Mestre Damasceno
Em 26 de agosto de 2025 faleceu Damasceno Gregório dos Santos, cantor, compositor, diretor artístico, repentista,poeta, artesão, pescador, animador de velório e mestre de Carimbó e de Boi-Bumbá. Seus gêneros de músicas eram carimbo, toada, xote, samba, brega. Ele era Comendador da Ordem do Mérito Cultural (OMC), título dado a ele em cerimônia na cidade do Rio de Janeiro, em 2025, que contou com a presença do Presidente da República e da Ministra da Cultura.Foi membro Fundador da Academia Marajoara de Letras. Era chamado popularmente de “Mestre Damasceno”. Tinha mais de 400 composições de sua autoria e sua obra foi declarada em 2023 patrimônio cultural imaterial do Estado do Pará.
Damasceno nasceu em Salvaterra, Ilha do
Marajó, Pará, Brasil, em 22 de julho de 1954.Ele criou o Búfalo-Bumbá de
Salvaterra, que é derivado do auto do boi, cuja figura central é o búfalo
marajoara. Viveu por anos na comunidade quilombola de Salvá, em
Salvaterra. Nessa comunidade, seu pai, Theodomiro
Pereira dos Santos, e seu avô, Antônio Paulo Pereira, eram colocadores (organizadores)
de boi-bumbá. Depois dos 13 anos, Damasceno mudou-se para a sede do município e
depois de alguns anos foi para Belém. Sofreu um grave acidente de trabalho aos
18 anos, quando trabalhava na construção civil e veio a perder sua visão. Voltou
para Salvaterra e passou por um processo de reabilitação, No mesmo ano que
voltou recebeu o título de colocador de boi-bumbá na ocasião de uma competíção
de Bois que acontecia em Soure, Marajó.
Graças ao sindicato de trabalhadores
rurais de Salvaterra conseguiu uma aposentadoria por invalidez. Passou a
desempenhar atividades diversas, em especial como cantor e compositor, conforme
a tradição cultural de sua família. Ele tornou-se um compositor e
cantador de toada de boi, de carimbó, lundu marajoara, Xote, vaquejada, chula,
samba, valsa e brega.
Foi em 1989 que começou a ser
realizada a ideia do Búfalo-Bumbá, com o Boi Bela Prenda.
Mestre Damasceno participou em 1999 do CD “Salvaterra Canta Carimbó”, com 4
faixas. Nesse CD também participaram o Mestre Robledo (Salvaterra), Mestre
Ronaldo Silva (Belém) e Pinduca (Belém). Em 2012 o nome de Búfalo-Bumbá surgiu.
Na ocasião estava sendo rodado o documentário Mestre Damasceno-O
Resplendor da resistência Marajoara, de Guto Nunes. No Búfalo-Bumbá,
uma manifestação de teatro piopular, o Mestre escrevia os enredos e os
diálogos, bem como participava da criação dos figurinos.
Mestre Damasceno
recebeu prêmios da Secretaria da Identidade e Diversidade Cultural, do
Minsitério da Cultura, em em 2009 e 2017. Também recebeu o Prêmio Mestre da
Cultura Popular do Estado do Pará – SEIVA, da Fundação Cultura do Pará –
Tancredo Neves, em 2015. e foi reconhecido como Mestre do Carimbó em
2017 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Um dos grandes
momentos de Mestre Damasceno foi em fevereiro de 2023, quando ele desfilou na
Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, pela escola de samba Paraíso do Tuiuti,
cujo samba-enredo era O Mogangueiro da Cara Preta, que
celebrava a chegada dos búfalos à Ilha do Marajó. Mestre Damaseceno era
destaque em um dos carros alegóricos. No mesmo ano,Mestre Damasceno recebeu a
Medalha de Mérito Cultural e Patrimônio de Belém (Medalha Mestre Verequete) e o
Título Honorífico de Cidadão de Belém,
Mestre Damasceno,
em 13 de junho de 2024, completou 51 anos atuando na cultura do Marajó e foi
realizada então uma grande festa no seu tradicional Búfalo-Bumbá Junino. No
evento estavam centenas de pessoas em um grande arraial, com a participação da
comunidade, de alunos das escolas municipais, de idosos, adolescentes, jovens,
e com alunos e professores da Associação de Deficientes, Pais e Amigos de
Salvaterra – ADPAS. Desde o dia 1973 ele realizava seu Folguedo Junino no dia
13 de junho.
Devido a um câncer
Mestre Damasceno morreu em Belém, aos 71 anos, na madrugada do dia 26 de agosto
de 2025
Discografia
- Salvaterra Canta Carimbó (1999) - participação, com 4 canções
- Poesia e Reflexões (2013)
- Terruá Pará (2013) - participação, com 2 canções
- Canta o Encanto do Marajó (2020)
- Encontro D’água (2022) - com participação especial de Dona Onete
- Búfalo-Bumbá (2023)]
- Chegou Meu Boi (2023
Videoclipes
- Feira do Veropa (Direção
e Produção)
- Beleza Rara (Direção e
Produção)
Sugestão de vídeos
https://www.youtube.com/shorts/xsmZEzbBGoY
https://www.youtube.com/shorts/o_LNKNIPH7Q
https://www.youtube.com/shorts/6r
Luís
Fernando Verissimo
Foi
um escritor, humorista, tradutor, roteirista, dramaturgo, romancista
brasileiro, publicitário , revisor de jornal e músico. Ele faleceu em 30 de
agosto de 2025 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, sendo considerado um dos
mais populares escritores brasileiros contemporâneos, com mais de 80 obras
publicadas.
Luís
Fernando nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 26 de setembro de 1936,
mas viveu anos de sua infância e adolescência com sua família nos Estados
Unidos, porque o seu pai, Érico Veríssimo, era escritor e professor da
Universidade da Califórnia, em Berkeley e também diretor cultural da União
Pan-americana na capital Washington. Dessa forma, Luís Fernando
estudou em São Francisco e Los Angeles e concluiu o ensino secundário na Roosevelt
High School, de Washington.
Quando
tinha 14 anos, Luís, sua irmã Clarissa e um primo fizeram um jornal periódico
com notícias da família e que se chamava O Patentino . Como o
jornal era pendurado em um banheiro da casa, recebeu esse nome, pois “patente”
é um nome dado para a privada no Rio Grande do Sul.
Em
Washington, Verissimo, que era apaixonado por jazz, começou a estudar saxofone
e em Nova Iorque assistiu grandes artistas tocarem como Charlie Parker e Dizzy
Gillespie.
Em
1956 Luís Fernando retornou à Porto Alegre e foi trabalhar no departamento de
arte da Editora Globo.Foi integrante, partir de 1960,do grupo musical Renato
e seu Sexteto, que fazia apresentações na cidade e que era chamado de
"o maior sexteto do mundo", pois tinha 9 membros. Em 1962, até 1966,
ele viveu na cidade do Rio de Janeiro. Nessa cidade ele trabalhou como tradutor
e redator publicitário. Foi nessa época que ele conheceu e casou em 1963 com
Lúcia Helena Massa, com quem viveu até a sua morte em 2025 e mãe de seus três
filhos.
Luis Fernando
começou a trabalhar em 1967 em Porto Alegre no jornal Zero Hora.
Primeiro foi revisor de textos. Quando em 1969 o colunista Sérgio Jockymann
tirou férias, Veríssimo ficou no lugar dele. Foi a oportunidade de Luís de
mostrar sua capacidade de escritor. Passou então a assinar sua própria coluna
díaria. Começou escrevendo sobre futebol. Também em 1969 tornpu-se redator da
agência de publicidade MPM Propaganda. Passou para o jornal Folha da
manhã em 1970.Nesse jornal ele teve uma coluna diária até 1975, na
qual escravia sobre esporte, cinema, literatura, música, gastronomia, política
e comportamento. Usava de ironia e mostrava ideias próprias. Também escrevia
pequenos contos de humor. Junto com amigos da imprensa e da publicidade ele
criou em 1971 um semanário chamado O Pato Macho, no qual
haviacartuns, crônicas e entrevistas e que circulou por esse ano na cidade.
O primeiro livro
de Luis Fernando foi O Popular, que consistia em uma coletânea de
textos já publicados em jornais. O destacado crítico Wilson Martins elogiou o
livro. Ele retornou ao jornal Zero
Hora em 1975 e no mesmo ano foi o início de suas publicações no Jornal
do Brasil. Ele passou a ser conhecido nacionalmente. Ainda em 1975 foi
publicado seu segundo livro de crônicas: A Grande Mulher Nua e
começou seus desenhos da série “As Cobras”, havendo uma primeira publicação de
cartuns de Veríssimo. Em seu quinto livro de crônicas, Ed Mort e Outras
Histórias, em 1979, o personagem principal é um
detetive particular carioca, de língua afiada, coração mole e sem
dinheiro.
Luís esteve morando em Nova Iorque entre 1980 e 1981. Entre 1980 e 1981, Verissimo viveu com a família por 5 meses em Nova Iorque, o que mais tarde levaria ao livro Traçando Nova Iorque, primeiro de uma série de 6 livros de viagem escritos em parceria com o ilustrador Joaquim da Fonseca .Foi criador de O Analista de Bagé, com lançamento em 1981, na Feira do Livro de Porto Alegre. Esse personagem mistura a sofisticação da psicanálise com a forma rígida caricatural do gaúcho. O analista é um psicanalista freudiano ortodoxo com sotaque, termos de linguagem e costumes que são usados na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina. As situações engraçadas envolvendo esse personagem são mostradas em dois livros de contos, um de quadrinhos e uma antologia.
Luis Fernando começou a publicar a partir de 1982 na revista Vejauma página semanal de humor que ficou até 1989..Outro personagem que Luís em 1983 criou foi a Velhinha de Taubaté. Segundo Veríssimo, era "a única pessoa que ainda acreditava no governo" e que deu a seu gato o nome do porta-voz do presidente Figueiredo, ultimo governante do período militarar
Nos
anos 90 do século passado Verissimo consolidou-se como um fenômeno de
popularidade. Ele tinha colunas semanais em diversos jornais e lançando pelo
menos um livro por ano, livros que ficavam nas listas dos mais vendidos
eescrever para programas de humor da Tv
Globo.
Em
1986, Luís Fernando morou seis meses em Roma, tendo feito cobertura da Copa do
Mundo para a revista Playboy. Escreveu em 1988 seu primeiro romance: O
Jardim do Diabo.
Criou
o grupo de personagens da Família Brasil, em
1989, para o jornal O Estado de São Paulo. Também nesse ano recebeu
o Prêmio Direitos Humanos da OAB e estreou no Rio de
Janeiro seu primeiro texto escrito especialmente para teatro, Brasileiras
e Brasileiros.
No
final da década de 80, foi um dos roteiristas do programa de humor "TV
Pirata".
Em
1990 Luís Fernando foi para Paris. Lá ficou dez meses com sua família e cobriu
a Copa da Itália para os jornais Zero Hora, Jornal do
Brasil e O Estado de S. Paulo. Também esteve na
Europa em 1994, 1998, 2002 e 2006 para fazer cobertura do futebol. Publicou em
1991 uma antologia de crônicas para crianças: O Santinho. E
publicou uma outra específica para adolescentes: Pai não Entende Nada.
Lançou
com sucesso a antologia de contos de humor Comédias da Vida Privada em
1994. Essa obra veio a tornar-se um especial da TV Globo (1994) e depois uma
série de 21 programas (A Comédia da Vida Privada, com 21 programas) com
roteiros de Jorge Furtado e direção de Guel Arraes. Em 1996 Luis Fernando
publicou Novas Comédias da Vida Privada (1996) e em 1995 Comédias
da Vida Pública". uma série de crônicas políticas até então inéditas em
livro. Luís foi eleito por intelectuais brasileiros convidados pelo caderno
"Ideias" do Jornal do Brasil como o Homem de
Ideias do ano. Outras homenagens: em 1996, "Medalha
de Resistência Chico Mendes" da ONG Tortura Nunca Mais,
"Medalha do Mérito Pedro Ernesto" da Câmara de Vereadores do Rio
de Janeiro e "Prêmio Formador de Opinião" da Associação Brasileira de
Empresas de Relações Públicas; culminando, em 1997, com o "Prêmio
Juca Pato", da União
Brasileira de Escritores como
o Intelectual do ano. Em 1999, recebeu ainda o Prêmio
Multicultural Estadão.
Veríssimo
voltou ao mundo da música em 1995 cmomo saxofonista com o grupo Jazz 6, o
chamado "o menor sexteto do mundo", com somente 5 integrantes.
Começou
a ser colunista do jornal Extra Classe em 1996 no qual passou
a publicar crônicas em 1999 a editora Objetiva passou a
publicar toda a sua obra. Uma de suas antologias, "As Mentiras que os
Homens Contam" (2000), chegou a vender mais de 350 mil exemplares.
Diminuiu a quantidade de trabalho na imprensa a partir de 2003, com somente
duas colunas por semana.
Sendo
solicitado por editoras, deixou de ser escritor de textos curtos e produziu
novelas e romances: "Gula - O Clube dos Anjos" (1998) coleção
"Plenos Pecados" da Objetiva; "Borges e os Orangotangos
Eternos" (2000), para a coleção "Literatura ou Morte" da Cia das
Letras; "O Opositor" (2004) para a coleção "Cinco Dedos de
Prosa" da Objetiva; "A Décima Segunda Noite" (2006), para a coleção
"Devorando Shakespeare" da Objetiva; e ainda "Sport Club
Internacional, Autobiografia de uma Paixão" (2004), para a coleção
"Camisa 13" da Ediouro. Em 2003 a revista Veja o colocou em evidência
como "o escritor que mais vende livros no Brasil". A New York
Public Library escolheu a versão em inglês de "Clube dos Anjos”
como um dos 25 melhores livros do ano.
O
escritor foi premiado na França em 2004 com o Prix Deux Océans do
Festival de Culturas Latinas de Biarritz.Ganhou o Prêmio Jabuti-Livro do Ano
Ficção em 2013 com a coleção de crônicas Diálogos Impossíveis. A
escola de samba de Porto Alegre chamada de Imperadores do Samba o homenageou em
2014. Fez parte, em 2015, de uma faixa do último CD da dupla gaúcha
Kleiton e Kledir como compositor e saxofonista.
Após três
semanas na UTI do Luis Fernando Veríssimo faleceu com 88 anos ,
devido a uma pneumonia Ele enfrentava há anos uma série de
complicações de saúde que incluíam a doença de Parkinson,
sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofrido em 2021, além de
problemas cardíacos.
Frases de Luís
Fernando Veríssimo:
"Um desafio
porque o humor de televisão, ao contrário do que possa parecer, é mais difícil
de fazer que o humor impresso, o humor gráfico, vamos dizer assim .”
(...) Não tenho
uma vocação humorística, mas consigo eventualmente produzir humor. Mas é uma
coisa mais deliberada, mais pensada, do que espontânea, no meu caso".
"Minha
timidez é... Por exemplo: tenho horror de fazer isso que estou fazendo agora:
dar entrevista, falar em público e tal. Eu sempre digo que não dominei a arte
de falar e escrever ao mesmo tempo, são duas coisas que se excluem, então é
nesse sentido é que se manifesta a minha timidez".
"Essa
é uma das vantagens da crônica. A gente pode ser o que quiser escrevendo uma
crônica".
"Têm
sido tão agradáveis as homenagens, inclusive da família, que eu tô pensando em
fazer 80 anos mais vezes".
“Não sou eu que falo pouco, os outros é que falam muito”.
“Algumas crônicas a gente lê
depois e se admira com o que fez, mas não acho que o que eu faço tenha muito
valor literário, ou importância.”
“Encaro escrever como um ofício, um que
deu certo para mim, mas não seria minha escolha natural se outras coisas não
tivessem dado errado.”
“Escrever não me dá prazer, gosto mesmo
é de soprar saxofone.”
“ Todo mundo é honrado até prova em
contrário, e no Brasil nunca aparece a prova em contrário.”
“Não sei para onde caminha a
Humanidade. Mas, quando souber, vou para o outro lado.”
“Na política tudo é negociável,
começando pelos princípios”.
“Se o mundo está correndo para o
abismo, chegue para o lado e deixe ele passar”.
“ A falsa ideia, entre meus
amigos, de que eu falo pouco se deve ao fato de que entre eles eu não tenho
oportunidade. Eu não sou quieto, sou é muito interrompido.”
“ Temos que confiar no amanhã. A
não ser que descubram alguma coisa contra ele durante a noite.”
‘Minha relação com a morte é
esquecer que ela existe. E espero que ela faça o mesmo comigo’.
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Márcio José Matos Rodrigues
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