quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Artigo em homenagem à independência do Brasil: Dom Pedro I









Dia 07 de setembro se comemora a Independência do Brasil. Então, resolvi escrever sobre um personagem histórico muito ligado a esse momento histórico: Dom Pedro I.


A figura de Dom Pedro tem muita importância para a ruptura com a metrópole, mas claro que dentro de um contexto específico que começou com a vinda da família real para o Brasil anos antes e com a situação do Brasil na época da proclamação da independência, com uma abertura comercial conseguida com a abertura dos portos em 1808 e com as tentativas de retirar essa abertura por parte das cortes portuguesas, o que sem dúvida desagradou grupos influentes de brasileiros relacionados ao comércio e  à grande propriedade. 


Bem, mas falando em especial de Dom Pedro, ele nasceu em Queluz, Portugal,  em 12 de outubro de 1798. Ficou conhecido na história  como "o Libertador" e "o Rei Soldado". Era membro da Casa de Bragança, quarto filho de Dom João VI (entre filhos e filhas), que foi rei de Portugal após a morte de sua mãe, porém era príncipe regente na ocasião do nascimento de Pedro. Sua mãe era Carlota Joaquina, princesa da Espanha e que se tornou rainha de Portugal. 


Seu nome completo era Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.


Chegou ao Brasil ainda criança, com seus pais e seus irmãos, porque a corte portuguesa estava fugindo de Portugal, invadido por tropas francesas do Império Napoleônico em fins de 1807. 


Segundo o autor Laurentino Gomes em sua obra 1822: "Raros personagens passaram para a posteridade de forma tão controversa. Ao longo de dois séculos, sua imagem vem sendo moldada, polida ou desfigurada de acordo com as conveniências políticas de cada momento." 


E ainda o mesmo autor: "Dom Pedro nasceu em 12 de outubro de 1798 no palácio de Queluz, 15 quilômetros de Lisboa, no mesmo quarto em que haveria de morrer apenas 35 anos mais tarde. Situado no segundo andar do edifício, com janelas que se abrem para os jardins inspirados no palácio de Versalhes na França, o quarto chama-se Dom Quixote. As paredes  e o teto são decorados com cenas das façanhas do personagem criado pelo espanhol Miguel de Cervantes. Um dos mais notáveis herois românticos de todos os tempos, D. Quixote de La Mancha enfrentava moinhos de vento, que confundia com gigantes imaginários, e amava de forma incondicional Dulcineia, mulher de reputação duvidosa, como se fosse uma donzela virgem e indefesa. Não poderia haver ambientação mais adequada para o começo e fim da existência desse rei que lutou contra tudo e contra todos, fez a independência de um país, reconquistou outro nos campos de batalha, esforçou-se para modernizar as leis e as sociedades que governou, amou muitas mulheres, dedicou-se à política com paixão, foi bom soldado e chefe carismático, viveu à frente de seu tempo e morreu cedo".


Quando da ocasião da independência, em 1822, Dom Pedro tinha 23 anos. E estava em Portugal dez anos depois vitorioso na luta contra seu irmão Dom Miguel, que tinha usurpado o trono português e se tornado rei absolutista. 


Dom Pedro abdicou da coroa brasileira em 1831 e da portuguesa em 1826. Recusou a coroa da Espanha lhe oferecida três vezes por liberais espanhois e recusou também a coroa da Grécia em 1822, que estava em luta contra os turcos por sua independência. 


Teve educação formal. Seus estudos englobavam uma grande gama de assuntos que incluíam Matemática, Economia Política, Lógica, História e Geografia. Pedro aprendeu a ler e escrever em Português, além de Latim e Francês. Também conseguia traduzir textos do Inglês e entender Alemão mas também dedicou-se às artes manuais, com marcenaria e escultura. Também tinha talento para a música, sabendo tocar  flauta, violino, clarim, violão, fagode e o cravo. Também compunha músicas. Com o violão acompanhava canções e danças populares no Rio de Janeiro como o fado luso-cigano, a modinha luso-brasileira e o lundu angolano. 


Junto com o irmão era chegado a exercícios físicos como a equitação. Gostava de caçar. Era epilético. Segundo a opinião do autor Paulo Rezzutti, em sua obra D. Pedro, a história não contada: "A epilepsia poderia ter sido a responsável direta pela agitação que sempre caracterizou D. Pedro, bem como por sua impulsividade e, até mesmo, sua hipersexualidade. Também seria possível creditar à doença a "questionada sanidade mental" do príncipe, que, como explicam os médicos, o conduziria a "paixão, excesso, fantasia, sonho e transgressões de um senhor às normas estabelecidas".


Oliveira Lima em sua obra Dom Pedro e Dom Miguel, A Querela da Sucessão, cita um relato de Sir Charles Stuart, um alto funcionário inglês que teve contato com Dom Pedro: " Ninguém o contradiz e sucede-lhe assim tomar resoluções precipitadas em crises de paixão. Considera seus ministros uns egoístas e uns incapazes e imagina-se, como ele mesmo o declarou, o membro do governo mais à altura de sua tarefa...". E ainda: "tem uma percepção rápida e uma ação pronta; demais com os estrangeiros modera muito sua linguagem e as suas maneiras, sabendo escutar as verdades que os seus inúmeros bajuladores lhe escondem sem se preocuparem com o risco de arrastá-lo a excessos (...)". 


Pedro casou-se com a arquiduquesa Leopoldina da Áustria, filha do imperador Francisco I da Áustria e a princesa Maria Teresa da Sicília. Casaram-se por procuração no dia 13 de maio de 1817, com ela assumindo o nome de Maria Leopoldina.


Com a volta de Dom João VI a Portugal devido a pressões após a Revolução Liberal do Porto em 1820, Pedro ficou no Brasil como regente. Teve de enfrentar ameaças de forças militares portuguesas que queriam leva-lo para Portugal. Diante das pressões portuguesas para que voltasse e assim o Brasil voltar a ser um mera colônia, Pedro foi aconselhado por Leopoldina e José Bonifácio por meio de cartas a separar o Brasil de Portugal, o que foi feito em 7 de setembro de 1822. Foram derrotadas tropas portuguesas principalmente na Bahia e eliminadas resistências em algumas províncias onde havia ainda grupos fieis à coroa portuguesa. 


Em 1823 dissolveu a constituinte por não concordar com a limitação de seus poderes como imperador. E em 1824 mandou tropas brasileiras para esmagar e reprimir os revoltosos da Confederação do Equador no Nordeste. 


Em 1825 a Província Cisplatina quis separar-se e contou com a ajuda argentina que tinha interesses em anexar o território, começando uma guerra que durou até 1828, resultando na formação da República do Uruguai, tendo muitos brasileiros perdido a vida nos combates e o Brasil tendo se endividado ainda mais, o que piorou as condições de vida dos brasileiros, prejudicando mais a imagem de Pedro, que já estava desgastada, inclusive pelo seu comportamento extra conjugal com a marquesa de Santos. Também atrapalhou o seu governo a preocupação com Portugal, onde seu irmão tinha assumido o trono e afastado a filha de Pedro, escolhida por ele para ser a rainha de Portugal quando chegasse à maioridade. Os fatos como o assassinato do jornalista Libero Badaró e a "Noite das Garrafadas" aumentaram o desgaste político do imperador, que renunciou em 7 de abril de 1831. 


Tendo morrido Leopoldina, Pedro  casou-se pela segunda vez com Amélia de Leuchtenberg, filha Eugênio de Beauharnais, Duque de Leuchtenberg, e da princesa Augusta da Baviera. Em julho de 1832, chegou a Portugal com um exército, defendendo o liberalismo contra o absolutismo de seu irmão Miguel. Sendo vitorioso, Pedro adoeceu e em 24 de setembro de 1834 morreu de tuberculose, poucos meses após ter vencido as tropas de seu irmão. 

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Figura: Google.

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