sábado, 7 de setembro de 2019

Artigo sobre Cipriano Barata, um lutador nos movimentos pela independência do Brasil





O segundo artigo que escrevi sobre personagens históricos ligados ao movimento de independência do Brasil é sobre Cipriano Barata.

 

Cipriano José Barata de Almeida foi um participante da política brasileira nos séculos XVIII e XIX. Nasceu em Salvador, Bahia, em 26 de setembro de 1762. Foi influenciado pelas ideias iluministas quando esteve estudando em Portugal. Nasceu em uma família de posses e formou-se na Universidade de Coimbra em Cirurgia, Filosofia e Matemática.

 

Quando esteve trabalhando na lavoura na Vila de Abrantes (atual Camaçari), teve contato com o trabalho escravo. Entrou para a Maçonaria, na "Loja Cavaleiros da Luz", que foi fundada em Salvador em 1797. Em 1798 esteve participando da Conjuração Baiana e quando esse movimento foi derrotado, ele foi preso. É provável que tenha sido redator do Manifesto ao Povo Bahiense, chamando a população para participar da conjuração. Participou da Revolução Pernambucana de 1817.

 

 

Exerceu uma forma de nativismo exaltado quando foi deputado pela Bahia nas Cortes de Lisboa em 1821, o que desagradou deputados portugueses. Há historiadores que dizem que, para mostrar sua oposição ao colonialismo das metrópoles europeias,  ele andava por Lisboa, que estava sujeita a influências inglesas e francesas, com roupas de algodão feitas no Brasil, com sapatos de bezerro sem tinta, chapéu de palha e um bengalão rústico. Ele e outros deputados brasileiros como Feijó e Antônio Carlos de Andrada perceberam nas Cortes uma vontade por parte de deputados portugueses de restabelecer laços coloniais. Voltou para o Brasil com a posição crítica de que era preciso separar o Brasil de Portugal.

 

Tendo estado no Rio de Janeiro, não pôde ir a Salvador, que estava dominada pelo general português Madeira de Melo e ficou no Recife e colaborou nessa cidade com o jornal Gazeta de Pernambuco, denunciando intenções absolutistas de Dom Pedro e as tentativas portuguesas de recolonização do Brasil. Fundou na mesma cidade o jornal Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco em 1823. Era um defensor da independência do Brasil, de mais autonomia às províncias e contra a escravatura. O jornal saía às quartas-feiras, tinha uma linguagem forte e crítica, denunciando o que o jornalista considerava falhas do poder.

 

Cipriano foi um dos primeiros a defender a liberdade de imprensa no Brasil, tendo escrito em 1823: "Toda e qualquer sociedade onde houver imprensa livre está em liberdade; que esse povo vive feliz e deve ter alegria, segurança e fortuna; se, pelo fato contrário, aquela sociedade ou povo que tiver imprensa cortada pela censura prévia, presa e sem liberdade, seja debaixo de que pretexto for, é povo escravo que pouco a pouco há de ser desgraçado até se reduzir ao mais brutal cativeiro".

                                                                                                                

 

Apesar de ter sido eleito deputado pela Bahia para a Assembleia Nacional Constituinte, não quis participar dessa, enxergando a possibilidade de repressão por parte do império aos constituintes. De fato, pouco depois dele ter dito isso, tropas a mando do imperador fecharam e dissolveram a Assembleia.

 

Ainda estando em Pernambuco, por suas críticas ao império Cipriano foi preso, como foi também o redator do Escudo da Liberdade do Brasil, João Mendes Viana. Estando preso, não pôde participar da revolta chamada Confederação do Equador, em 1824, envolvendo Pernambuco e outras províncias nordestinas.

 

Da prisão,  editava o seu jornal, dessa vez chamado de Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco Atacada e Presa na Fortaleza do Brun por Ordem da Força Armada e Reunida. Devido a esses atos, ele foi transferido para a Fortaleza de Santa Cruz da Barra, no Rio de Janeiro. Ainda assim, continuava com publicações jornalísticas, sendo mandado para outras fortalezas e a cada mudança mudava o título da publicação.

 

Cipriano Barata só foi libertado em 1830, publicando dessa vez o jornal com o título A Sentinela da Liberdade na Guarita do Quartel General do Pirajá. Foi preso ainda mais vezes devido a suas críticas. Seu último jornal foi publicado em 1835, quando ele tinha 73 anos. Esse jornal teve a duração de 13 anos e em várias partes do país surgiram jornais com o nome de Sentinela da Liberdade, seguindo o exemplo dado por Cipriano. Ele defendia condições mais humanas aos presos políticos, inclusive tendo fundado comitês de solidariedade.

 

Foi morar em Natal, no Rio Grande do Norte, em 1836, abandonando o jornalismo, passando a lecionar a língua francesa. Faleceu em primeiro de julho de 1838, aos setenta e cinco anos de idade. 

 

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História



Figura: https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNTSz87xYk0ov-sIjl_
 


2 comentários:

  1. Seus artigos sobre a nossa Independência estão ótimos. Garanto que muitos estudantes hoje desconhecem estes personagens. Parabéns!

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