que ocorram os sintomas em massa. Há momentos de incertezas e as mentes humanas querem explicações e sem explicações há um descontrole emocional e o aumento do medo. Para especialistas em psicossomática, há explicações fisiológicas adicionais para alguns dos sintomas de surtos de histeria em massa. Pessoas muito agitadas e assustadas podem hiperventilar ou começar a respirar muito rapidamente, o que as faz exalar uma quantidade considerável de dióxido de carbono, baixando os níveis deste elemento no corpo e havendo espasmos nos músculos das extremidades, o que pode explicar a dormência, formigamento e contração muscular sentidos por algumas vítimas. Pessoas com alto nível de ansiedade podem interpretar mal as sensações físicas normais. Um simples problema no estômago pode ser sentido como intoxicação alimentar e o nível de medo pode aumentar e a pessoa cair no chão se antes tiver visto outras pessoas ao redor caírem no chão como se estivessem se sentindo intoxicadas. Aquela pessoa foi absorvida pelos sintomas do grupo. Pode ser relevante também a hierarquia social do grupo na disseminação dos sintomas.

Segundo Yuri Vasconcelos(Publicado em 11 de agosto de 2010) a respeito de “Histeria Coletiva”, relatando sobre como Freud tratava a questão:

“O exemplo que utiliza do terceiro tipo de identificação é o das ‘moças do internato’. A situação é de uma moça que recebe uma carta de alguém por quem está apaixonada, que lhe causa ciúmes e ela tem uma ‘crise de histeria’. A crise da moça apaixonada desperta como reação o fato de que suas amigas que sabem da situação ‘compartilham da crise’, num mecanismo que Freud subscreve como ‘infecção mental’ ou “identificação baseada na possibilidade ou desejo de colocar-se na mesma situação” (p.117). Freud assinala que esse efeito não se dá por simpatia, mas por uma ‘identificação ao desejo’ das outras moças que também desejariam ter um romance e, por isso, compartilham o sofrimento envolvido na situação. Disso, ele argumenta que o que acontece em uma cena como a descrita acima pode ser compreendido como ‘identificação por meio do sintoma’, na qual há uma ‘analogia significante’ entre o eu da moça da carta e o das outras, isto é: há um sinal de um ponto de coincidência entre os eus. Desse ‘ataque histérico’ em série, pode-se então supor uma histeria que é coletiva, ou seja: uma histeria que se compartilha e, daí, sugerir de onde é que se extraiu o termo ‘histeria coletiva’ – que nada tem que haver como uma predeterminação de tipo clínico histérico. Ou seja: isso não tem qualquer relação com o tipo clínico dos membros de um grupo, diz muito mais do modo como se delineia o contágio em grupo.

O exemplo das ‘moças do internato’ é o que Freud utiliza para falar que é possível que se dê um tipo de identificação através de algo em comum compartilhado e que não tem o sexual como mediador ou causa; e, como destacou, quanto mais comum, mais bem-sucedida é a identificação. Para Freud, este é o tipo de identificação presente nos membros de um grupo e isso também pode ser remetido ao laço que o grupo estabelece com o líder. Característica, aliás, que permite Freud elaborar que os sujeitos não possuem um ‘instinto gregário’, mas que são animais de horda, na medida em que os grupos capazes de subsistir estão sempre remetidos a uma liderança.

Já começamos a adivinhar que o laço mútuo existente entre os membros de um grupo é da natureza de uma identificação desse tipo, baseada numa importante qualidade emocional comum, e podemos suspeitar que essa qualidade comum reside na natureza do laço com o líder. Outra suspeita pode dizer-nos que estamos longe de haver exaurido o problema da identificação e que nos defrontamos com o processo que a psicologia chama de ‘empatia’ [Einfühlung] o qual desempenha o maior papel em nosso entendimento do que é inerentemente estranho ao nosso ego nas outras pessoas. Aqui, porém, teremos de nos limitar aos efeitos emocionais imediatos da identificação, e deixaremos de lado sua significação em nossa vida intelectual. (Freud, 1921/2006, p.117-118)” . E também diz Yuri:

“Não é possível localizar as razões de cada um que desencadeiam esse tipo de reação em série e isso que se diz ‘comum’ fica aprisionado à imagem de ataque histérico, mesmo que não se trate de um. Se voltarmos ao próprio texto de Freud, em uma de suas passagens, ele pressupõe que o sujeito no coletivo ‘abre mão’ daquilo que lhe é individual para agregar-se ao grupo, esfacelando assim o que lhe é particular. Pois, em grupo, o sujeito está exposto a uma condição que afrouxaria as repressões inconscientes (Freud, 1921/2006, p. 85). O afrouxamento das repressões inconscientes seria uma característica constitutiva da sociedade humana, na qual “pouca originalidade e coragem pessoal podem encontrar-se nela, de quanto cada indivíduo é governado por estas atitudes da mente grupal que se apresentam sob formas tais como características raciais, preconceitos de classe, opinião pública etc.” (Freud, 1921/2006, p.127).”

Finalizando, ressalto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez uma estimativa de que 18,6 milhões de brasileiros são afetados pela ansiedade e que houve uma agravamento dos transtornos ligados à ansiedade por causa da pandemia de Covid-19.

 

Márcio José Matos Rodrigues-Psicólogo e Professor de História.

 

 

Figura:

https://www.google.com/search?sxsrf=ALiCzsb3NHZ8wHwCp1DffVKB-g2r7y2Y0w:1652840939079&source=univ&tbm=isch&q=imagens+do+caso+de+histeria+coletiva+em+recife&fir=