sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Homenagem ao ator Terence Stamp e ao cartunista Jaguar

 



Terence Stamp

Faleceu no dia 17 de agosto de 2025 o ator inglês Terence Stamp. Ficou conhecido por papeis de vilão, com prêmios nos festivais de Cannes e Berlim, assim como no Globo de Ouro, dois prêmios BAFTA e teve indicações ao Oscar. Namorou atrizes muito conhecidas como Julie Christie e Brigitte Bardot e a modelo Jean Shrimpton. Participou em mais de 60 filmes como ator.

Terence nasceu no dia 22 de julho de 1938, filho de um operador de rebocador, em Bow, Londres, Inglaterra. Era o mais velho de cinco filhos. Um de seus irmãos, Chris Stamp, é um empresário de música, especificamente de rock. Terence quando tinha 3 anos de idade foi levado ao cinema para ver um filme estreado por Gary Cooper e se impressionou com o desempenho do ator, que passou a ser ídolo do menino que passou a se interessar por cinema.

Quando jovem Terence Stamp trabalhou em várias agências de publicidade de Londres e na metade da década de 1950 ele conseguiu um emprego de assistente do golfista profissional Reg Knight em Londres. Ele tinha já nessa época a intenção de ser ator de cinema. Ele conseguiu uma bolsa para estudar teatro.

Em 1962 Stamp estreou em seu primeiro filme, TermofTrial. Nesse filme ele atuou com o famoso ator Laurence Olivier. No segundo filme que trabalhou, Billy Budd, ele foi um dos protagonistas, sendo dirigido por Peter Ustinov. Sua atuação foi elogiada e ele recebeu uma indicação ao Oscar, o que alavancou sua carreira como ator cinematográfico.

Stamp trabalhou com grandes diretores como William Wyler (no filme The Collector) e Joseph Losely (no filme ModestyBlaise). Com o produtor Joe Janni ele trabalhou, além do filme ModestyBlaise, de 1966, nos filmes Far From The MaddingCrowd (1967) e Poor Cow (1967).  Trabalhou também no filme Scraps theRabbit , em 1966. Não conseguiu o papel de James Bond para suceder Sean Connery.

Stamp viveu e trabalhou por um Período na ItáliaAtuou em um filme dirigido por Federico Fellini em um filme inspirado numa obra de Edgar Allan Poe.Foi colaborador dos cineastas Pier Paolo Pasolini no filme Teorema, de 1968 ecom Nelo Risi em Uma Stagioneall’ inferno, de 1971.  Foi para a Índia e ficou alguns anos por lá para estudo e meditação. Na segunda metade da década de 1970 atuou no filme Superman, de 1978, como o general Zod. Em 1980 voltou ao mesmo papel em Superman II. Em 1984 trabalhou no filme The Hit, de Stephen Fears, sendo sua atuação nesse filme considerada por críticos o melhor desempenho do ator. Teve participação nos filmes Wall Sttret e Young Guns.

Terence trabalhou em alguns filmes de baixo orçamento e pouco expressivos, como O Mistério da Ilha dos Monstros (Misterioenlaisla de losmonstruos, 1981) e Conspiração no Vaticano (Morte in Vaticano, 1982). Muitos destes trabalhos foram feitos pela televisão.

Teve papeis menores, mas que o destacaram em filmes como As aventuras dePriscilla, a Rainha do Deserto, de 1994. Trabalhou no filme The Limey, de 1999, em um papel de gangster vingativo e também nesse ano trabalhou no filme Star Wars Episode I: The PhantonMenace, no papel do Chanceler Supremo Finis Valorum. Na série Smallville a voz de Jor-El era dele. Trabalhou nos filmes ElektraMyBoss’sDaughterGetSmartYes manValkyrie e Os Agentes do DestinoO seu último papel como ator de cinema foi uma breve participação no filme de Edgar Wright, Last Night In Soho, de 2021.

Aos 87 anos, Terence Stamp falece. A causa da morte não foi revelada.

A família declarou em comunicado à agência de notícias Reuters:.

“Ele deixa uma obra extraordinária, tanto como ator quanto como escritor, que continuará a emocionar e inspirar pessoas por muitos anos. (...) Pedimos privacidade neste momento de tristeza”

Guy Pearce disse em homenagem a Stamp. "Adeus, querido Tel. Foste uma verdadeira inspiração, tanto dentro como fora dos saltos altos. Teremos sempre Kings Canyon, Kings road&F'ing ABBA. Desejo-te felicidades no teu caminho 'Ralph'! Xxxx"

Edgar Wright disse no Istagram que o ator era "gentil, engraçado e infinitamente fascinante." Disse também: "Quanto mais perto a câmara se movia, mais hipnótica a sua presença se tornava. Em grande plano, o seu olhar sem pestanejar fixava-se de forma tão poderosa que o efeito era extraordinário. Terence era uma verdadeira estrela de cinema: a câmara amava-o, e ele amava-a de volta".


 


Jaguar

 

Em 24 de agosto de 2025 faleceu o cartunista brasileiro conhecido como Jaguar. Ele foi um dos fundadores do jornal O Pasquim (no qual ficou 22 anos), famoso por seu humor crítico que enfrentava a ditadura militar. Ele estava internado em um hospital na cidade do Rio de Janeiro com infecção respiratória e não resistiu às complicações. Ele escreveu livros e colaborou com revistas e jornais. Entre seus livros estão "Átila, você é Bárbaro" em 1968, e "Ipanema, se não me falha a memória", em 2000. Jaguar se destacou não só pelas charges afiadas, mas também pelos personagens irreverentes que criou entre as décadas de 1960 e 1970.

Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, nasceu em 29 de fevereiro de 1932, na cidade do Rio de Janeiro. Ele passou sua infância e parte da adolescência dividido entre as cidades de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e Santos, em São Paulo.Sua carreira começou em 1952, aos vinte anos, desenhando para a revista Manchete. Foi o cartunista Bordalo que sugeriu a ele o apelido de Jaguar. Nessa época Jaguar trabalhava no Banco do Brasil (de onde só saiu na década de 70)  e seu chefe era o cronista Sérgio Porto. Na década de 1960 Jaguar se tornou um dos principais cartunistas da revista Senhor e colaborava para as revistas Civilização Brasileira, Revista da Semana, Pif-Paf, como também os jornais Última Hora e Tribuna da Imprensa. O seu livro “Átila, você é bárbaro” foi um sucesso. Nessa obra ele combatia de forma irônica o preconceito, a ignorância e a violência. O livro foi considerado pelo cronista Paulo Mendes Campos como m livro de poemas gráficos”. Ainda na mesme época Jaguar teve sucesso quando foi convidado pela cerveja Skol para uma campanha e ele desenvolveu a tirinha Chopnics, na qual havia figuras como o Capitão Ipanema.

Em 1969, Jaguar, Tarso de Castro e Sérgio Cabral fundaram o jornal O Pasquim. Foi um jornal marcante da imprensa alternativa que surgiu na época do regime militar, era irreverente e combativo e dele fizeram parte pessoas de destaque do jornalismo e das artes no Brasil como Millôr Fernandes, Ziraldo, Henfil, Paulo Francis e Sérgio Augusto. O nome do jornal foi dado por Jaguar e o símbolo era o ratinho Sig( por causa de Sigmund Freud). Só Jaguar entre todos do grupo original que permaneceu no jornal até a última edição em novembro de 1991. Em 1990 a turma do Pasquim recebeu uma homenagem da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz com o enredo “Os heróis da resistência”.

Jaguar deu uma entrevista para o GLOBO em 2014, dizendo que o "humor não serve mais para nada". Ele também fez uma homenagem à Tânia Scher, que morreu em 2008. Aos 84 anos, em fevereiro de 2017, Jaguar doou uma charge para o movimento “UERJ na luta” usar em camisas. A relação dele com a instituição vinha por causa de sua esposa, professora da universidade.

Jaguar lançou livros como "Átila, você é Bárbaro" em 1968, e "Ipanema, se não me falha a memória", em 2000. Para a TV Globo jaguar fez animações para as vinhetas do Plim Plim, que foram marcantes.Jaguar também criou Bóris, o Homem-Tronco, uma pessoa sem pernas que se locomovia em um carrinho quadrado.

No tempo da ditadura militar Jaguar foi preso porque publicou uma charge em que havia uma montagem do quadro “Independência ou Morte” . Ele colocou a frase "Eu quero é mocotó" em um balão de diálogo. Por causa disso ele ficou dois meses preso.

No início dos anos 2000 Jaguar foi indenizado devido à perseguição sofrida pela repressão política do regime militar.  Ele trabalhou como cartunista com outros grandes do jornalismo e das artes gráficas como Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil etc.

 Jaguar faleceu na cidade do Rio de Janeiro aos 93 anos.

Homenagens:

"Ele era o melhor cartunista brasileiro, meu amigo querido e é uma perda irreparável para o humor e para o Brasil (...)”. "Era o melhor dos amigos possíveis que se podia ter, e um profissional fantástico (...)”."Millôr Fernandes era grande, Ziraldo era grande, mas só ele era o Jaguar". Inigualável, inestimável, inimitável Jaguar (...).”   

.-Chico Caruso, cartunista.

"Jaguar foi mestre, professor, amigo, inspiração, gênio, um dos maiores chargistas que eu já vi no planeta como um todo. Incansável, trabalhou até o último minuto, sempre absolutamente crítico, sempre feroz, sempre amado por gerações e gerações seguidas de cartunistas". -Aroeira, cartunista.

 "Eu queria desenhar como ele, mas nunca consegui". - Miguel Paiva, cartunista.

"Uma pessoa muito espirituosa, com um trabalho imenso, muito inteligente. Uma perda irreparável para todos nós. O Cartum brasileiro, charge. Deixou livros memoráveis de charge e cartum, tipo "O Átila". Ele escreveu um livro muito interessante chamado "Confesso que Bebi", que é uma resenha de vários botecos do Rio de Janeiro. Uma contribuição muito grande de cultura brasileira. Era um cara de uma personalidade enorme e muito bonita”.- André Dahmer, cartunista.

 

 Obras publicadas

 

·         Átila, você é bárbaro

·         Nadieesperfecto

·         Confesso que bebi

·         Ipanema, se não me falha a memória

·         É Pau puro! - O Jaguar do Pasquim

 

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Márcio José Matos Rodrigues

 

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Datas especiais e campanhas do mês de agosto

 




No mês de agosto há no Brasil e no mundo datas comemorativas e campanhas. Destaquei algumas:

Dia Nacional do Estudante, Agosto Lilás, Dia Nacional do Ciclista, Dia Nacional do Pedestre, Dia Internacional contra Testes Nucleares e Dia Nacional dos Direitos Humanos

1-Dia do Estudante:

Em 11 de agosto de 1827 o imperador Dom Pedro I autorizou a criação da Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco, e a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo.de Direito de Olinda, em Pernambuco, e a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo.  Cem anos depois, em em 11 de agosto de 1927, cem anos após a criação das referidas faculdades, houve uma comemoração em homenagem a elas e o advogado Celso GandLey, que estava participando das comemorações, sugeriu aos demais participantes que, na mesma data, fosse instituído o Dia do Estudante. A sugestão foi aceita e o Dia do estudante passou a ser comemorado no Brasil no mesmo dia do Dia do Advogado.

O Dia do Estudante deve servir para uma reflexão do papel do estudante no Brasil, suas lutas históricas, seus deveres para com o país, suas conquistas, suas aspirações pessoais e profissionais e destacara Educação  no Brasil, pensando-se nos desafios que existem e na importância dos estudantes neste processo.

 

2-O Agosto Lilás:

No mês de agosto há no Brasil a campanha Agosto Lilás,. É uma campanha nacional neste mês visando à conscientização e combate à violência contra a mulher.A razão da campanha ser em agosto é por causa da sanção da Lei Maria da Penha (Lei Federal nº 11.340/ 2006), assinada no dia 7 de agosto, uma referência fundamental no enfrentamento da violência doméstica no Brasil. O objetivo da campanha é sensibilizar e informar a população sobre a identificação de situações de violência e os canais disponíveis para denúncias, promovendo uma rede de apoio e proteção para as vítimas. Há nesta campanha a realização de eventos e debates em todo o país, envolvendo agentes públicos e meios de comunicação para divulgar informações vitais sobre os tipos de violência — física, sexual, psicológica, moral e patrimonial. Além disso, enfatiza a importância de medidas de prevenção e suporte.

3- O Dia do Ciclista

O Dia do Ciclista é comemorado no dia 19 de agosto. Por que? Foi no dia 19 de agosto de 2006 que o biólogo Pedro Davison, então com 25 anos, foi atropelado enquanto pedalava no Eixo Sul, em Brasília. Ele não resistiu aos ferimentos e faleceu. Quem dirigia o carro que colidiu com a bicicleta dele era um homem que estava sob efeito de bebida alcoólica, com excesso de velocidade, carteira de motorista vencida e não prestou socorro. Primeiro a situação foi descrita como um “acidente”. Depois de uma investigação o fato foi considerado um crime. Foi o primeiro julgamento em Brasília como crime doloso de trânsito.

Depois de 11 anos o 19 de agosto tornou-se o Dia Nacional do Ciclista com oficialização por meio da Lei 13.508, em 22 de novembro de 2017.

O Dia do Ciclista não é só para comemoração. É também para uma reflexão sobre os comportamentos no trânsito e sobre a necessidade de ações por parte do Poder Público para proteção dos ciclistas, seja com fiscalização e punição aos infratores como também com infraestrutura necessária para a segurança como a implantação de ciclovias para os ciclistas que usam a bicicleta para se deslocar, como esporte ou como lazer. Também a data é um incentivo para uma maior utilização da bicicleta como um meio de transporte não poluente e que proporciona exercício físico benéfico para a saúde.


4-Dia Nacional do Pedestre

Dia Nacional do Pedestre é comemorado no dia 8 de agosto. O objetivo é a conscientização e a prevenção de atropelamentos. O pedestre é o participante do trânsito que fica mais exposto ao risco. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) : o respeito nas vias deve seguir a hierarquia dos mais frágeis, começando por quem está a pé, seguido por ciclistas, motociclistas, condutores de veículos de pequeno porte e assim por diante. Os atropelamentos são causados por fatores como excesso de velocidade, a embriaguez ao volante e o desrespeito às leis de trânsito. Também é necessário haver calçadas e sinalização em boas condições.

Dicas de segurança para pedestres: Evite distrações como celular e fones de ouvido ao atravessar. Use a faixa: sempre que possível; quando não houver, atravesse em linha reta e no menor percurso. Seja visto: faça contato visual com motoristas e use roupas claras à noite. Na calçada: caminhe sempre nela; se precisar usar a pista, mantenha-se na borda, em fila única e de frente para o tráfego.

Dicas de segurança para motoristas: Dê preferência: reduza a velocidade ao se aproximar de faixas e interseções. Respeite os limites: a velocidade nas vias urbanas é pensada para proteger o pedestre. Sem distrações: foco total na direção. Obedeça à sinalização: semáforos e placas são para todos, motoristas e pedestres.


5- Dia Internacional contra Testes Nucleares:

Em 06 de agosto de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, Hiroshima foi bombardeada com uma bomba atômica resultando em mais de cem mil pessoas mortas. Em 9 de agosto outra bomba atômica foi jogada sobre Nagasaki, também no Japão, com consequências terríveis como as mais de 80 mil mortes humanas.

O dia 29 de agosto, o Dia Internacional contra Testes Nucleares, é uma forma de lembrar e criticar uma arma que não deve ser mais usada como arma de guerra. Em setembro, no dia 26, há uma outra data em relação às armas nucleares: O Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares.

 

6- Dia Nacional dos Direitos Humanos:

 No dia 12 de agosto é comemorado no Brasil o Dia Nacional dos Direitos Humanos.  A data foi escolhida em homenagem à Margarida Maria Alves, que era uma defensora dos direitos humanos, ativista dos direitos dos trabalhadores rurais. Ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983, em Alagoa Grande, no Estado da Paraíba.

 A data é para se lembrar a luta de Margarida e sobre a importância de respeitar e proteger os direitos humanos de todos os cidadãos. Nesta data várias organizações, instituições educacionais e órgãos públicos desenvolvem atividades e campanhas de conscientização sobre a questão dos direitos humanos. Também nesta data há a Marcha das Margaridas, que reúne mulheres trabalhadoras rurais em Brasília sobre os direitos humanos, destacando a luta de Margarida Alves.

 

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História e Psicólogo

Poesia "O seu Oi"

 



Princesa,

Com certeza,

O seu “oi”,

Foi,

Um momento infinitamente pequeno,

Mas de uma grandeza fenomenal,

Porque foi o seu “oi”.

Quando o sol nos desperta ao amanhecer,

Ele também nos diz seu “oi”.

Quando a Lua cheia aparece em sua beleza sem igual,

Ela nos diz seu “oi”.

Quando a rosa,

Mostra-se simples e delicada,

Ela não está ali como uma senhora poderosa,

É uma dama gentil e bela.

Quando a luz do sol entrar pela minha janela,

Quando a Lua aparecer ,

Inspirando as mais lindas poesias,

Eu me lembrarei de você,

Do seu “Oi” iluminando a manhã,

Ou dando à noite um sabor aconchegante.

Aquele sabor de manteiga derretida molhando a língua,

Aquele cheiro cativante,

De rosas em um jardim.

Tanto assim,

Em apenas um “Oi”,

Que você disse para mim.

Márcio José Matos Rodrigues

 

 

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

O grande artista do Jazz Louis Armstrong

 




Em 4 de agosto de 1901 nasceu em Nova Orleans, Estados Unidos, o cantor e instrumentista Louis Daniel Armstrong, que tinha os apelidos de "Satchmo", "Satch" e "Pops”.  É considerado um dos grandes do jazz. Tocava muito bem saxofone, trompete e corneta.

Vindo de uma família com pouquíssimos recursos, morou em um bairro de Nova Orleans, conhecido como "as costas da cidade”, na sua juventude. Na sua infância seu pai William Armstrong deixou sua família e sua mãe família quando Louis ainda era criança e casou-se com outra mulher. A sua mãe, Mary Albert Armstrong entregou Louis para sua tia, o seu tio e a sua avó. Aos cinco anos ele voltou a viver com sua mãe. Entrou em contacto com com a música pela primeira vez quando esteve na Fisk School for Boys. Fez serviços como entrega-jornais e sapateiro ambulante para ajudar em sua casa, o dinheiro era pouco e sua mãe continuou suas atividades na prostituição. Ele gostava de entrar escondido em bares para ouvir os cantores.

Graças à ajuda de uma família imigrante russo-judaica, os Karnofskys, ele comprou um trompete. Até o fim de sua vida ele os considerou como membros da família, pois ajudaram sua mãe a cuidar dele enquanto criança. Ele usou uma Estrela de Davi pelo resto de sua vida.

Aos 11 anos de idade Louis Armstrong passou a tocar em um quarteto que tocava na rua . Ele aprendeu a tocar de ouvido no "Dago Tony's Tonk" em Nova Orleans com o tocador de corneta Bunk Johnson.Na banda da instituição "New Orleans Home for Colored Waifs” Armstrong desenvolveu fortemente o seu modo de tocar trompete. Ele foi mandado para lá por ter disparado uma pistola na rua durante uma celebração de Ano Novo. Nessa instituição o professor Peter Davis mostrou disciplina e incentivou a educação musical do adolescente, tendo colocado Louis como o líder da banda. Essa banda tocou por Nova Orleans e Louis com 13 anos passou a se destacar pelo jeito de tocar trompete. Saiu desse grupo musical aos 14 anos e foi morar com seu pai e sua madrasta. Depois foi morar com a mãe. Seu primeiro emprego noturno foi no Henry Ponce's. Lá Black Benny se tornou o seu protector e tutor. Louis trabalhava em uma fábrica de dia e tocava à noite. Com frequência tocava nas Brass Band Parades, aprendendo com músicos mais experientes como Bunk Johnson, Buddy Petit, Kid Ory e, acima de tudo, com Joe "King" Oliver, que virou seu mentor. Trabalhou tocando com Fate Marable em barcos do rio Mississipi.

Armstrong casou em 19 de março de 1918 com Daisy Parker. O casal adotou uma menina, filha de uma prima de Louis. A criança tinha batido a cabeça quando bebê e tinha transtorno mental e Louis cuidou dela por toda a sua vida. Ele e Daysi se divorciaram e ela morreu pouco tempo depois.

Quando tinha 20 anos Armstrong já tinha adquirido boas experiências e já lia partituras. Passou a tocar grandes e prolongados solos de trompete, sendo um dos primeiros jazzmen a fazer isso. Ele usava seu estilo e personalidade quando tocava.

Joe "King" Oliver convidou o jovem Armstrong em 1922 para se juntar à sua "Creole Jazz Band” em Chicago. Nessa cidade Louis viveu em seu apartamento. Ele foi desafiado por outros músicos que queriam seu lugar, mas eles não conseguiram vencê-lo nos desafios. Fez suas primeiras gravações nas gravadoras Gennett e Okeh.

Casou pela segunda vez. Sua segunda esposa foi a a pianista Lil Hardin. Ela convenceu Louis a a tocar música clássica nas igrejas para aperfeiçoar o seu estilo e a experimentar a tocar sem banda e em coral religioso. A banda de Oliver acabou em 1924 e Louis foi para Nova Iorque para tocar com a banda Américo-Africana de mais sucesso naquele período: a Fletcher Henderson Orchestra. Ali ele aprendeu como tocar em orquestra pela primeira vez. Nessa época Armstrong efetuou várias gravações, arranjadas por um seu velho amigo de Nova Orleans, o pianista Clarence Williams.

A esposa de Armstrong o incentivou a prosseguir com a sua carreira e ele então voltou para Chicago. Ele passou a fazer gravações com o seu próprio nome com os famosos Hot Five e Hot Seven, tendo grandes sucessos como Potato Head Blues, Muggles e West End Blues.

O novo grupo de Louis tinha incluía Kid Ory (trombone), Johnny Dodds (clarinete), Johnny St. Cyr (banjo),LilHardin e, normalmente, nenhum tamborista. Fez gravações com o pianista Earl "Fatha" Hine. Essas gravações e a introdução de Armstrong em West End Blues permanecem as mais famosas influências na história do Jazz.

No teatro de Vendome Armstrong também tocou com "ErskineTate's Little Symphony". Eles produziram música para filmes mudos e shows ao vivo, inclusiveversões de música clássica "jazzeadas", como Madame Butterfly,  proporcionando para Armstrong experiência com novos tipos de música e atuações perante uma grande audiência. O grupo se tornou a banda de Jazz mais famosa nos Estados Unidos. Armstrong separou-se de Lil e passou a tocar para Joe Glaser, que tinha ligações com Al Capone. Com Earl Hines no piano, Armstrong tocou na Carrol Dickerson Orchestra, depois tornando-se a Louis Armstrong's Stompers, liderada por Louis.

Em 1929 Armstrong voltou para Nova Iorque e tocou na na orquestra do musical Hot Chocolate, com uma especial participação na banda de Charles John Degoniah. Iniciou um trabalho no Connie's Inn, o segundo clube noturno mais famoso da cidade. Armstrong foi bem sucedido com as gravações vocais, como as versões das famosas músicas que seu amigo Hoagy Carmichael compôs. Com o uso de um novo equipamento, o "ribbonmicrophone" (microfone de peito), as gravações de Armstrong ganharam muita vantagem em relação agravações de outras bandas. Destaca-se “Stardust".entre as músicas gravadas por ele.

O jazz sentiu bastante o período iniciado com a Grande Depressão. Os clubes noturnos foram afetados, vários músicos deixaram de tocar nesses clubes e parte deles deixaram a carreira musical. Diante desse cenário, Armstrong foi para Los Angeles. Lá ele tocou no New Cotton Club. A primeira aparição dele foi em 1931 no filme Ex-Flame. Em dezembro de 1931 ele volta para Chicago, passando a tocar nas bandas de Guy Lombardo e Raphael Minsby.

Tendo viajado por muitos lugares dos Estados Unidos, voltou para Nova Orleães em 1934, sendo muito bem recebido.  Um time de basquete dessa cidade foi patrocinado por ele, o "Armstrong'sSecret Nine” e foi homenageado sendo dado seu nome a um tipo de cigarro. Depois foi perdendo destaque nos Estados Unidos, foi para a Europa e esteve no Brasil em 1957 tendo se encontrado com o famoso compositor brasileiro Pixinguinha. Ao voltar para os Estados Unidos teve problemas financeiros, que foram resolvidos. Participou de filmes no cinema e do programa de rádio de RudyVallée, como um entrevistador que entrevistava músicos e tocava solos. Em 1937 substituiu por um tempo substituiu Vallée como host do programa e assim foi o primeiro afro-americano a apresentar um programa nacional de rádio nos EUA.Já divorciado, casou-se com sua namorada Alpha em 1938. Em 1943, estava  morando com sua quarta esposa, Lucille, no Queens, Nova Iorque.

De 1943 até o ano de sua morte, Armstrong tocou muitos  solos, com inúmeras bandas e participou de filmes. Gravou a música What a Wonderful World em 1967Recebeu críticas de participantes do movimento negro por pouco se engajar na luta pelos direitos civis. Mas posteriormente, usando sua arte, Armstrong passou a ser reconhecido como um artista que militava pelos direitos civis. Na década de 1960 ele entrou em uma banda chamada se "The All Stars" e tinha entre seus membros Earl "Fatha" Hines, Barney Bigard, Edmond Hall, Jack Taegerdon, Jesmiah Burt, Trummy Young, Arvell Shaw, Billy Kyle, Marty Napoleon, Big Sid Catlett, Cozy Cole, Barrett Deems e Danny Barcelona.

O maior número de vendas de Louis Armstrong foi em 1964, ultrapassando ainda as suas antigas gravações com "Hello, Dolly!. Armstrong, com 63 anos de idade, se tornou a pessoa mais idosa a ficar em primeiro lugar nos Top 10, destronando até os Beatles, que estavam, por 14 semanas seguintes, em 1º lugar. Ele, em sua vida, viajou por lugares da América, Europa, Ásia e África.

Em 6 de julho de 1971, aos 69 anos de idade, Louis Armstrog faleceu devido a um ataque cardíaco, em Corona, Queens, Nova Iorque.

Segundo a professora Dilva Frazão: 

“(...)Louis Armstrong nasceu em New Orleans, Louisiana, Estados Unidos, no dia 4 de agosto de 1901. Teve uma infância pobre pelas ruas da cidade, sempre cantando para conseguir uns trocados. Com 12 anos foi preso por portar uma pistola e atirar para cima, na passagem do ano novo. Conduzido a um reformatório desenvolveu seus dons musicais aprendendo a tocar corneta.

Início da carreira

Com 14 anos, após sair do reformatório, passou a tocar nas bandas de jazz e nas grandes barcas do rio Mississipi. Durante o dia trabalhava vendendo papeis velhos, carregando peso nas docas e vendendo carvão.

Em Storyville, bairro boêmio da cidade, conheceu grandes nomes do jazz, como Sidney Bechet e Joe Lindsay. Em 1917, a região boêmia do porto foi fechada pela Marinha americana e todos os músicos se mudaram para Chicago em busca de emprego.

Como demonstrava grande talento, Louis Armstrong foi apadrinhado por King Oliver, destacado trompetista e compositor de Jazz. Em 1922, Louis Armstrong entrou para a King Oliver’s Creole Jazz Band, onde passou a fazer a segunda corneta. Em 1923 a banda gravou seu primeiro disco de Jazz no estilo puro de Nova Orleans.

Em 1924, Louis Armstrong deixou a banda e se mudou para Nova Iorque e lá trabalhou na orquestra de Fletcher Henderson, época em que gravou diversos clássicos com a banda e com outros cantores de Jazz. Em 1925 voltou para Chicago e formou seu próprio grupo, o “Louis Armstrong Hot Five”.

Em 1927, Louis Armstrong trocou a corneta pelo trompete. Em 1932 realizou sua primeira turnê pela Europa. Com sua voz grave, seu trompete e o inconfundível modo de cantar em que emitia sílabas como se a voz imitasse um instrumento, que se tornou sua marca registrada, fez muito sucesso.

Entre os clássicos de Louis Armstrong destacam-se: “What a Wonderful World”, “La Vie Em Rose”, “Moon River”, “A Kiss to Build a Dream On”, “Saint Louis Blues”, entre outras.

Louis Armstrong faleceu em Nova Iorque, Estados Unidos, no dia 6 de julho de 1971.”

 

Sugestão de Vídeos:

Louis Armstrong - Hello Dolly

https://www.youtube.com/watch?v=l7N2wssse14&list=RDl7N2wssse14&start_radio=1

 

Louis Armstrong - Mack The Knife (Live At The BBC)

https://www.youtube.com/watch?v=fZ0OOHLWo4w&list=RDfZ0OOHLWo4w&start_radio=1&rv=fZ0OOHLWo4w

 

Louis Armstrong - Blueberry Hill

https://www.youtube.com/watch?v=ts1qTynO1zg&list=RDfZ0OOHLWo4w&index=3

 

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Márcio José Matos Rodrigues

 

Figura: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cd101ypdk43o








quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Poesia Uma Véspera de Feriado

 


Uma  véspera de feriado

 

Uma quinta quase sexta,

Véspera de adesão.

Linda dama

O que me chama atenção

Em você?

Amo

Seus olhos calmos.

E a canção

Do seu olhar?

Também amo.                 

Moça,

Penso que uma música de Mozart

Ao piano,

Possa ser uma paixão em comum.

Moça bela,

Dos olhos estrelas.

O que a cigana disse,

Ao ver sua mão?

Amor?

Riqueza?

Ou desventura?

Sua beleza ,

É água pura,

Na secura,

Da minha alma sedenta,

Que se tortura ,

Na vontade,

De beber nesta fonte.

O sol faz juras de amor para a Lua!

Onde?

No calor do seu verão.

Linda,

Gostosa,

É a manga vestida de amarelo,

Que diz para o cidadão:

 “Bora! Tire minha casca! Quero ficar nua!”

Tensão nesta hora,

Chove em cima do castelo

Da praça Batista Campos.

Nuvens se derretem em prantos,

Pinga,

Desejo no coração.

Vontade de um suco de manga no copo,

Um belo corpo,

Deitado no chão.

Se você me disser não,

Juro que chupo manga com leite,

Viro a sandália,

Deito embaixo de um guarda-chuva aberto,

Sem ninguém por perto,

Esperando a morte chegar.

Quando se vai ao deserto,

É água que importa,

Senão é esperança morta,

Não adianta gritar!

Há gente que gosta de abril,

Mas eu gosto ,

Do sol de agosto,

Brilhando agora,

Em seu rosto,

Na véspera do dia que se comemora

A adesão do Pará à independência do Brasil!

Márcio José Matos Rodrigues.


Figura: https://www.safarigarden.com.br/muda-de-manga-espada-amarela-enxertadas-sem-fibras


sexta-feira, 1 de agosto de 2025

O filósofo Walter Benjamim

 


 Em 15 de julho de 1892 nasceu em Berlim, na Prússia, Império Alemão, o ensaísta, crítico literário, historiador, tradutor, filósofo e sociólogo judeu alemão Walter Benedix Schönflies Benjamin . Ele foi associado à chamada Escola de Frankfurt. Foi muto influenciado por autores marxistas e pelo místico judaico Gershom Scholem .

Os pais de Walter Benjamim eram Emil Benjamin e de Paula Schönflies Benjamin, comerciantes de produtos franceses. Walter, na sua adolescência, passou a ter ideais socialistas, esteve envolvido com o Movimento da Juventude Livre Alemã e foi  colaborador na revista do movimento. Nas suas leituras daquela época percebe-se uma influência das ideias de Nietzsche. Torna-se próximo de Gershom Gerhard Scholem em 1915, que compartilhava com Walter gosto pela arte e pelo judaísmo.

Benjamim casou-se com Dora Sophie Pollak em 1917. Foi para Berna (Suíça) para fugir do alistamento no exército alemão. Nesse ano nasceu seu único filho.

Walter Benjamim em 1919 defendeu sua tese de doutorado em Berna, Suíça, com o título A Crítica de Arte no Romantismo Alemão, que foi aprovada .Retornou a Berim em 1920.  Em 1925 a sua tese de livre docência Origem do Drama Barroco Alemão foi rejeitada pelo Departamento de Estética da Universidade de Frankfurt.  Sendo muito bom com a língua francesa, traduziu obras importantes para o alemão como Quadros Parisienses , de Charles Baudelaire e Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust.

Contribuiu para a teoria estética, ao combinar ideias que pareciam antagônicas do idealismo alemão, materialismo dialético e do misticismo judaico. No fim da década de 1920 passa a se interessar pelo marxismo.  Com outro filósofo, Theodor Adorno, estuda a filosofia de Georg Lukács. Como crítico literário obteve reconhecimento publicando resenhas e traduções como por exemplo, as séries a respeito de Charles Baudelaire. Em 1926 foi para Moscou, mas se desiludiu com o tipo de sociedade socialista que viu por lá.

Escreveu sua última obra em 1940, ano de sua morte: "As Teses Sobre o Conceito de História". Para alguns estudiosos, foi um texto revolucionário relevante e outros o consideraram como um retrocesso.

O contexto que surgiu a teoria de Benjamin foi o período pós-industrial. Esse período influenciou as formas de se ver e se enxergar a sociedade, a política, a ciência e a arte. Surgiram os movimentos artísticos de vanguarda como cubismo, surrealismo e dadaísmo, criando novas formas de se expressar.

Desde 1928, em sua obra Rua de mão única, Benjamin disse que a ideia de dominação da natureza é um discurso imperialista, propondo uma nova definição da técnica como “domínio das relações entre natureza e humanidade”.

Como era judeu e tinha ideias socialistas, com a ascensão de Hitler ele passou a correr perigo e então foi se refugiar na Itália de 1934 a 1935. Tornou-se bolsista do Instituto de Pesquisa Social (Escola de Frankfurt), do qual passa a ser colaborador regular.  Em 1935 vai para Paris. De 1936 a 1940 irá desenvolver sua visão da história. Por causa da guerra, Walter Benjamin é aprisionado junto a outros milhares de alemães na França, em 1939. Com a ajuda de amigos conseguiu fugir.

Benjamim teria cometido suicídio em Portibou, na Espanha. Ele e seu grupo tinham sido parados pela polícia espanhola nos Pirineus, fugindo da França que tinha sido invadida pelos nazistas. Com medo de ser capturado como judeu e entregue à Gestapo, a polícia política alemã, Walter Benjamim possivelmente ingeriu pílulas de morfina no hotel onde estava. Morreu em 26 de setembro de 1940, aos 48 anos.

Principais obras de Walter Benjamin

·         Sua tese de doutoramento “O conceito de crítica de arte no romantismo alemão”, de 1919;

·         A tese “Origem da tragédia alemã”;

·           A obra "O Tomo”, contendo ensaios e reflexões, é publicada em 1928.

 Benjamin publicou diversos artigos e ensaios, dos quais se destacam:

·         “A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica” (1936);

·         “Teses Sobre o Conceito de História” (1940).

Frases de Walter Benjamin

·         “A informação só tem valor no momento em que é nova.”

·         “Deus é quem nutre todos os homens, e o Estado é quem os reduz à fome.”

·         “Uma das principais tarefas da arte sempre foi criar um interesse que ainda não conseguiu satisfazer totalmente.”

·         “O tédio é um tecido cinzento e quente, forrado por dentro com a seda das cores mais variadas e vibrantes. Nele nós nos enrolamos quando sonhamos.”

·         “As doações devem atingir tão profundamente quem as recebe a ponto de causar-lhes espanto.”

·         “A construção da vida encontra-se, atualmente, mais em poder dos fatos do que das convicções.”

Segundo Heitor Fester:

 “Walter Benjamin foi um filósofo, crítico literário e ensaísta alemão, nascido em 15 de julho de 1892, em Berlim. Ele é amplamente reconhecido por suas contribuições significativas à teoria da cultura e à crítica da modernidade. Benjamin é uma figura central na Escola de Frankfurt e suas ideias influenciaram diversos campos, incluindo estética, literatura, e teoria social. Sua obra é marcada por uma profunda análise da experiência humana na era moderna, especialmente em relação à arte e à tecnologia.

Walter Benjamin cresceu em uma família judia de classe média em Berlim. Desde jovem, ele demonstrou interesse pela literatura e filosofia, o que o levou a estudar na Universidade de Berlim e na Universidade de Frankfurt. Durante sua formação, ele foi influenciado por pensadores como Karl Marx, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud, cujas ideias moldaram sua visão crítica sobre a sociedade e a cultura. O ambiente político e social da Alemanha na época, marcado por tensões e mudanças, também desempenhou um papel crucial em seu desenvolvimento intelectual.

Entre as obras mais notáveis de Walter Benjamin estão “A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica” e “As Passagens de Paris”. No primeiro ensaio, Benjamin discute como a reprodução técnica da arte altera sua função e significado na sociedade contemporânea. Ele argumenta que a reprodução em massa pode democratizar a arte, mas também a despoja de seu valor único e autêntico. Já em “As Passagens de Paris”, Benjamin explora a vida urbana e a experiência moderna, utilizando a cidade de Paris como um microcosmo das transformações sociais e culturais da época.

Walter Benjamin desenvolveu uma abordagem única para a teoria da história, que se distancia das narrativas lineares e progressistas. Em seu famoso “Tese sobre a História”, ele critica a visão tradicional da história como um processo contínuo de progresso. Em vez disso, Benjamin propõe uma visão fragmentada e dialética, onde momentos históricos são interligados por rupturas e descontinuidades. Essa perspectiva é fundamental para entender como ele via a relação entre passado e presente, e como a memória coletiva molda a experiência humana.

A obra de Walter Benjamin teve um impacto duradouro na crítica cultural e na teoria estética. Seus conceitos de “aura” e “reprodutibilidade” continuam a ser debatidos e aplicados em análises contemporâneas da arte e da cultura. A ideia de que a aura de uma obra de arte é perdida na reprodução técnica ressoa fortemente na era digital, onde a acessibilidade e a reprodução em massa desafiam as noções tradicionais de autenticidade e valor artístico. Benjamin também influenciou pensadores pós-modernos, que exploram a relação entre cultura, tecnologia e sociedade.

O legado de Walter Benjamin permanece relevante na contemporaneidade, especialmente em um mundo cada vez mais mediado por tecnologias digitais. Seus escritos sobre a modernidade, a arte e a experiência urbana oferecem insights valiosos para entender as dinâmicas culturais atuais. Além disso, sua crítica ao consumismo e à alienação na sociedade moderna ressoa com as preocupações contemporâneas sobre a cultura de massa e a perda de autenticidade. Benjamin é frequentemente citado em debates sobre a estética da imagem e a relação entre arte e política.

Walter Benjamin viveu uma vida marcada por desafios pessoais e políticos. Ele era um intelectual engajado, que se opôs ao regime nazista e buscou refúgio em Paris durante a ascensão do totalitarismo na Alemanha. Em 1940, ao tentar escapar para os Estados Unidos, Benjamin se suicidou na fronteira entre a França e a Espanha, temendo a captura pelas autoridades nazistas. Sua morte trágica simboliza a perda de uma voz crítica em um momento crucial da história, mas suas ideias continuam a inspirar novas gerações de pensadores e artistas.

As interpretações da obra de Walter Benjamin são diversas e muitas vezes controversas. Alguns críticos argumentam que sua abordagem é excessivamente pessimista, enquanto outros veem em suas ideias uma forma de resistência e esperança. A complexidade de seu pensamento permite múltiplas leituras, e sua obra é frequentemente revisitada em contextos acadêmicos e artísticos. A riqueza de suas análises sobre a cultura moderna e a experiência humana continua a provocar debates e reflexões profundas sobre o papel da arte e da crítica na sociedade contemporânea.

Walter Benjamin deixou um legado intelectual que transcende seu tempo e continua a influenciar o pensamento contemporâneo. Sua capacidade de articular as tensões entre arte, política e sociedade faz dele uma figura essencial para aqueles que buscam compreender as complexidades da modernidade. A relevância de suas ideias é evidente em diversos campos, desde a filosofia até a crítica cultural, e sua obra permanece um ponto de referência para debates sobre a condição humana na era da tecnologia e da globalização.”

 

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

 

Figura: https://veja.abril.com.br/coluna/conta-gotas/walter-benjamin-o-homem-que-expos-o-lado-obscuro-do-progresso/