quarta-feira, 8 de abril de 2020

A Peste Negra








 


A peste negra ,  foi uma pandemia que causou milhões de mortes (entre 25 e 50 milhões)  na Europa, principalmente no século XIV. Também partes da Ásia e África foram afetadas.  Possivelmente a doença foi trazida da Ásia Central e teria sido trazida por navegadores da cidade de Gênova, na Itália. Há cálculos de que cerca de um terço da população europeia morreu na época. Alguns autores de obras sobre a questão afirmam que as mortes podem ter sido de quase a metade da população. E em alguns lugares da Europa estima-se que cerca de 70% da população morreu. 

A doença é causada pela bactéria Yersinia pestis, que é encontrada em pulgas. Quando as pulgas contaminadas tem contato com os seres humanos há a transmissão. Quando o ser humano já está doente a peste pode ser passada para outros humanos por secreções ou pelas vias respiratórias. 

As primeiras regiões atingidas teriam sido a Mongólia, partes da China, Síria, Mesopotâmia e Egito no início do século XIV. Mais de 20 milhões de pessoas morreram. Os genoveses tinham uma colônia na Crimeia (região hoje em dia disputada por Ucrânia e Rússia). Essa colônia estava cercada por forças tártaras a partir de 1343. Em 1346 tais forças foram atingidas pela epidemia e os seus líderes então começaram a jogar cadáveres contaminados por cima do muro da cidade genovesa e a peste se espalhou por lá. Os genoveses sobreviventes fugiram, mas muitos já estavam com a doença e levaram a doença para Constantinopla, Sicília, Marselha, Gênova e outros locais, daí se espalhando pela Europa. 

Como não se sabia a origem da doença, começou-se a especular sobre quais seriam as causas. Alguns pensavam que eram um castigo de Deus. Judeus chegaram a ser acusados de disseminar a doença. Os europeus começaram a perceber que a peste era muito contagiosa. A pessoa doente podia  morrer em poucos dias ou mesmo em menos de um dia. Cidades e localidades no campo foram atingidos e as mortes ocorriam mais em grandes centros urbanos. Lugares da Europa perseguiram os doentes, isolando-os e deixando-os abandonados para morrer ou em outras situações, havia a execução de pessoas doentes. Houve quem procurasse o isolamento para evitar contato com pessoas doentes. Os cidadãos mais ricos que podiam, saíam das cidades para propriedades no campo. 

Os médicos da época passaram a perceber que muitas pessoas ficavam doentes ao ter contato com doentes e corpos de quem tinha morrido por causa da doença. Assim os doentes eram colocados em isolamento. Médicos e padres eram os que ainda tinham algum contato com os afetados pela peste. Passou-se a não realizar muitas vezes os funerais dos que tinham morrido pela doença e médicos começaram a usar roupas que os protegessem das secreções. Os padres que acompanhavam os doentes geralmente se contaminavam e podiam levar a doença para dentro de congregações, como os mosteiros. 

Com a morte também de coveiros, passou-se a enterrar muita gente que tinha morrido em grandes valas comuns. Ou então, com medo de que os corpos a serem enterrados passassem a doença, havia a queima de cadáveres e de suas roupas. 

Em Florença, na Itália, proibiu-se a entrada de pessoas doentes e houve obras para dar mais condições de higiene à cidade. 

Os sintomas da peste negra são a febre alta, dor de cabeça, vômitos, enjoos, convulsões. Esses sintomas apareciam de 3 a 7 dias após o contágio. 

Após os sintomas iniciais a peste pode ser:

 1-Bubônica, quando afeta o sistema linfático, causando inchaço nas glândulas linfáticas.Há então o aparecimento inicial de tumores pelo corpo, em especial nas virilhas e axilas. Aos tumores os populares deram o nome de bubões. Os tumores se espalham por outras áreas do corpo. Devido aos bubões o outro nome da doença é Peste Bubônica. É o tipo mais comum. 

2-Septicêmica: Atinge a corrente sanguínea. Há então hemorragias e falência de órgãos, aparecendo manchas pretas. Quando as manchas apareciam dizia-se que a morte estava próxima. Por causa dessas manchas é que veio o nome Peste Negra.

3- Pneumônica-Os pulmões são atingidos pelas bactérias, acontecendo tosses contagiosas com pus e sangue. 

A bactéria costuma ser encontrada em roedores e é transmitida ao  homem por meio de pulgas. 

Houve um surto da doença no século VI no Império Bizantino ( a praga de Justiniano), quando morreram centenas de milhares ou talvez mesmo milhões de pessoa na bacia do Mediterrâneo. Entre 1348 e 1350 apareceu o primeiro e maior surto da doença. No decorrer do século XIV outros surtos ocorreram. Em outras ocasiões depois do século XIV a doença apareceu, até o último surto na Europa em 1720, em Marselha, na França. As cidades europeias se tornaram propícias à peste principalmente por causa das más condições de saneamento. Na China, em meados do século XIX, houve um surto de peste que matou cerca de dez milhões de pessoas. 

Hoje em dia para se ter certeza sobre a doença devem ser examinadas as secreções do doente e para prevenir o aparecimento devem ser eliminados os roedores e as pulgas. O indivíduo com a doença pode ser tratado com antibióticos e medicamentos para os sintomas. A bactéria Yersinia Pestis, causadora da peste, foi descoberta pelo médico franco-suiço Alexandre Yersin, em 1894, durante uma epidemia de peste em Hong Kong. O exército japonês usou a bactéria como arma contra os chineses durante a Segunda Guerra Mundial. Durante a Guerra Fria, tanto os Estados Unidos como a União Soviética consideravam um possível uso da mesma bactéria como arma biológica.

Há relatos de que entre 1999 e 2004, houve um total de 38.310 casos  e 2.845 mortes (taxa de mortalidade de 7%). Ocorreram, aproximadamente, 600 mortes entre 2010 e 2015, principalmente na África, vindo em seguida casos na Ásia e na América. A maioria desses casos todos surgiram em áreas rurais. Não só ratos são considerados vetores de transmissão, como também, em menor número, alguns tipos de esquilos e outros tipos de roedores.

 Além da picada de pulgas, que possuem a bactéria em seus intestinos, o contato com secreções dos roedores infectados ou mesmo mordidas deles, podem transmitir a doença. Quando infectados os seres humanos podem transmitir por meio de gotículas respiratórias. Há alguns  cientistas europeus que fizeram estudos recentes sobre a Peste Negra. Eles duvidam que os ratos tenham sido os maiores causadores da peste no século XIV e sim pulgas e piolhos que infestavam as cidades na época. Creio que é uma questão ampla que merece mais pesquisas. Mas com certeza um fator é sem dúvida importantíssimo: A existência de más condições de higiene é fundamental para que haja um número grande de casos da doença. Cidades limpas, saneadas e pessoas com bons hábitos de higiene, com certeza são uma boa forma de prevenção.



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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História


Figura: https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk01zD4qWfSQfrMJFNReWIbRXjPGUCA:1586385635482&q=imagem+de+peste+negra+na+europa+medieval
 




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