terça-feira, 7 de março de 2017

As mulheres e a Segunda Guerra Mundial



Considerando-se que no dia 08 de março se comemora o Dia Internacional da Mulher, resolvi escrever este artigo relacionando a mulher com a Segunda Guerra Mundial, pois as mulheres durante essa guerra passaram a participar mais do trabalho nas fábricas,em diversas funções, o que influenciou para que depois do conflito elas  tivessem mais espaço na sociedade. Também estiveram diretamente na guerra como enfermeiras; serviços administrativos; auxiliares em centros de controle anti-aéreo; pilotando aviões; sendo agentes secretas, agindo em movimentos de resistência e  até mesmo como combatentes,em especial no exército da União Soviética (URSS). 

Além das atividades nas indústrias,nas forças armadas e nos movimentos de resistência, as mulheres muitas vezes sofreram violências brutais, sendo agredidas, violentadas, exploradas sexualmente e escravizadas, assim como perdiam entes queridos em ataques aéreos e invasões de exércitos, tinham de suportar a perda de maridos e filhos servindo nas tropas em combate e passavam privações várias.

Na Grã-Bretanha, com a mobilização de 5, 5 milhões de homens, a força de trabalho passa a ser decisiva para que o país se mantenha nesse período difícil, sendo que de início a introdução da mulher de forma maciça no mercado de trabalho causou diferentes reações, porque muitos havia o temor masculino de que após a guerra a força de trabalho feminina permaneceria ativa e acabaria tirando trabalho dos homens.

Do mesmo modo que na Inglaterra, houve outros países como a URSS, o Canadá e os Estados Unidos que adotaram o trabalho feminino na construção de aviões, navios, produção de armas e outras atividades civis e militares. Assim, em 1942, 6 milhões e 769 mil mulheres estavam envolvidas no esforço de guerra na Grã-Bretanha.

Uma das primeiras forças aéreas a admitir mulheres foi a Força Aérea Canadense, tendo sido criada a Força Aérea Feminina Auxiliar do Canadá em 1941. No mesmo ano o Canadá criou o Serviço Feminino Armado Canadense e em 1942 criou a Reserva Feminina Real do Canadá. As mulheres assumiam funções administrativas, o que liberava os homens para lutar. Infelizmente as militares  recebiam uma remuneração menor que os homens.

Também mulheres soviéticas se destacaram nas forças armadas, sendo um bom exemplo a se falar o  das chamadas "bruxas da noite", batizados assim pelos seus inimigos alemães porque atacavam sempre à noite e costumavam bombardear descendo com o motor quase desligado para não serem notadas atacando assim de surpresa. Realizaram mais de 30.000 missões de ataque.

Em relação ao trabalho das enfermeiras, vários exércitos as tinham para atender seus soldados feridos, inclusive a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Cito um trecho  publicado em http://henriquemppfeb.blogspot.com.br: "Os hospitais  de campanha não atendiam somente aos brasileiros e americanos; o socorro era prestado a civis e prisioneiros.Também tiveram problemas com os uniformes; os primeiros deles foi ainda no Brasil. Os uniformes que mandaram confeccionar eram de tão má qualidade e malfeitos que não concebe que tivessem sido feitos para uma representação feminina junto a tropas estrangeiras. As primeiras fardas que receberam eram de brim chamado "Zé Carioca", o mesmo usado para macacões dos mecânicos. O alfaiate escolhido é especialista em fardas para cozinheiros e chofer de praça. Entrando na guerra muito depois das americanas as brasileiras se portaram à altura de suas colegas que lá estavam há dois anos. Inteligentes, adaptando-se rapidamente às exigências da técnica de enfermagem em plena campanha de guerra. À instabilidade oriunda da frente pelos exércitos em luta, mostraram-se resistentes fisicamente diante das longas horas de trabalho, muitas vezes dobrando os seus serviços no desconforto do meio que viviam."

Entre as espiãs destacaram-se mulheres inteligentes e corajosas como  a polonesa Krystyna Skarbek que foi uma das primeiras mulheres a servir como agente britânica na Segunda Guerra Mundial. Primeiro foi enviada para a Hungria para operar uma rede de espionagem que contrabandeava relatórios de inteligência de guerra e protótipos de armas para o Reino Unido e trabalhou junto a agentes e grupos de resistência na Polônia, sendo capturada pela Gestapo. Conseguiu fugir e depois foi enviada pelo Serviço Secreto inglês para a França onde atuou com resistentes franceses.

Uma outra espiã famosa foi a neozelandesa Nancy Wake, que  era jornalista em sua terra natal. Depois de casar com um francês, se mudar para a França e ver esse país ser ocupado por nazistas, ela decidiu que seu novo trabalho seria  contra os interesses de Hitler.  Nancy se juntou à Resistência Francesa e trabalhou ajudando soldados britânicos a escapar de volta ao Reino Unido. Chegou a ser capturada em 1940, porém enganou seus captores e escapou. Chegou a ter um prêmio alto por sua cabeça. Voltou à Inglaterra e foi enviada para a França para coordenar ataques da resistência para o dia D. Sobreviveu à guerra e foi condecorada pelo Reino Unido, França e Estados Unidos. E vários outros exemplos de mulheres assim poderiam ser citados.

Para encerrar, vou citar alguns trechos do historiador Max Hastings em sua obra "Inferno, O Mundo em Guerra, 1939-1945":

"A mobilização das mulheres foi um fenômeno social essencial na guerra, mais generalizado na União Soviética e na Inglaterra".

"Muitas moças sofriam, porém, quando jogadas num mundo fabril vergonhosamente chauvinista, dominado pelos homens".

Referindo-se às trabalhadoras nos Estados Unidos: "Todas as operárias, porém, recebiam salários muito menores, numa média 31,50 dólares por semana, enquanto os homens ganhavam 54,65 dólares".

Sobre mulheres que serviram como soldadas na URSS:  "Muitas mulheres em uniformes eram exploradas sexualmente de maneira impiedosa".

Sobre mulheres trabalhadoras na URSS: "As mulheres que trabalhavam em campos e fábricas na ausência de homens sofriam fome crônica e eram com frequência convocadas a tarefas além de sua capacidade física".

"Todos os países beligerantes empregavam mulheres como enfermeiras, num papel que muitas julgavam compensador".

"Se a guerra expandiu de forma dramática as oportunidades e as responsabilidades das mulheres em algumas sociedades, também intensificou sua exploração, principalmente sexual, num mundo governado pela força".

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Márcio José Matos Rodrigues - Professor de História



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