sábado, 11 de novembro de 2017

Quarto artigo sobre líderes republicanos do final do século XIX: Quintino Bocaiúva










O quarto artigo sobre os líderes republicanos do fim do século XIX é sobre Quintino Bocaiúva. Já falei sobre dois líderes radicais, um positivista e agora um liberal. Ou seja, representantes das 3 correntes entre os republicanos que participaram do movimento que levou à Proclamação da República.


Quintino Antônio Ferreira de Sousa Bocaiuva, jornalista, poeta e uma liderança política entre os republicanos,  um dos mais importantes propagandistas da República no país, nasceu em Itaguaí, Rio de Janeiro, em 4 de dezembro de 1836. Foi ministro das Relações Exteriores de 1889 a 1891 e presidente do estado do Rio de janeiro, de 1900 a 1903. Seu pai era oriundo da freguesia do Santíssimo Sacramento de Salvador na Bahia, enquanto que sua mãe era argentina.


 Ficou órfão muito cedo e com  14 anos foi para São Paulo, onde continuou seus estudos e conseguiu se sustentar trabalhando como tipógrafo e revisor na redação do jornal Acaiaba. Ao lado de Ferreira Viana, também redigia para o jornal A Hora. Nessa época começou a adquirir as ideias republicanas e nacionalistas que o fizeram adotar o nome “Bocaiúva” – nome indígena de uma palmeira brasileira. Não conseguiu continuar o curso de Direito por não ter os  recursos necessários. Tornou-se um jornalista polêmico e de discurso agressivo. 


Quando voltou para a cidade do Rio de Janeiro trabalhou no jornal Diário do Rio de Janeiro em 1854  e depois no Correio Mercantil de 1860 a 1864. Foi  o redator do Manifesto Republicano, que foi publicado  em 3 de dezembro de 1870, na primeira edição do A República, no qual escreveu até  1874, quando então fundou o jornal O Globo (1874-1883). Também atuou em O Cruzeiro. Em 1884 fundou o jornal O Paiz. Era maçom, contrário ao positivismo. 


Trabalhou como agente da imigração em Nova Iorque de 1866 a 1867. O seu objetivo era atrair mão de obra de agricultores do sul dos Estados Unidos descontentes com a derrota na Guerra de Secessão. Junto com dissidentes do partido Liberal fundou o Clube Republicano da Cidade do Rio de Janeiro, em 1870. No Manifesto Republicano declarou-se defensor do federalismo no Brasil. O Manifesto apresentava características democráticas-liberais, com inspirações nas repúblicas dos Estados Unidos e da França. 


Defendia o advento gradual da República, com uma campanha doutrinária pela imprensa.Teve uma  posição crítica diante das crises políticas, em especial  na chamada Questão Militar, contra as punições disciplinares.  Fez a ligação política entre republicanos civis e militares.

Participou da reunião de líderes republicanos militares e civis, em 11 de novembro, na casa do marechal Deodoro, na qual esse militar manifestou sua adesão ao movimento para acabar com a Monarquia. Na manhã do dia 15 de novembro foi o único civil a cavalgar ao lado do então tenente-coronel Benjamim Constant e do Marechal Deodoro da Fonseca com as tropas que estavam indo para o quartel-general do Exército.


Como ministro das Relações Exteriores no Governo Provisório de Deodoro, negociou e assinou o Tratado de Montevideu em 25 de janeiro de 1890, sobre a Questão de Palmas entre o Brasil e a Argentina, mas o Congresso Nacional do Brasil não concordou com a concessão territorial para a Argentina que estava no Tratado, o que causou a saída de Bocaiúva do ministério e voltou a ser  senador pelo Rio de Janeiro na Assembleia Constituinte. E ao ser votada a Constituição de 1891 deixou o cargo e retornou ao jornalismo. Foi chamado de "príncipe dos jornalistas brasileiros".


Foi eleito senador novamente em 1899 e depois escolhido para o governo do Rio de Janeiro, governando de 1900-1903 e ainda foi candidato à presidência do Brasil em 1902. De volta ao senado, apoiou a candidatura do Marechal Hermes da Fonseca à  presidência da República (1910).


Quintino Bocaiuva   veio a falecer no Rio de Janeiro no dia 11 de junho de 1912.  Quando faleceu era presidente do Partido Republicano Conservador.


                    Jornal "A República" onde foi publicado o manifesto republicano de 1870


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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 Figuras: Google

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