sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Homenagem ao ator Terence Stamp e ao cartunista Jaguar

 



Terence Stamp

Faleceu no dia 17 de agosto de 2025 o ator inglês Terence Stamp. Ficou conhecido por papeis de vilão, com prêmios nos festivais de Cannes e Berlim, assim como no Globo de Ouro, dois prêmios BAFTA e teve indicações ao Oscar. Namorou atrizes muito conhecidas como Julie Christie e Brigitte Bardot e a modelo Jean Shrimpton. Participou em mais de 60 filmes como ator.

Terence nasceu no dia 22 de julho de 1938, filho de um operador de rebocador, em Bow, Londres, Inglaterra. Era o mais velho de cinco filhos. Um de seus irmãos, Chris Stamp, é um empresário de música, especificamente de rock. Terence quando tinha 3 anos de idade foi levado ao cinema para ver um filme estreado por Gary Cooper e se impressionou com o desempenho do ator, que passou a ser ídolo do menino que passou a se interessar por cinema.

Quando jovem Terence Stamp trabalhou em várias agências de publicidade de Londres e na metade da década de 1950 ele conseguiu um emprego de assistente do golfista profissional Reg Knight em Londres. Ele tinha já nessa época a intenção de ser ator de cinema. Ele conseguiu uma bolsa para estudar teatro.

Em 1962 Stamp estreou em seu primeiro filme, TermofTrial. Nesse filme ele atuou com o famoso ator Laurence Olivier. No segundo filme que trabalhou, Billy Budd, ele foi um dos protagonistas, sendo dirigido por Peter Ustinov. Sua atuação foi elogiada e ele recebeu uma indicação ao Oscar, o que alavancou sua carreira como ator cinematográfico.

Stamp trabalhou com grandes diretores como William Wyler (no filme The Collector) e Joseph Losely (no filme ModestyBlaise). Com o produtor Joe Janni ele trabalhou, além do filme ModestyBlaise, de 1966, nos filmes Far From The MaddingCrowd (1967) e Poor Cow (1967).  Trabalhou também no filme Scraps theRabbit , em 1966. Não conseguiu o papel de James Bond para suceder Sean Connery.

Stamp viveu e trabalhou por um Período na ItáliaAtuou em um filme dirigido por Federico Fellini em um filme inspirado numa obra de Edgar Allan Poe.Foi colaborador dos cineastas Pier Paolo Pasolini no filme Teorema, de 1968 ecom Nelo Risi em Uma Stagioneall’ inferno, de 1971.  Foi para a Índia e ficou alguns anos por lá para estudo e meditação. Na segunda metade da década de 1970 atuou no filme Superman, de 1978, como o general Zod. Em 1980 voltou ao mesmo papel em Superman II. Em 1984 trabalhou no filme The Hit, de Stephen Fears, sendo sua atuação nesse filme considerada por críticos o melhor desempenho do ator. Teve participação nos filmes Wall Sttret e Young Guns.

Terence trabalhou em alguns filmes de baixo orçamento e pouco expressivos, como O Mistério da Ilha dos Monstros (Misterioenlaisla de losmonstruos, 1981) e Conspiração no Vaticano (Morte in Vaticano, 1982). Muitos destes trabalhos foram feitos pela televisão.

Teve papeis menores, mas que o destacaram em filmes como As aventuras dePriscilla, a Rainha do Deserto, de 1994. Trabalhou no filme The Limey, de 1999, em um papel de gangster vingativo e também nesse ano trabalhou no filme Star Wars Episode I: The PhantonMenace, no papel do Chanceler Supremo Finis Valorum. Na série Smallville a voz de Jor-El era dele. Trabalhou nos filmes ElektraMyBoss’sDaughterGetSmartYes manValkyrie e Os Agentes do DestinoO seu último papel como ator de cinema foi uma breve participação no filme de Edgar Wright, Last Night In Soho, de 2021.

Aos 87 anos, Terence Stamp falece. A causa da morte não foi revelada.

A família declarou em comunicado à agência de notícias Reuters:.

“Ele deixa uma obra extraordinária, tanto como ator quanto como escritor, que continuará a emocionar e inspirar pessoas por muitos anos. (...) Pedimos privacidade neste momento de tristeza”

Guy Pearce disse em homenagem a Stamp. "Adeus, querido Tel. Foste uma verdadeira inspiração, tanto dentro como fora dos saltos altos. Teremos sempre Kings Canyon, Kings road&F'ing ABBA. Desejo-te felicidades no teu caminho 'Ralph'! Xxxx"

Edgar Wright disse no Istagram que o ator era "gentil, engraçado e infinitamente fascinante." Disse também: "Quanto mais perto a câmara se movia, mais hipnótica a sua presença se tornava. Em grande plano, o seu olhar sem pestanejar fixava-se de forma tão poderosa que o efeito era extraordinário. Terence era uma verdadeira estrela de cinema: a câmara amava-o, e ele amava-a de volta".


 


Jaguar

 

Em 24 de agosto de 2025 faleceu o cartunista brasileiro conhecido como Jaguar. Ele foi um dos fundadores do jornal O Pasquim (no qual ficou 22 anos), famoso por seu humor crítico que enfrentava a ditadura militar. Ele estava internado em um hospital na cidade do Rio de Janeiro com infecção respiratória e não resistiu às complicações. Ele escreveu livros e colaborou com revistas e jornais. Entre seus livros estão "Átila, você é Bárbaro" em 1968, e "Ipanema, se não me falha a memória", em 2000. Jaguar se destacou não só pelas charges afiadas, mas também pelos personagens irreverentes que criou entre as décadas de 1960 e 1970.

Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, nasceu em 29 de fevereiro de 1932, na cidade do Rio de Janeiro. Ele passou sua infância e parte da adolescência dividido entre as cidades de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e Santos, em São Paulo.Sua carreira começou em 1952, aos vinte anos, desenhando para a revista Manchete. Foi o cartunista Bordalo que sugeriu a ele o apelido de Jaguar. Nessa época Jaguar trabalhava no Banco do Brasil (de onde só saiu na década de 70)  e seu chefe era o cronista Sérgio Porto. Na década de 1960 Jaguar se tornou um dos principais cartunistas da revista Senhor e colaborava para as revistas Civilização Brasileira, Revista da Semana, Pif-Paf, como também os jornais Última Hora e Tribuna da Imprensa. O seu livro “Átila, você é bárbaro” foi um sucesso. Nessa obra ele combatia de forma irônica o preconceito, a ignorância e a violência. O livro foi considerado pelo cronista Paulo Mendes Campos como m livro de poemas gráficos”. Ainda na mesme época Jaguar teve sucesso quando foi convidado pela cerveja Skol para uma campanha e ele desenvolveu a tirinha Chopnics, na qual havia figuras como o Capitão Ipanema.

Em 1969, Jaguar, Tarso de Castro e Sérgio Cabral fundaram o jornal O Pasquim. Foi um jornal marcante da imprensa alternativa que surgiu na época do regime militar, era irreverente e combativo e dele fizeram parte pessoas de destaque do jornalismo e das artes no Brasil como Millôr Fernandes, Ziraldo, Henfil, Paulo Francis e Sérgio Augusto. O nome do jornal foi dado por Jaguar e o símbolo era o ratinho Sig( por causa de Sigmund Freud). Só Jaguar entre todos do grupo original que permaneceu no jornal até a última edição em novembro de 1991. Em 1990 a turma do Pasquim recebeu uma homenagem da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz com o enredo “Os heróis da resistência”.

Jaguar deu uma entrevista para o GLOBO em 2014, dizendo que o "humor não serve mais para nada". Ele também fez uma homenagem à Tânia Scher, que morreu em 2008. Aos 84 anos, em fevereiro de 2017, Jaguar doou uma charge para o movimento “UERJ na luta” usar em camisas. A relação dele com a instituição vinha por causa de sua esposa, professora da universidade.

Jaguar lançou livros como "Átila, você é Bárbaro" em 1968, e "Ipanema, se não me falha a memória", em 2000. Para a TV Globo jaguar fez animações para as vinhetas do Plim Plim, que foram marcantes.Jaguar também criou Bóris, o Homem-Tronco, uma pessoa sem pernas que se locomovia em um carrinho quadrado.

No tempo da ditadura militar Jaguar foi preso porque publicou uma charge em que havia uma montagem do quadro “Independência ou Morte” . Ele colocou a frase "Eu quero é mocotó" em um balão de diálogo. Por causa disso ele ficou dois meses preso.

No início dos anos 2000 Jaguar foi indenizado devido à perseguição sofrida pela repressão política do regime militar.  Ele trabalhou como cartunista com outros grandes do jornalismo e das artes gráficas como Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil etc.

 Jaguar faleceu na cidade do Rio de Janeiro aos 93 anos.

Homenagens:

"Ele era o melhor cartunista brasileiro, meu amigo querido e é uma perda irreparável para o humor e para o Brasil (...)”. "Era o melhor dos amigos possíveis que se podia ter, e um profissional fantástico (...)”."Millôr Fernandes era grande, Ziraldo era grande, mas só ele era o Jaguar". Inigualável, inestimável, inimitável Jaguar (...).”   

.-Chico Caruso, cartunista.

"Jaguar foi mestre, professor, amigo, inspiração, gênio, um dos maiores chargistas que eu já vi no planeta como um todo. Incansável, trabalhou até o último minuto, sempre absolutamente crítico, sempre feroz, sempre amado por gerações e gerações seguidas de cartunistas". -Aroeira, cartunista.

 "Eu queria desenhar como ele, mas nunca consegui". - Miguel Paiva, cartunista.

"Uma pessoa muito espirituosa, com um trabalho imenso, muito inteligente. Uma perda irreparável para todos nós. O Cartum brasileiro, charge. Deixou livros memoráveis de charge e cartum, tipo "O Átila". Ele escreveu um livro muito interessante chamado "Confesso que Bebi", que é uma resenha de vários botecos do Rio de Janeiro. Uma contribuição muito grande de cultura brasileira. Era um cara de uma personalidade enorme e muito bonita”.- André Dahmer, cartunista.

 

 Obras publicadas

 

·         Átila, você é bárbaro

·         Nadieesperfecto

·         Confesso que bebi

·         Ipanema, se não me falha a memória

·         É Pau puro! - O Jaguar do Pasquim

 

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Márcio José Matos Rodrigues

 

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