domingo, 26 de novembro de 2017

Atentado no Sinai






No dia 24 de novembro deste ano houve mais um trágico e terrível atentado terrorista na África. Cerca de 300 pessoas morreram e aproximadamente 100 ficaram feridas em um ataque contra uma mesquita sufista no oeste da cidade de Al Arish, na península do Sinai no nordeste do Egito. 


Grupos jihadistas, inclusive do EI, consideram essas pessoas hereges. O chefe da polícia religiosa do EI disse em dezembro passado que os sufistas que não se "arrependessem" seriam mortos. O EI compartilha a visão puritana do salafismo, que considera os sufistas apóstatas. O grupo também tem cristãos como alvos.


Foram colocados pelos terroristas explosivos ao redor da mesquita de Al Rauda, no distrito de Bear  al Abd, nas proximidades de Al Arish, capital do norte do Sinai. Os explosivos foram acionados na saída dos fieis da oração da sexta-feira. Os extremistas ainda atiraram em quem conseguiu escapar da mesquita.  E as primeiras ambulâncias que chegavam para socorrer os feridos também eram alvejadas. Eles ainda teriam incendiado veículos estacionados nos arredores para bloquear o acesso ao templo.


No norte do Sinai, onde há um estado de emergência desde 2014, opera uma unidade armada do Estado Islâmico, o grupo Wilayat Sina, que tem assumido responsabilidade pela maior parte dos atentados ocorridos no país nos últimos anos. 


Também  os cristãos coptas tem sido vítimas de atentados.O país se encontra em estado de emergência desde abril deste ano por conta dos atentados contra duas igrejas coptas no Delta do Nilo.


O Egito luta contra uma insurgência islâmica nesta região, um conflito que se intensificou desde 2013. 


Militantes terroristas operam no norte do Sinai há vários anos e têm atacado componentes das forças de segurança do país, com centenas de policiais, e soldados  mortos nos últimos anos. Em setembro, ao menos 18 policiais foram mortos em um ataque a um comboio nesta região promovido por este grupo. Provavelmente seu objetivo seja assumir o controle desta parte do Egito para transformá-la em uma província sob o controle do EI.


 As forças militares do país lutam para sufocar a insurgência dos jihadistas, que juraram lealdade ao EI em novembro de 2014. O Egito também enfrenta ameaças de grupos afiliados à Al Qaeda, que operam na vizinha Líbia.


As ações contra os sufistas acontecem por causa de sua visão do mundo diferenciada dentro do Islamismo pois tem como seus objetivos um encontro entre seus semelhantes, o amor, a tolerância e o respeito, de modo à restauração completa do ser humano em sua totalidade. Historicamente, certas lideranças sufis tem sido críticas em relação a alguns líderes muçulmanos de tendências mais extremistas, como os muhadins, salafistas e algumas lideranças de dentro do grupo egípcio Irmandade Muçulmana. As críticas em geral se direcionam à ostentação pela qual tais líderes comumente se apresentam frente à sua comunidade, além do tratamento demasiadamente rígido com relação à seus seguidores dentro das mesquitas.


Há regiões da Ásia e da África onde muitos grupos sufis ainda são perseguidos, submetidos à inúmeros tipos de violência e martirizados em público, principalmente devido aos sufis serem céticos à questão da obrigatoriedade externa e ao seguimento à um determinado líder. O sufismo surge como uma alternativa conciliatória e pacifista, mas em países como a Arábia Saudita,  não são geralmente aceitos porque lá e em outros países sunitas daquela região  a corrente do Wahhabismo é  muito conservadora, de tendência ortodoxa e tem tido influência em movimentos extremistas. 


Quanto aos  cristãos coptas, são outro grupo perseguido no Egito, com ataques frequentes de determinados movimentos islâmicos extremistas como o Estado Islâmico. Em 9 de abril, Domingo de Ramos, o Estado Islâmico perpetrou dois atentados contra os cristãos no Egito, provocando a morte de aproximadamente 44 pessoas. Os coptas são cerca de 9% da população egípcia. 
  
Um dos grupos religiosos que se opõe aos sufistas e e coptas é o constituído pelos salafistas. Há diversas correntes no Salafismo. Há vários grupos pacifistas, porém há posições mais radicais que apoiam  organizações militantes como a Al-Qaeda e ISIS (Estado Islâmico). Uma minoria salafista defende a Jihad militar como uma obrigação. 


Os grupos religiosos como os sufistas e coptas tem de ser respeitados e as violências que tem sido feitas contra eles por fanáticos é algo altamente condenável. Pessoas inocentes tem sido mortas, torturadas ou perseguidas  por motivos religiosos em diversos lugares do mundo. Infelizmente, em pleno século XXI práticas antigas de intolerância e perseguição por causas religiosas ainda são bem presentes no mundo atual. 


Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Figura: Google

 

 





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