sexta-feira, 7 de abril de 2017

Orson Welles e a Invasão Alienígena








Era o dia 30 de outubro de 1938, um ano antes do início da Segunda Guerra Mundial, com a invasão da Polônia pelos nazistas em 01/09/1939. O mundo estava conturbado. Na época o exército nacionalista japonês estava em plena ação na China, Mussolini tinha vencido há poucos anos a resistência dos nativos da Somália e imposto sua tirania e Hitler já tinha anexado a Áustria e tinha conseguido vitória na reunião de Munique, tendo os líderes da França e Inglaterra concordado com a anexação dos Sudetos. 

Naquela noite de 1938, milhões de ouvintes sintonizaram a rádio CBS e ouviram a narração de uma invasão de marcianos assassinos e impiedosos contra os Estados Unidos. O programa da rádio dizia que os alienígenas tinham pousado em Chicago e St. Lois, destruído as defesas e estavam envenenando o ar com gás tóxico.

O cálculo feito anos depois foi de que quase um milhão de pessoas acreditaram na notícia. Interessante é que na parte inicial do programa houve a explicação de que a companhia "Mercury Theater", de Orson Welles, estava fazendo um rádio-teatro, inspirado no livro de ficção científica "A Guerra dos Mundos", de H.G Wells, em que a Terra é invadida por marcianos. Portanto, muitos tinham entendido mal e houve pânico, com pessoas que tentavam fugir de carro por rodovias e outros imploravam por máscaras de gás para a polícia.
O medo paralisou três cidades e houve pânico principalmente em localidades próximas a Nova Jersey, de onde a CBS emitia e onde Welles ambientou sua história. Houve fuga em massa e reações assustadas de moradores também em Newark e Nova York.

Orson Welles, com apenas 23 anos, quando a notícia do desespero nas ruas chegou aos estúdios da CBS, foi ao ar  para lembrar os ouvintes que tudo não passava de ficção. Houve até uma investigação por parte da Comissão Federal de Comunicação, porém não foi encontrada nenhuma lei que tivesse sido desrespeitada durante a apresentação de A Guerra dos Mundos. Após o caso, Welles graças à publicidade gerada por isso, foi contratado por um estúdio de Hollywood.

É importante destacar, no caso da transmissão sobre a falsa invasão, a importância que o rádio vinha adquirindo, nos Estados Unidos, no decorrer de menos de 20 anos de sua existência. Já era visto como um veículo de comunicação e credibilidade, transmitindo informações reais, inclusive pelo próprio presidente Roosevelt. Aqui no Brasil, o governo Vargas também se valeu muito do rádio para suas mensagens ao povo. 

Na ocasião do relato da "invasão", o rádio já tinha se firmado há algum tempo como  um instrumento de construção do real. O poder impressionista do rádio, devido à força da crença em tudo que o mesmo dizia , suplantou o discernimento dos ouvintes, a ponto de levarem-nos a fugir, mediante o pânico desencadeado com as notícias.

Para saber mais sobre a transmissão feita por Welles, sugiro acessar o site: https://www.youtube.com/watch?v=xuB7Kf0MflE .

Figura: Google.


Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História



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