sábado, 30 de julho de 2022

A cidade italiana de Veneza



No dia 18 de julho estive, juntamente com uma tia, em Veneza, capital da região italiana de Veneto. Era  um antigo sonho meu como professor de História conhecer esta e outras cidades italianas (ligadas originalmente ao Império Romano e ao Renascimento Artístico), que tive a oportunidade de conhecer em julho. O nome Veneza vem do antigo povo veneti que habitou a região até o século X a.C. Cidade muito bonita e histórica. Localiza-se no nordeste da Itália, localizada na Lagoa de Veneza e fica sobre um grupo de 117 pequenas ilhas separadas por canais e ligadas por pontes. Veneza destaca-se por sua arquitetura e obras de arte. Uma parte da cidade foi considerada Patrimônio Mundial, assim como a lagoa. A população de toda a Veneza em 2009 era de cerca de 270 mil habitantes. Destes, somente 60 mil vivendo na cidade histórica de Veneza. A cidade inclui-se na área metropolitana Pádua-Treviso-Veneza, com mais de 2, 5 milhões de pessoas.

A cidade de Veneza foi fundada no século V, possivelmente por habitantes de cidades próximas que fugiam dos ataques dos povos invasores, como germânicos e hunos, que invadiram nesse século a península italiana. Foi a capital da República de Veneza. Vários nomes foram atribuídos a Veneza como "La Dominante", "Serenissima", "Rainha do Adriático", "Cidade da Água", "Cidade Flutuante" e "Cidade dos Canais".

Na Idade Média a República de Veneza tornou-se uma potência comercial e marítima, fazendo comércio com o Oriente e no século XIII participou ativamente da conquista de Constantinopla em uma cruzada. Foi um ponto de parada importante para a Batalha de Lepanto contra os turcos otomanos. Foi um centro de importância também em relação às artes.

A partir do final do século XVI com a expansão marítima dos espanhóis e portugueses, a República de Veneza foi se enfraquecendo economicamente e durante as guerras napoleônicas perdeu sua independência  e com o Congresso de Viena, realizado após as derrotas de Napoleão, a República de Veneza passou a fazer parte do Império Austríaco. Em 1866, no processo de unificação da Itália, Veneza então passou a integrar o reino italiano. É a cidade natal de Vivaldi, grande compositor do Barroco e é famosa pelo seu carnaval.

A seguir algumas fotos que tirei durante minha rápida passagem por Veneza.



























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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Fotos: Márcio Rodrigues

quinta-feira, 28 de julho de 2022

O calor extremo na Europa

 



Este mês de julho tem sido quentíssimo em boa parte da Europa. É normal estar quente no verão em vários países europeus, porém este ano o calor tem sido ainda maior. Incêndios florestais também são comuns nesta época e com este calor exagerado não é de se espantar que eles estejam acontecendo em países como Portugal, Grécia, Espanha e França. O aumento do calor está relacionado com a crise do clima no planeta Terra. É uma situação que preocupa, pois tende a agravar-se nos próximos anos, o que poderá trazer graves consequências. Segundo analistas, a nova onda de calor, com recordes de temperatura e tempo seco na Europa está ligada a um sistema de alta pressão.

No dia 19 de julho o Reino Unido atingiu a temperatura mais alta de sua história, tendo os termômetros perto do aeroporto de Heathrow, em Londres, marcado 40,2 graus centigrados. Também em Paris foram atingidas temperaturas muito altas e incêndios passaram a acontecer na costa atlântica francesa. Em Portugal e Espanha mais de mil pessoas morreram por causa do calor. Mas este não é só um fenômeno que tem atingido a Europa. Na Ásia, países como Índia e Paquistão tem tido uma onda de calor e foram registradas em julho temperaturas de quase 50°.

O doutor em meteorologia e coordenador-geral de operações e   modelagem do Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) , Marcelo Seluchi, disse que a razão de tanto calor que tem ocorrido na Europa é uma muito intensa área de alta pressão atmosférica. Segundo ele: "Não é toda alta pressão que causa isso. Chama-se bloqueio justamente porque fica totalmente bloqueada e não sai dali. Quando isso ocorre numa época de verão, causa onda de calor". Os efeitos disso são a umidade baixa e o ar fica estável, com bem pouca ocorrência de chuva. E há de se destacar que no verão da Europa os dias são longos e as noites curtas, o que contribui para o aumento de temperatura. Seluchi afirma: "O solo aquece facilmente porque está muito seco e, com as poucas horas no período da noite, ele esfria menos. Com isso, cada dia que passa a temperatura vai aumentando mais um pouco". E ainda há de se considerar que ventos do Norte da África passaram a ser carregados para a Europa pelo sistema de alta pressão, fazendo com que o ar fique mais quente e seco.

Não se pode dizer que as ondas de calor sejam algo muito raro, pois são fenômenos naturais do planeta e já ocorriam antes das mudanças climáticas que tem atingido o planeta. Mas as evidências científicas apontam que haverá cada vez mais uma repetição de eventos extremos. Pesquisas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicam que o aquecimento observado do planeta tem claras relações com o aumento da frequência, duração e intensidade desses eventos nas últimas décadas. Este aquecimento pode ter ligação com atividades humanas. Reforça esta questão o cientista Seluchi: "Nós sabemos que nos cenários de aquecimento global as temperaturas vão aumentando e as ondas de calor serão mais frequentes. Coincidentemente, estamos observando uma delas. É difícil dizer se esta onda em particular é, isoladamente, culpa do aquecimento global. Mas ela se insere em um cenário de mudanças do clima”.

Nikos Christidis, cientista climático do Met Office, destacou: "A mudança climática já influenciou a probabilidade de extremos de temperatura no Reino Unido. As chances de ver 40ºC no Reino Unido podem ser até 10 vezes mais prováveis no clima atual do que sob um clima natural não afetado pela influência humana”.  A citada instituição destacou que a probabilidade de calor extremo na Europa aumentou em dez vezes por causa das mudanças climáticas.

Analistas dizem que a Europa sendo um grande bloco continental constitui um fator para o aumento da vulnerabilidade da região. Neste cenário a terra aquece e esfria mais do que o mar - a água tende a conservar melhor a temperatura. O  Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) dizia em 2019  que as áreas continentais têm um aumento mais acentuado do calor do que as oceânicas. Dentro desse contexto afirma Seluchi: "O maior aquecimento deve ocorrer no Hemisfério Norte e nas áreas continentais. Exatamente onde está ocorrendo essa onda de calor. Está dentro do que se espera de um cenário de mudanças climáticas”.

Não se deve menosprezar nesta questão climática, onde há eventos extremos, o aquecimento dos pólos. Foram detectadas temperaturas recordes em março na Antártica e no Ártico. Os extremos da Terra tiveram assim um calor de aproximadamente 30° C maior que a média no período. Os ventos nos níveis mais altos da atmosfera conduzem os sistemas meteorológicos causadores da alternância entre períodos mais secos e mais chuvosos e entre mais quentes e mais frios. Considerando isso Seluchi diz: "Estes ventos são quase sempre de oeste, tanto no Hemisfério Norte quanto no Hemisfério Sul. A velocidade depende da diferença de temperatura entre o Equador e os polos". E ainda diz: “...A diferença de temperatura entre o polo e o Equador vai diminuir, porque vai aquecer mais as altitudes altas. Neste cenário, os ventos de oeste se tornam mais fracos, porém ganham força os ventos de norte e de sul que levam ondas de calor e ondas de frio"

O Hemisfério Norte sente mais os impactos de temperatura porque o Hemisfério Sul tem mais água que continente e assim a Europa, os Estados Unidos e a Ásia sente mais os impactos de altas temperaturas. Mas não quer dizer que o Hemisfério Sul não seja afetado e também são sentidos eventos extremos.

Cientistas dizem que as temperaturas médias mundiais aumentaram um pouco mais de 1°C além dos níveis pré-industrialização, no século 19. Apesar de à primeira vista parecer pouco, deve-se considerar que este é o período mais quente da história dos últimos 125 mil anos, conforme diz o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). O IPCC destaca que as emissões de gases de efeito estufa causadas pela queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás, que retêm o calor em nossa atmosfera contribuem para aumentar a concentração de dióxido de carbono para os níveis mais altos em 2 milhões de anos.

A Agência Internacional de Energia relata que as emissões de CO2 das matrizes de energia aumentaram 6% em 2021, atingindo 36,3 bilhões de toneladas, o mais alto nível de todos os tempos. Segundo o IPCC é preciso que as emissões caiam em pelo menos 43% até o final desta década. A ONU estabeleceu como objetivo limitar o aumento da temperatura global para evitar os perigosos impactos das mudanças climáticas. É muito importante que o mundo reduza as emissões líquidas anuais a zero até 2050. Isto implica em cortar os gases de efeito estufa o máximo possível e ainda encontrar maneiras de extrair CO2 da atmosfera. Com certeza é um grande desafio para a Humanidade!

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História


Figura:

https://www.google.com/search?q=imagens+de+inc%C3%AAndios+florestais+em+Portugal+em+2022&sxsrf=ALiCzsYTnTiwJX_PF7X7FgpqKlt2eRX8Rg:1659057071170&tbm


terça-feira, 26 de julho de 2022

O Dia Internacional para a Conservação do Ecossistema de Manguezais.

 



No dia 26 de julho é comemorado o Dia Internacional para a Conservação do Ecossistema de Manguezais. A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, neste ano, está anunciando um projeto de restauração dos mangues para países da América Latina: Colômbia, Cuba, Equador, El Salvador, México, Panamá e Peru. Com este projeto pretende-se trazer oportunidades econômicas para comunidades locais e trocar conhecimentos entre populações nativas e a comunidade científica. Segundo representantes da Unesco, é preciso haver uma conscientização em larga escala, educando e alertando as pessoas de um modo geral. Assim como a conscientização sobre a importância dos mangues, é também se comprometer com sua proteção.

Os mangues contribuem como uma barreira natural contra a erosão costeira e protegem as fontes de alimentos. Há diversas espécies que conseguem seu alimento nos manguezais e se reproduzem neles. Existe o risco de cerca de três quartos ou mais dos manguezais estarem em perigo. Desta forma, são necessárias medidas urgentes para protegê-los. É preciso agir imediatamente, considerando-se que os sistemas de mangues são um reservatório de carbono. Segundo  Renilde Piedade, que é líder comunitária da Reserva Extrativista Marinha Mocapajuba, localizada em São Caetano de Odivelas, no Pará, a comunidade que atua nesta reserva está participando pela segunda vez nesta campanha e já sente os benefícios. Renilde disse:  “Fizemos ações como a instalação de placas indicando que somos uma Unidade de Conservação, demos início ao cadastro das famílias e da criação da rede de mulheres das Resex, abrimos diálogo com a prefeitura. Isso também é cuidar do mangue e nos fortaleceu. Eu moro e vivo dentro da Resex”. A gerente de campanhas da ONG Rare, Bruna Martins, destacou: “O objetivo é que as comunidades sejam também responsáveis por capilarizar novas ações, atuando com as guardiãs e guardiões do maretório”. Ela também disse: “O manguezal é vida. Ele desempenha várias funções importantes para a vida humana e não humana. As comunidades costumam dizer que o mangue é o supermercado, a farmácia, é lazer. É um ecossistema que bem conservado e manejado garante sustento e qualidade de vida para as futuras gerações”

No Estado do Pará, foi programada para o dia 26 de julho uma programação em referência ao Dia Mundial de Proteção dos Manguezais, procurando alertar sobre a relevância da conservação das áreas de mangues, que podem ser atingidas drasticamente por fatores como desmatamento, poluição e outros impactos socioambientais. A estimativa no Pará é que 41 mil famílias trabalhem como extrativistas em áreas de costa. Assim, é necessário que estas populações participem de ações protetoras dos mangues, pois estas comunidades precisam dos mangues para a extração do pescado e do marisco, que tem de ser feita de forma sustentável.

Conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), os manguezais são responsáveis no mundo pela redução do CO2 que provoca o aquecimento global. O solo dos sistemas de mangues pode armazenar até cinco vezes mais este gás do que as florestas tropicais e assim os mangues contribuem para equilibrar o clima na Terra. É importante ressaltar que nos mangues há uma rica biodiversidade, consistindo em berços da vida marinha, havendo a reprodução de aves marinhas, peixes e mamíferos. Também há a ocorrência de caranguejos, que são base de sustento para várias populações. A retirada destes caranguejos é regulamentada por lei para garantir a sobrevivência das espécies.

Os manguezais se caracterizam por serem áreas úmidas que existem na transição entre ambientes marinhos e terrestres, sofrendo a influência das mares. São típicos de regiões tropicais e subtropicais e no Brasil, país que é o terceiro país com maior área de manguezais e o primeiro em área contínua. A ocorrência do sistema vai desde o Oiapoque, no Amapá, até a cidade de Laguna, em Santa Catarina.

Infelizmente, há uma redução perigosa dos manguezais no mundo. Eles estão sumindo de três a cinco vezes mais rapidamente do que as perdas globais de florestas. Tais perdas causam graves consequências ecológicas e na área socioeconômica.

No caso do Brasil, há leis federais de proteção aos mangues, porém as ameaças continuam, como por exemplo a autorização pelo novo código florestal de que áreas de mangues sejam usadas para carcinicultura (criação de camarão em cativeiro). Hoje, aproximadamente 75% dos manguezais brasileiros são áreas protegidas, mas é preciso haver cuidados e conscientização cada vez maior sobre a importância dos mangues. A questão das deficiências de saneamento no Brasil também afeta muito os mangues, pois há  água poluída, sem tratamento adequado, com diversos tipos de resíduos tóxicos e lixo sendo despejada em áreas onde há manguezais.

Diante de tudo que foi exposto acima, a preservação dos mangues é muito importante. Segundo o professor e biólogo da Universidade Federal do Pará (UFPA) Marcus Fernandes: “É importante preservar os manguezais pelos vários serviços ecossistêmicos que esse ecossistema provê. Isto implica nos serviços de regulação, suporte, e que mantém e regulam o equilíbrio no próprio manguezal”. O profissional também destacou os perigos para os manguezais que causam um processo acelerado de destruição: . “Isso em função do desmatamento para uso de madeira, para a produção de carvão, como na Ásia, bem como pela pesca exacerbada, com a sobrepesca de alguns recursos animais que são relevantes para a segurança alimentar quanto para a geração de renda”.


Sugestão de vídeo:

Manguezal: aula na prática

https://www.youtube.com/watch?v=PRBseRbdVYw


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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História.

 

 

Figura:

https://www.google.com/search?q=imagem+de+mangues+no+Par%C3%A1&sxsrf=ALiCzsY4jhOBgDhzOP8EP0sQ0NxUpicYPw:1658897048118&tbm=isch&source=i


segunda-feira, 25 de julho de 2022

Poesias feitas em ônibus na Europa no dia 22 de Julho

 



                                           Foto: Márcio Rodrigues


Adeus Pompeia

 

Adeus Pompéia 

Tuas antigas ruínas 

Choram a dor de meninos e meninas.

Há muitos anos

Tu Pompéia e Herculano 

Sucumbiram ante a fúria do deus Vulcano

E nem Hércules poderia salvar 

Aqueles pobres seres humanos.

Insepultos mulheres patricias

E gladiadores. 

Quantos amores

Podem nos contar paredes desenterradas?

Agora as cores

Estão esmaecidas.

O rapaz que porventura esperava sua amada 

Talvez em outro mundo a espere 

Em uma realidade encantada 

0nde amantes se encontram 

Em uma nova jornada .

Agora Pompéia 

A terra é escavada 

A procura de respostas. 

Mas nem todas serão encontradas!

 

Marcio José Matos Rodrigues 





Todo poeta é um sonhador !

Até os concretos ,

Por mais espertos ,

Que possam ser 

São sonhadores. 

Sim , pois também eles tem seus amores

E suas dores.

Espalho meus versos como cartas

Como flores.

Como chuva que cai

Como cores 

De quadros que pinto

Com palavras .

O tu que escavas 

Em ruínas antigas,

De teu passado,

O que procuras?

Digas!

Palavras não são tuas escravas,

São mensageiras.

Poesias que crias

São tuas amigas,

São filhas;

São a luz 

Que te tornaram sol.

São teu farol,

Um farol amigo,

Quando a noite surge ameaçadora;

Quando enfim abres os olhos

E acordas do teu sono,

Descobrindo o quanto estão em perigo

A fauna e a flora.

 

Márcio José Matos Rodrigues

 

 

Teus olhos são dois passarinhos

 

Teus olhos são dois passarinhos,

No meu coração fiz ninhos

Para guarda-los em mim.

Não somos namorados,

Não somos amantes,

Estamos distantes, 

Por que então 

Eu te amo assim?

E é preciso razão?

Só sei que teus olhos são passarinhos

No meu coração fiz ninhos

Para guarda-los em mim.

Linda flor que perfuma minha alma

E se vier a tormenta?

Será que meu ser aguenta?

Lembrar de ti me acalma,

Porque teus olhos são dois passarinhos,

No meu coração fiz ninhos,

Para guarda-los em mim.

E se a tristeza me chama ?

A tua beleza é chama

E mesmo que não me ames bela dama ,

Teus olhos são passarinhos,

No meu coração fiz ninhos 

Para guarda-los em mim.

Se for loucura te amar ,

Por sermos tão diferentes,

E seres a mim talvez indiferente,

Não irei lamentar,

Porque teus belos olhinhos,

Lindos e inocentes,

São dois passarinhos, 

Para os quais fiz ninhos

Para guarda-los em mim!

 

Márcio José Matos Rodrigues

 

 

Linda Cerejeira

 

Linda cerejeira

Cheia de flores

Eu sou o antigo carvalho

Que chora amores

Perdidos em outras épocas. 

Cada folha caída

É uma lágrima que derramei por ti.

Resisti às tempestades?

Resisti.

É  bem verdade!

Mas até quando?

Hoje tu ris,

Ris tanto!

Cada sorriso teu é uma flor de bondade ,

Embeleza com teus sorrisos ternos

Os caminhos.

E eu aqui sonhando com beijos

Neste meu inverno.


Márcio José Matos Rodrigues



quinta-feira, 7 de julho de 2022

O compositor norte-americano George Gershwin

 




Em 11 de julho de 1937 morria em Hollywood, California, Jacob Gershowitz, que ficou conhecido como George Gershwin. Ele foi foi o segundo de quatro filhos, um pianista e compositor, que compunha para a Broadway  e também para concertos clássicos e que nasceu no Brooklyn, Nova York, em 26 de setembro de 1898, filho de pais judeus russos. Morris (Moishe) Gershowitz, o pai de George, em um processo de adaptação à América, trocou o sobrenome da família para Gershvin. E George, já adulto, mudou para Gershwin.

O grande parceiro em trabalhos vocais e teatrais de George foi o seu irmão mais velho, Ira Gershwin, que fazia letras. George criou músicas populares que fizeram sucesso, inclusive algumas de sua canções já foram usadas na televisão e em filmes. Em seu álbum de 1959, Ella Fitzgerald Sings the George and Ira Gershwin Songbook, a cantora Ella Fitzgerald gravou várias canções dos irmãos Gershwin. Cantores famosos e músicos gravaram músicas de Gershwin, como Louis Armstrong, Charlie Parker, Miles Davis, Frak Sinatras, Doris Day, João Gilberto, Fred Astaire, Bing Crosby, John Coltrane e outros.

Quando George tinha dez anos, ele assistiu um recital de violino de seu amigo Max Rosen. George ficou impressionado. George e Ira (o irmão mais velho, que antes se chamava Israel) tinham personalidades bem diferentes. Ira era quando criança mais estudioso, tinha admiração por arte e quis um piano de presente e George gostava de andar pelas ruas, se metia em confusão e gostava de jogar beisebol. Mas foi George que se interessou em tocar piano e com 12 anos tocou de ouvido uma canção ao piano. Seus pais se impressionaram e contrataram um professor particular para dar aulas do instrumento para ele e para o irmão. Ele teve contato com diversos professores desse instrumento por dois anos até que foi apresentado a Charles Hambitzer, que ensinou a George técnica para tocar piano e o introduziu no mundo da música erudita europeia e que até sua morte em 1918 foi um mentor para George, que veio a estudar depois com o compositor Rubin Goldmark e também com o compositor e teorista Henry Cowell.

O primeiro emprego de George Gershwin foi aos 15 anos, como músico na Tim Pan Alley, em Nova York. Passou a trabalhar para a Aeolian Company and Standard Music Rolls, em Nova York, gravando e arranjando rolos de piano, produzindo muitos rolos, utilizando pseudônimos. Em 1917 ele lançou "Rialto Ripples", que foi um sucesso comercial e em 1919 ele conseguiu ter mais sucesso com sua obra "Swanee”. George trabalhou por um breve tempo no vaudeville, tocando piano. Ele e seu irmão Ira tiveram uma participação no musical de comédia chamado Lady Be Good, incluindo músicas como "Fascinating Rhythm" e "Lady Be Good”. Depois vieram as músicas :"Oh, Kay!" (1926), "Funny Face" em 1927, “Strike Up the Band" (1927 e 1930), "Show Girl" (1929), "Girl Crazy" (1930), que introduziu o standard "I Got Rhythm", e "Of Thee I Sing" (1931),  que foi o primeiro musical de comédia  que ganhou  um Prêmio Pulitzer de Música

A primeira grande obra de George Gershwin foi Rhapsody in Blue, composta em 1924, para orquestra e piano, que foi orquestrada por Ferde Grofé. Quem tocou em estreia na cidade de Nova York foi a banda de Paul Whiteman. Essa é até hoje a obra mais popular de George. Ele ficou em Paris por pouco tempo, estudando composição com Nádia Boulanger, que , assim como outros professores, como Ravel, não quiseram ficar dando aulas a George, temendo que esses estudos influenciassem o estilo dele, que tinha influências do jazz. Foi nessa época que George Gershwin escreveu An American in Paris. Embora essa criação tenha recebido avaliações negativas em sua primeira apresentação, em 13 de dezembro de 1928, depois ficou sendo na Europa e nos Estados Unidos o que é chamado de standard do jazz. 

A sua composição Porgy and Bess, baseada no romance Porgy (de autoria de Du Bose Heyward), em 1935, que Gershwin considerava como uma “ópera folk”, foi a mais ambiciosa composição dele. Segundo análise de especialistas, é a mais importante ópera americana do século XX. Todos os cantores e atores são negros e a música combina elementos da música popular, influenciada pela música negra e tem técnicas de ópera.

Há estudiosos da música de George, que dizem que a herança cultural judaica dele influenciou na sua criação, em especial as melodias litúrgicas que ele ouvia em sua infância. Citam como exemplo, o solo de clarinete que abre a "Rhapsody in Blue", que traz a influência da Chazanut, um canto litúrgico judaico.

Nas obras sinfônicas de Gershwin a orquestração tem semelhança com a de Ravel e o concerto para dois pianos de Ravel tem influência de Gershwin. Já em relação ao Concerto in F de Gershwin, houve críticas de que seria muito influenciado por obras de Debussy. Quanto às outras possíveis influências, podem ser citadas as obras de Alban Berg, Dimitri Shostakovich, Igor Stravinsky, Darius Milhaud e Arnold Schoenberg.

Em relação à sua vida pessoal, George Gershwin teve um relacionamento amoroso com a compositora Kay Swift. Ele conversava com ela sobre suas músicas. E a obra Oh, Kay teve esse nome como forma de homenagear a compositora. Ele também teve um caso com a atriz Paulette Goddard, que em sua vida foi casada com homens famosos como Charles Chaplin, Erich Maria Remarque e Burgess Meredith.

Sobre as obras de George Gershwin disse Ravel: "Pessoalmente eu acho o jazz mais interessante: os ritmos, o jeito que as melodias são tocadas, as próprias melodias. Eu escutei as obras de George Gershwin e as achei intrigantes.” Joseph Schillinger , um professor de composição, que deu aulas à Gershwin, com sua influência russa, foi muito importante para dar a ele um método de composição. Gershwin era bastante talentoso em conseguir manipular as formas de música em uma só, como quando ele combinou ritmos e tonalidades do jazz que descobriu em Tin Pan Alley com as canções populares da época.

George Gershwin, no início de 1937, passa a ter fortes dores de cabeça e com sensações estranhas no olfato. Era um tumor no cérebro. No mesmo ano, em junho, ele participou de um concerto com a Orquestra Sinfônica de São Francisco. E em julho, aos 38 anos, em Hollywood, ele veio a falecer. Estava trabalhando nesse tempo na partitura de The Goldwyn Follies.

 

Frases de George Gershwin

"A vida é muito parecida com o jazz. É melhor quando você improvisa."

"A originalidade é a única coisa que conta. Mas o originador usa material e ideias que ocorrem em volta dele e passam por ele. E fora de sua experiência vem a criação original."

"Eu gosto de pensar em música como uma ciência emocional."

"Jazz é uma das melhores coisas que você pode encontrar em sua vida , sempre pode ser seu amigo."

"Quando estou no meu humor normal, a música pinga dos meus dedos."

"A verdadeira música deve repetir o pensamento e inspirações das pessoas e a hora."

 

Sugestão para escutar:

Rhapsody In Blue: Gershwin

https://www.youtube.com/watch?v=ynEOo28lsbc

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Márcio José Matos Rodrigues- Professor de História.

Figura:

https://www.google.com/search?q=imagens+de+george+gershwin&sxsrf=ALiCzsbQG3nHo2I5rMYFKGIJ2EggzHdBMg:1657239739234&tbm

 


terça-feira, 5 de julho de 2022

O compositor italiano Albinoni

 




Em 8 de junho de 1671 nasceu na cidade italiana de Veneza (na época República de Veneza), o compositor barroco Tomaso Giovanni Albinoni, que se destacou na sua época como compositor de óperas e que atualmente se ouve mais falar por sua música instrumental. Foi um estudioso sobre violino e canto. Ele em seu tempo foi tão popular quanto Arcangelo Corelli e Antonio Vivaldi, devido ao estilo pessoal e talento melódico. Mesmo sendo herdeiro de um fabricante de papel bem sucedido não quis gerir a herança do pai (Antonio Albinoni) e tornou-se um compositor para violino, tendo sido um dos primeiro compositores a compor para violino solo.

Johan Sebastian Bach, escreveu fugas sobre temas de Albinoni, como a Fuga sobre um tema de Albinoni em lá, BWV 950 Fuga sobre um tema de Albinoni em si menor, BWV951.

Albinoni compôs seu Opus I em 1694 e dedicou ao também veneziano Pietro Ottoboni, que era sobrinho-neto do papa Alexandre VIII, um mecenas de compositores como Arcangelo Corelli. Há a possibilidade de Albinoni ter sido sido contratado como violinista pelo duque de Mântua, Fernando Carlo, em 1700. Compôs em 1701 as populares suítes Opus 3, dedicando-as ao grão-duque Fernando III da Toscana. Albinoni foi convidado por Maximiliano II da Baviera, em 1722, para dirigir duas de suas óperas em Munique.

Infelizmente, com a destruição da Biblioteca Estadual da Saxônia, durante a Segunda Guerra Mundial, uma considerável parte do trabalho de Albinoni foi perdida, na ocasião do bombardeio de Dresden, em fevereiro de 1945. O famoso "Adágio de Albinoni" (Adágio em sol menor para violino, cordas e órgão) foi uma composição de um outro compositor que se baseou em fragmentos da obra de Albinoni. Não há muitos conhecimentos sobre a vida dele.

Entre as obras de Albinoni existiam aproximadamente oitenta óperas, porém o bombardeio de Dresden destruiu a maior parte. Vinte e oito dessas óperas foram produzidas no período entre 1723 e 1740 em Veneza. Por volta desse ano, foi publicada na França uma coleção de sonatas para violino desse autor. As óperas de Albinoni foram várias vezes apresentadas fora da Itália.

Das trinta cantatas do compositor, só uma foi publicada. A obra dele que mais chegou até os dias atuais foi a obra instrumental, que tinha sido impressa. O que se destacou nessas obras foram os seus concertos para oboé. Aproximadamente vinte outras composições , sem número de opus, existem, na sua maioria na forma de manuscritos. Há obras instrumentais dele que são regravadas com certa regularidade. Albinoni morreu em 17 de janeiro de 1751, em Veneza.

Sugestão para ouvir:

Tomaso Albinoni - Adagio (best live version) https://www.youtube.com/watch?v=_eLU5W1vc8Y

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

Figura:

https://www.google.com/search?sxsrf=ALiCzsaYMsYbCSGemJLW6RUGbNaCRtFLGA:1657076504688&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+albinoni&fir