quarta-feira, 23 de março de 2022

poemas de março

 





Seus olhos

Nos olhos seus,

Vi o céu

E sonhos meus;

Vi um oceano,

Onde Poseidon é o deus,

É o soberano.

Ah! Estes seus olhos,

Nos meus sonhos,

Estes olhos que eu amo.

Olhos de mel,

Olhos ciganos.

Márcio José Matos Rodrigues-23/03/2022

 

Vamos nos amar

Vamos nos amar,

Antes do inverno;

Porque se o inverno começar,

Tudo pode se acabar.

Vamos nos amar,

Enquanto ainda há,

Esperança.

Vamos nos amar,

Desejando que as crianças,

Ainda possam sonhar,

Com um mundo melhor.

Vamos nos amar,

Porque o amor,

É a semente da primeira flor,

A desabrochar na nossa primavera.

Vamos nos amar,

Antes que a guerra,

Acabe com o último de nossos sonhos de paz.

Vamos nos amar agora,

Porque não sabemos se temos anos,

Meses,

Ou somente uma hora.

Vamos nos amar,

Antes que tudo vá se embora,

Pelos ares.

Vamos nos amar antes que venha Ares,

O belicoso.

Porque se me amares,

E eu te amar

Será muito gostoso

E nossos beijos irão germinar,

Antes de qualquer inverno rigoroso.

Márcio José Matos Rodrigues-23/03/2022

 

Manhã de meu ser

Manhã de meu ser,

É você!

Manhã de sol a brilhar,

Que há de me iluminar.

Se você partir,

Não vá!

Fique!

Não peço que seja brega

Ou chique;

Não tenho flor

Para regar,

Só estes versos para lhe dar.

Se gostar,

Mande mensagem

Ou me ligue.

Se tiver coragem

Lute,

Mas não brigue!

Márcio José Matos Rodrigues-23/03/2022

 

Cheiro de café e sabor de pão de queijo

Moça que me lê

E tem na pele

O cheiro do café

E os beijos

Com sabor de pão de queijo.

Tenho fé

No amor.

Por isso vejo

Um jardim de flores

Sob teus pés.

Cores e sabores

E um igarapé

Estão em meus desejos!

Márcio José Matos Rodrigues-23/03/2022

 

Por que?

Porque escolhi teus olhos

Para amar?

Porque neles vi meus sonhos,

Porque neles vi o luar

E o mar

Das minhas praias.

Por mais que eu caia,

Que me levante;

Ainda que te escreva

E não adiante.

Márcio José MatosRodrigues-23/03/2022

 

Mulher linda de olhos tranquilos

Escrevo para ti

Minha linda

Que tens olhos tranquilos

E lábios doces como sapoti.

Quando te escrevo

Sinto que perco quilos

De preocupação.

Olha lá no céu!

O que é aquilo?

Um foguete nuclear?

Um avião?

Ou é um esquilo?

Calma,

Olha o coração.

Eu sou o ser

Que te deseja

Com gosto

E começa já te dando um beijo

No rosto.

Márcio José Matos Rodrigues-23/03/2022


Azedinho

 Lá vou eu,

Todo arrumadinho.

Já se foram anos meu Deus

Desde Brumadinho.

E os amigos meus

Perguntam:

“Onde tu vais,

Todo engomadinho?

Tomas cerveja,

Ou vinho?”

Ah! Se ela me beija,

Se ela beija a mim,

Vou me embriagar tanto

E me perder naquele olhar tão lindo

Que vou  dizer que o pudim,

Não é doce,

É azedinho.


Márcio José Matos Rodrigues-23/03/2022



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segunda-feira, 21 de março de 2022

Dia Mundial da Poesia e poesias de poetas paraenses

 









Considerando-se esta data, estou destacando poetas paraenses, colocando aqui uma poesia de cada autor (a).

 

ANTÔNIO MOURA

 

 

Tanto quanto

*

Um tanto de mentira, um quanto de verdade, assim

vai se erguendo o mito, teia entretecida com os fios

da vida e da irrealidade, boca a boca, ouvido a ouvido
e algumas manchas de escrito, assim vai-se fazendo
do finito, infinito  —  uma palavra e um caminho que
sem se salvar do tempo consegue escapar do olvido, vida
e arte entrelaçadas em grandes travessias de oceanos,
pequenos barcos por furos dentro das matas, algumas
visões extraordinárias, muito de banal e cotidiano, e
no meio da vegetação emaranhada, no centro da clareira
borbulha o caldeirão da feiticeira, o aroma do amor, suas
especiarias misturadas ao odor azedo da dor  —  gordura fria
e fundidos no ar o olor das flores e o odor das fezes,
nuvens saindo dos olhos dos demônios e dos deuses
para chover e forjar o humano jardim que floresce
e apodrece, floresce, apodrece, floresce, apodrece,
floresta queimando num tempo tenebroso em que os uivos
dos famintos e refugiados ecoam pelos cômodos das casas
e em contraponto reverberam sobre o silencio que cobre
os corpos mortos dos nossos vizinhos índios, pretos, pobres,
almas vagando pelos cômodos cômodos de nossas casas,
ecos incômodos pelos cômodos cômodos de nossas casas.
A página escurece, o estrondo de um meteoro soa na sala
e entre os astros e o desastre ergue-se o rumor do mito,
a doce mentira, o sal da verdade, a vida, a arte  —  o grito

 

 

  

AIRTON SOUZA

 

na rua dois meninos
com línguas de atravessar dilúvios
sulcam alguma calamidade do chão
[ como quem limpam ossos
sem pensar nas dores dos donos ]
na tentativa de desanoitecer a infância

mesmo que esses dois meninos
conduzissem um índico inteiro nos olhos
ainda seriam pequenos para compreenderem
os órfãos que sonham todas as noites
com um inventário dos pais
& os epílogos de chãos sem túmulos

só os órfãos sabem
que não basta internalizar razões ou rostos
lavrar a carne depois da igreja vazia
é preciso redesenhar as tragédias
do mar sem porto ou margens. 

 

 

 

PAULO NUNES

 

Do Pão

“...Minas é uma fotografia na parede, mas como dói...”
(Carlos Drummond de Andrade)
“Belém é um pequiá suculento...” (Dalcídio Jurandir)

Para Maria de Belém Menezes e Maria do Céu De Campos Jordy

És casa, sim e me desvelas
à beira do teu abismo.
És casa, fui e voltei,
Sinal afoito de um reparo no assoalho
(tábua amarela e preta):
fruto da mangueira e o paneiro para pegá-la.

Obturas, casa, sem eira nem beira,
os ontens meus,
Arsenal, sinais da vacaria,
Hospital onde nasci,
o Recreio da Armada
sob auspícios do Paco,
Hoje, fincamos nossa nau no bar do Bacu
para beijar o luar.

Casa combalida, tresoitada,
Malacabada fome, mofina de arquiteturas
banguelas.
Se me convertes no teu rio
eu te assovio, barro sobre sabre,
bairro do Umarizal dos pretos e
nem mais aquela flâmula encarnada
na esquina.
Não à vela de Nossa Senhora das Candeias
na janela da casa de palha
Não ao batuque de Ogum-Jorge, mestre de meu pai,
Lança e poder de me nominar.

Cidade, és o banho de cheiro
de minha avó vinda de longe, o Marajó.
És a “tienda” da outra, a das castanholas.
Cidade: pés, sovela e a agulha
de meu avô, o sapateiro.
Ainda guardas os envelopes de papel de cheiro
do Pará da tia que cruzava tuas esquinas?
A máquina Singer da mãe ainda tramela
seus moldes e bainhas numa rua tua, fantasma.

Casa, se não tens mais castanheiras
em teus brincos já não circundo o igarapé
que fora teu, esconderijo das armas, das Almas,
hoje podre aroma de ricos, salvos pela frescor da Phebo.

Cidade,
casa de meu cômodo,
arraial de meus incômodos, Belém, o osso buco de roer.

 

MAYARA LA-ROCQUE

 

Lâmina

Dizem que tudo começa na infância
O raio
O espectro
A ave
O cedro

A órbita do tempo
se revira nas minhocas
soterradas no estrume

Canta um galo
ao longe
E no ouvido
freme um zumbido
de aurora

Enquanto homens e mulheres
acimentam o chão,
eu lavro uma terra
esquecida

Não sigo os lampejos
as latarias
o trânsito
e os sinais
do mês de dezembro

O sino que toca é outro
Poucos podem ouvir
Porque está além
do cimo das igrejas

ele toca nas quinas
na curva metálica
da janela
sobreaquecendo
ao sol

onde seca o orvalho
nasce sempre
outro tempo

A cada manhã
tem uma lâmina
afiada
Queimando
Evaporando
A água
A sede
– sempre a última gota –
Que tu trazes na memória. 

 

 

 

GABRIELA SOBRAL

CORTINA

Os historiadores não saem na linha de pagamento
Precisa-se de arqueólogos
Função: esqueletar a besta
Ela é grande e sorri
Taxionomia: de bem
Os cadernos passam rápidos sobre ela
destroem sua materialidade
a carbonizam
O objetivo?
fumaça
Somos testemunhas de seus restos
eles falarão sobre nós
E a vida continua. 

 

VASCO CAVALCANTE

Leve-me então
ao improvável

à palavra muda

o estampido tácito,
o ar ausente, leve-me

aos espasmos da noite
aos anseios do sêmen

aos delírios

leve-me ao vazio,

mas

— deixe-me!

uma fresta, um lampejo de luz
algumas letras soltas

um verbo apenas,

então...

— gênese

 

 

Rui Barata

Helena


Da tristeza e da alegria
Somente Helena sabia,
Sabia porque sabia
do bordel à Eucaristia.
Sabia porque sabia
que a noite clareia o dia.
De tantas e tontas coisas
Sabia Helena sabia.
Regando seus muitos sonhos
penteando a maresia
lavando léguas de lodo
no limbo da poesia.
E assim costurava o caos
com a linha da fantasia
a nossa helena dos bares
aquela que mais sabia
que sabendo se lembrava
e lembrando se esquecia

 

PAULO PLÍNIO ABREU (1921-1959)

Elegia


Por que de estranhas terras eu te acompanho lua solitária
E durmo ouvindo os teus passos de anjo pela noite
Quando os velhos desejos desaparecidos voltam à flor das ondas
E a noite do exílio levanta as suas árvores de sonho,
De um tempo imemorial eu acompanho as tuas viagens,
Tu que vestes os mortos com o que cai do coração dos vivos
Eu te acompanho pelo céu escuro
Sentindo como tua a vertigem da morte que anuncias.
Tu que de um tempo longo ergues teus olhos sobre o tempo
E apenas náufragos aportam a esse país estranho em que tu vives
Ouço tua voz cair no mar da madrugada
Para que o céu se deite sobre ti como um sepulcro
E as estrelas brilhem nesta noite como incêndio

 

MAX MARTINS

 

VER-O-PESO


A canoa traz o homem
a canoa traz o peixe
a canoa tem um nome
no mercado deixa o peixe
no mercado encontra a fome
a balança pesa o peixe
a balança pesa o homem
a balança pesa a fome
a balança vende o homem
vende o peixe
vende a fome

vende e come

 

a fome
vem de longe
nas canoas
ver o peso
come o peixe
o peixe come
- o homem?


 

 

o homem não come
come o homem
compra o peixe
compra a fome
vende o nome
vende o peso
- peso de ferro
- homem de barro

 

pese o peixe
pese o homem
é a fome
vem do barro
vem da febre
(a febre vê o homem)

 

veja a lama
veja o barro
veja a pança
o homem
come a lama
lambe o barro

 

ver o verde
ver o verme
o verme é verde
está na lama
está na alma
é só escama
a pele do homem
está com fome
vê o peixe
vê o prato
não tem peixe
tem fome
a fome pesa
o peso da fome
peça por peça
pese o peixe
deixe o peixe
veja o peso
peixe é vida
peso é morte
homem é fome
peso da morte
peixe de morte
a sorte do peixe
é o peso
azar do homem
pese o peixe
pese o homem
o peixe é preso
o homem está preso
presa da fome

 

ver o peixe
ver o homem
vera morte
vero peso.

 

 

JOÃO DE JESUS PAES LOUREIRO

Cantigas de amor de amor e de paz.  Belém, PA: Editora Equipe, Gráfica Globo, 1966.  Livro inconsútil, folhas soltas. 

        
         (fragmento)

         ferem-se invernos
         ferem- verões
         ferem-se infernos
         ferem-se varões

                   pilotagens de sonho
                   a estibordo

                   eu te instituo
                     amor
                  o meu preposto
                   neste processo
                      amor
                   o meu repasto
                   neste réu pasto
                      amor
                   este meu fausto
                   de muito demais amar
                   megaloamando

 

Bruno de Menezes

Filmando

Ó figurinha de cinema!
Passaste,
em ondas de "organdy",
esvoaçante e serpentina.
Os braços nus, em gestos de haste,
a boca rubra e tão pequena
que nunca vi
mais pequenina.

Meu jarro ideal de Becerril...

E o teu olhar...
Ó minha "girl", loura e risonha!
Queres um rei? Sou Boabdil!...
Dou-te um riquíssimo alcaçar,
dou-te a Avenida do Bolonha!

 

Antonio Tavernard.

 

GERMINAL

Tardes cheias de sol...
Fêmeas cheias de cio...

Escachoo de sangues e de seivas
Fecundações de ventres e de leivas...

Estio!... Estio!...

Tardes cheias de sol...
Fêmeas cheias de cio...

Puberdade do tempo, a primavera
deixa a terra mulher...

Primavera da vida, a puberdade
deixa a mulher em flor...

Por fim, chega o verão...
Dá-se a posse infinita...
O mundo lembra um leito que se agita...
No sussurro do vento há soluços de amor...

Vem a espiga depois, e vem o filho...
Folhas sem cor...
Olhos sem brilho...

A vertigem passou, com as esperanças,
de si deixando, pelas manhãs claras:
como searas soltas, as crianças,
como crianças presas, as searas...

 ______________________________

Márcio José Matos Rodrigues

 

 

 Figura: https://www.google.com/search?q=imagem+do+dia+mundial+da+poesia&sxsrf=APq-WBs6RM-PiS2aVvCiXgBT0s37O_uxpQ:1647917773243&tbm=isch&source=


 


sexta-feira, 18 de março de 2022

A canção Everybody Hurts do R.E.M

 





Este meu artigo é sobre a canção "Everybody Hurts". Ela foi composta pela banda R.E.M. O objetivo do grupo ao fazer a canção foi para servir como uma forma de ajudar a impedir que adolescentes cometessem suicídio.  A letra é direta, utilizando também arranjos de cordas dramáticos e uma bela melodia com o intuito de sensibilizar. Quando foi lançada em 1992, a canção não ficou nas paradas de sucessos. Foi somente em 2010 na campanha pelo Haiti que ela alcançou sucesso nos Estados Unidos e na Europa.

Artistas como Paul Anka, Feeder, The Corrs, Bonnie Tyler, Joe Cocker, Paul Potts, Patti Smith, DJ Sammy, Dashboard Confessional, Marilion e Meat Puppets regravaram a canção.Como foi dito anteriormente, ela foiusada em ações humanitárias como Helping Haiti, quando se procurou arrecadar dinheiro para ajudar vítimas do terremoto que atingiu o Haiti em 2010. A música foi então gravada em conjunto (nos formatos download digital e single) por artistas como Mika, Rod Stewart, Mariah Carey, Michael Bublé, MileyCyrus, James Blunt, Jon Bom Jovi, James Morrison, Susan Boyle e Robbie Willians. A iniciativa fez sucesso e a música alcançou na época o topo das paradas no Reino Unido.

Segundo uma pesquisa da organização britânica de recolhimento de royalties PRS for Music, a música “Everybody Hurts” é a canção que mais faz os homens chorarem. O presidente da organização realizadora da pesquisa, Ellis Rich disse: “As pessoas choram quando ouvem músicas com as quais se relacionam e sentem empatia. A conexão com a letra pode fazer até o mais forte dos homens chorar”.

O grupo que criou a canção “Everybody Hurts”, o R.E. M, era formado por Michael Stipe (vocalista), Mike Mills (baixista), Peter Buck (guitarrista) e Bill Berry (baterista),tornou-se desde os anos de 1990 mais presentes mundialmente. Era uma banda de rock alternativo que surgiu nos anos 80, fazendo sucesso. Ficou marcada por letras fortes e marcantes. O nome R.E.M é em relação a “Rapid Eye Movement” (movimento rápido dos olhos). O primeiro álbum da banda, Murmur, foi lançado em 1983, com bastante sucesso, tornando o grupo bem conhecido em diversos países. Depois vieram os álbuns Reckoning e Fables of the Reconstrution. O quarto disco, Lifes Rich Pageant, foi o mais bem sucedido de todos até então, com grandes sucessos como Fallon Me. Com o álbum lançado a seguir o grupo ganhou um disco de platina, em especial por causa da música The One I Love. Foi lançado o sexto álbum e a banda consegue então um contrato com a Warner, passando o grupo a ser considerado um dos melhores dos Estados Unidos naquela época.  Depois foi lançado o álbum Out of Time, com os grandes sucessos Losing my Religion e Shine Happy People, com a banda ganhando três Grammy Awards e seis MTV Vídeo Music Awards.

O maior sucesso do R.E. M vem com o oitavo álbum, Automatic for the People, em 1992, no qual consta Everybody Hurts e Man on the Moon. Os últimos álbuns foram Accelerate (2008) e Collapse Into Now (2010). O fim do conjunto foi em 2011, quando foi lançada a seguinte nota: “Aos nossos fãs e amigos: como R.E.M, e como grandes amigos e colaboradores, decidimos nos separar como banda. Nós nos despedimos com um grande sentimento de gratidão, completude e orgulho de tudo que conquistamos. A qualquer pessoa que se sentiu tocada pelas nossas músicas, nossos maiores agradecimentos por ouvir”.

Voltando à canção "Everybody Hurts”, ela se destacou no oitavo álbum. O compositor principal creditado da música é o baterista Bill Berry. Mas os demais componentes da banda tiveram participação na composição e na produção, da qual também participou o produtor ScootLitt.

Segundo o guitarrista Peter Buck em uma entrevista: “A música ‘Everybody Hurts’ é semelhante a canção ‘Man on The Moon’. Bill a trouxe e era uma música country de 01 minuto. Não tinha refrão e nem ponte. Só tinha o verso que meio que girava e girava, e ele só ficava dedilhando a guitarra”.

Peter relatou como foi feito o primeiro rascunho da canção e como ela foi complementada: “Passamos por cerca de 04 ideias diferentes de como abordá-la e eventualmente chegamos a esta versão. Não tenho certeza se Michael Stipe teria escolhido esta versão, mas para muitos dos nossos fãs eles adoraram. Levamos uma eternidade para descobrir o arranjo e como cada um iria tocar os seus instrumentos".

Nessa época o vocalista Michael Stipe tinha pouca presença nos ensaios e os outros integrantes do grupo faziam reuniões tocavam e debatiam a respeito de ideias musicais. Peter Buck disse:“Nós escreveríamos uma música na quinta-feira, gravaríamos naquela mesma noite e nunca mais a tocaríamos”, explicou Buck. “Então, quando gravamos esse álbum, tínhamos uma lista com cerca de 25 músicas”.

O baixista do Led Zeppelin, John Paul Jones, foi quem fez os arranjos de “Everybody Hurts”. Ele disse em uma entrevista:“O produtor Scott Litt tinha ouvido alguns arranjos de cordas antigos que fiz para o HERMAN'S HERMITS na década de 60 e eles entraram em contato comigo”. Buck comentou sobre o que Jones fez: “Ele conhece o caminho de trás pra frente em quase todos os instrumentos. Ele é um ótimo arranjador e uma pessoa super doce”

A ideia inicial foi de ser uma música para adolescentes com transtorno, mas pessoas diversas, adolescentes ou não, relataram para Michael Stipe que a música contribuiu para salvar suas vidas. Houve uma ideia de Stipe de poder fazer dueto com Patti Smith para cantar a canção, porém só anos depois eles fizeram isso em uma apresentação especial. Embora músicas que Stipe cantasse tivessem, conforme ele comentou, “um tom um tanto indecifrável”, como um desafio e proporcionar opções de interpretações pessoais sobre as canções, no caso de "Everybody Hurts” ele quis uma mensagem bem clara: “Não me lembro de ter cantado no estúdio”(...)...“e ainda meio que não consigo acreditar que é a minha voz nesta gravação. É muito pura e essa música instantaneamente pertenceu a todos que a ouviram e isso honestamente significa o mundo para mim”.

A canção foi bem sucedida em transmitir uma mensagem positiva para o público e foi o maior sucesso dentre todas do álbum para surpresa da banda e da gravadora que não esperavam tanto.  O disco se tornou muito valorizado entre as obras do R.E.M. Segundo comentários de críticos, o álbum mostra as formas de visão de uma sociedade, o que não espanta se for se considerar que é uma banda das mais democráticas que já existiu. Embora fosse a marca de uma época, ainda parece muito vivo hoje em dia. O álbum ficou muito conhecido em muitas partes do mundo, em especial por causa do videoclipe de"Everybody Hurts". O disco foi lançado em 1992 no tempo do auge da MTV e a televisão estava em alta. No clipe, dirigido por Jake Scott, a banda está em um carro preso em um congestionamento de trânsito. O vídeo ganhou o prêmio da MTV Music Awards de Melhor Fotografia, Melhor Direção, Melhor Edição e Vídeo.

Organizações de vários países, que procuram ajudar pessoas suicidas, aproveitaram para usar a canção em uma mensagem de esperança. Foi considerada uma tentativa autêntica do R.E. M de fazer uma conexão com o mundo.

Segundo Leonardo Caprara, em fevereiro de 2013 (Clipes, Música Internacional e Rock):“Uma das músicas mais tristes da história e um dos maiores sucessos do R.E.M a música Everybody Hurts é quase como um hino para os fãs da famosa banda de rock alternativo dos anos 80, foi lançada no álbum Automatic for the People, de 1992, após o grande sucesso do álbum Out of Time.

A música foi escrita pelo baterista Bill Berry. Berry foi responsável apenas pelas batidas de tambor da música, sendo assim a banda usou uma caixa de ritmos para as demais batidas da música. Os arranjos de cordas ficaram por conta de John Paul Jones, baixista da banda Led Zeppelin.

O vídeo-clipe da música, dirigido por Jake Scott, mostra a banda presa em um engarrafamento. No clipe também aparecem pessoas em outros carros e subtítulos de seus pensamentos aparecem na tela. No final do clipe todas as pessoas deixam seus carros e caminham em uma só direção só, depois desaparecem.

A música é considerada uma das mais tristes da história e está entre as 10 mais da banda, assim como Losing My Religion. Enquanto a banda excursionava pelo mundo ela foi presença constante no set list e sempre em suas execuções era um momento de paz e reflexão (...)."

 

__________________________________________

Everybody Hurts

When your day is long

And the night the night is yours alone

When you’re sure you’ve had enough of this life

Hang on

Don’t let yourself go

‘Cause everybody cries

And everybody hurts, sometimes

Sometimes everything is wrong

Now it’s time to sing along

When your day is night alone (Hold on, hold on)

If you feel like letting go (Hold on)

If you think you’ve had too much of this life

To hang on

‘Cause everybody hurts

Take comfort in your friends

Everybody hurts

Don’t throw your hand, oh no

Don’t throw your hand

If you feel like you’re alone

No, no, no, you’re not alone

If you’re on your own in this life

The days and nights are long

When you think you’ve had too much of this life

To hang on

Well, everybody hurts

Sometimes, everybody cries

And everybody hurts, sometimes

But everybody hurts, sometimes

So hold on

Hold on

Everybody hurts

You’re not alone

 

Tradução em português:

Todo Mundo Se Machuca

Quando seu dia é longo

E a noite – a noite é solitária,

Quando você tem certeza de que já teve o bastante desta vida,

Continue em frente

Não desista de si mesmo,

Pois todo mundo chora

E todo mundo se machuca, às vezes…

Às vezes tudo está errado,

Agora é hora de cantar sozinho.

Quando seu dia é uma noite solitária (aguente firme, aguente firme)

Se você tiver vontade de desistir (aguente firme)

Se você achar que teve demais desta vida,

Para prosseguir…

Pois todo mundo se machuca,

Consiga conforto em seus amigos.

Todo mundo se machuca…

Não se resigne, oh, não!

Não se resigne

Quando você sentir como se estivesse sozinho.

Não, não, não, você não está sozinho…

Se você está sozinho nessa vida,

Os dias e noites são longos,

Quando você sente que teve demais dessa vida para

seguir em frente

Bem, todo mundo se machuca

Às vezes, todo mundo chora

E todo mundo se machuca, às vezes

Mas todo mundo se machuca, às vezes

Então aguente firme

aguente firme, aguente firme…

Todo mundo se machuca

Você não está sozinho

(Crédito da tradução: Letras.mus.br)

Para assistir:

 

R.E.M – Everybody Hurts (Live at Glastonbury) HQ

https://www.youtube.com/watch?v=NLlOeGeVih4

 

R.E.M. - Everybody Hurts (Official Music Video)


https://www.youtube.com/watch?v=5rOiW_xY-kc

Everybody Hurts para o Haiti - Legendado Destaque Tibagi

 https://www.youtube.com/watch?v=OOU6-HPvk8Y

_______________________________________

Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

 

 

Figura:

https://www.google.com/search?sxsrf=APq-WBvFANQ71Ue5gUAaILGRroq5Bflf-g:1647639053701&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+rem+cantando+everybody+hurts&