sábado, 19 de setembro de 2020

A eleição para presidente dos Estados Unidos em novembro de 2020

 

 

 

Em 3 de novembro de 2020 ocorrerá a 59ª eleição para presidente dos Estados Unidos. Mas como é eleito o presidente desta nação? Os eleitores escolherão os integrantes do Colégio Eleitoral, que se reunirá em 14 de dezembro para eleger o presidente e o vice-presidente. Lá ganha a eleição quem ganha a maioria do Colégio Eleitoral (no total são 538 votos). Tendo pelo menos 270 votos o candidato vence. Os estados mais populosos possuem mais votos. Também haverá no dia 3 de novembro eleições para a Câmara dos Representantes e o Senado e eleições estaduais. Os dois principais candidatos que tem reais chances de vencer serão Donald Trump, do partido Republicano e Joe Bidden, do partido Democrata.  

 A seguir algumas características dos candidatos: 

 

1-Donald Trump: Com 74 anos, é o presidente atual dos Estados Unidos. Eleito em 2016, Trump foi o indicado pelo partido Republicano para tentar a reeleição. É um grande empresário e foi showman em programas de televisão, como os do tipo reality show. Na sua vida político-partidária e como governante ele sempre procurou atrair eleitores mais conservadores, com uma política voltada a um nacionalismo e ao protecionismo econômico em relação a outros países. Tem sido várias vezes polêmico. Adotou em certas ocasiões posturas contra a figura feminina e tem defendido uma política rígida contra os imigrantes ilegais. Entre suas medidas houve um corte de impostos, indicou dois juristas conservadores para a Suprema Corte, retirou os Estados Unidos da Parceria Transpacífica (um acordo comercial) e do Acordo de Paris (sobre obrigações dos países em relação ao meio ambiente), iniciou uma guerra comercial com a China e tentou anular o programa de saúde que Obama estabeleceu. Segundo o órgão de pesquisa Gallup, Trump durante grande parte de seu mandato teve uma média de 40% de aprovação. Houve tentativas da Câmara de afastar Trump do governo, mas ele conseguiu permanecer, pois tem a maioria no Senado. Trump é um defensor de que os cidadãos possam se armar e também se envolveu em um caso de interferência indevida na política ucraniana. Defende uma posição abertamente pró- Israel, tendo se empenhado em aproximar esta nação junto a países islâmicos (recentemente foram estabelecidas ligações diplomáticas com Bahrein e Emirados Árabes). Em relação à sua  religião, ele é cristão presbiteriano.

 

2- Joe Bidden: Tem 77 anos. É oriundo de uma família católica e formado em Direito. Foi senador por vários anos. É considerado dentro de seu partido como um político experiente, sendo uma pessoa que costuma dialogar e se esforçar para negociar com adversários. Na primeira vez tinha 29 quando foi eleito pela primeira vez para o Senado, pelo estado de Delaware. É apoiado pelo ex-presidente Barack Obama, que governou de 2009 a 2017. Bidden foi vice-presidente no governo Obama. É considerado um candidato de centro. É um moderado no partido Democrata, diferentemente de Bernie Senders, com quem disputou a vaga para ser candidato pelo partido. Senders era considerado mais à esquerda, com propostas mais profundas em relação às desigualdades sociais e em defesa da intervenção do Estado em serviços de primeira necessidade. Bidden conta com o apoio da maioria dos afro-americanos e grande parte dos latinos. Os demais candidatos democratas que disputaram a vaga com Bidden o estão apoiando. A sua companheira de chapa para a vice-presidência é Kamala Harris, senadora, de 55 anos, que já foi procuradora na Califórnia, sendo filha de uma indiana e de um jamaicano. A aposta de Bidden ao ter convidado Kamala, é atrair votos dos negros, das mulheres e dos imigrantes, como também outras parcelas dos eleitores. Bidden negociou com os republicanos em 2013 para que fosse aprovada a regra que permitia que o país pudesse se endividar, possibilitando assim que o governo conseguisse funcionar, pois havia a ameaça de falta de verbas. Ele foi o responsável em supervisionar gastos em infraestrutura para conter, no início do governo Obama, a recessão que estava grave naquela época. Ajudou a formular a política dos Estados Unidos em relação ao Iraque até a retirada de contingentes militares de lá em 2011. Em questão de discursos políticos, Bidden já teve alguns problemas em sua forma de comunicação. Foi operado duas vezes no cérebro para retirada de tumores. Como senador participou da elaboração de leis sobre a criminalidade, como por  exemplo em relação ao controle sobre determinado tipo de armas e a Lei de Violência contra as Mulheres. 

 

Nas suas propostas para a presidência, Bidden defende o programa de saúde de Obama, o Obamacare e quer expandir o programa. Deseja triplicar o repasse federal para escolas com alunos de menor renda e propõe 750 bilhões de dólares para as instituições de ensino superior para que as community colleges, de ensino superior mais simples, tornem-se gratuitas. Ainda quanto à educação, propõe que as universidades públicas de 4 anos sejam gratuitas para famílias que ganham até 125 mil dólares anuais. Em relação ao meio ambiente, quer que os Estados Unidos voltem ao Acordo de Paris e deseja criar um programa ambiental chamado Clean Energy Revolution  para incentivar o uso de energia limpa. Para financiar seus projetos Bidden pretende taxar as grandes fortunas. A tributação sobre os lucros passaria de 21% para 28%. Também o imposto sobre a renda mudaria, pois os salários acima de 400 mil dólares anuais aumentariam de 37% para 39,6%.

 

A disputa entre os dois candidatos mencionados está acirrada. Trump, durante a pandemia do novo corona vírus, teve uma conduta deplorável, tendo várias vezes minimizado os perigos e fazendo sugestões absurdas para a cura. Nas recentes manifestações em muitas cidades contra o racismo enalteceu muito a conduta da polícia (ainda que tenham sido divulgadas notícias sobre casos de abusos contra os direitos humanos por parte de uma parcela dos policiais)  e  demonstrou desprezo por todos que protestavam nas ruas (embora tenham existido alguns excessos, a maioria estava pacificamente lutando por direitos). Ainda que tenha se portado assim, possui chances de vitória e tem procurado meter medo nos eleitores acusando os democratas de comunistas. 

 

A colunista Vilma Gryzinski em sua coluna na revista Veja de 2 de setembro de 2020 disse : “Como Donald Trump ainda está vivo é um dos mais interessantes enigmas da política atual. Inclusive pelo que tem de comparável com o Brasil. Por vivo entenda-se que, segundo as pesquisas, continua a ter acima de 40% dos votos na eleição de novembro. Ou 8 pontos, em média, abaixo de Joe Bidden. Por seus conhecidos defeitos, martelados e amplificados pela cobertura hostil da maioria dos veículos de imprensa, pela compulsão por tuitar e se autossabotar, pelas 180 mil vidas ceifadas pelo vírus e pela economia implodida, já deveria estar politicamente humilhado, morto e enterrado. E ainda: ..."Com uma base fiel, Trump não só continua no jogo como tem uma aprovação superior, em matéria de condução da economia, à de Bush filho e de Obama, no mesmo período de seus mandatos: 47%.” E segundo Fernando Lavieri, na revista Isto é de 16 de setembro: “Decepcionou-se quem acreditava que o discurso agressivo recheado de mentiras, misogenia e distorções históricas seria rechaçado nas eleições americanas deste ano. Candidato à reeleição pelo partido Republicano, o presidente Donald Trump tem chances reais de vitória. Ele entende que essa retórica dá certo e é o que uma parcela estratégica do eleitorado quer ouvir. Por isso reafirma sua tática aos ataques ao adversário Joe Bidden, ao Partido Democrata e ao maior desafeto pessoal, o antecessor Barack Obama. Joe Bidden, ao contrário, aposta no cansaço da sociedade americana com um discurso de ódio. Apresenta-se como um conciliador, um pacificador em tempos de polarização. Ao invés de apoiar incondicionalmente os policiais, que tem sua ação cada vez mais questionada, o democrata reforça seus laços históricos com os negros e exalta a diversidade cultural e racial da sociedade americana”. Segundo o autor citado, o presidente Trump, que usa a máquina governamental a seu favor, fortalece assim seu discurso conservador e se coloca como um defensor da “lei e da ordem”.

 

Diante do que foi dito, não há certezas sobre quem vai vencer. Como a eleição é indireta, pode não adiantar ter o maior número de votos. Hillary Clinton teve mais votos em 2016 e não venceu. O candidato vencedor será o que tiver mais votos no Colégio Eleitoral. O Partido Democrata tem incentivado aos seus eleitores que não deixem de votar, inclusive pelo correio, o que é permitido. Trump, possivelmente tendo seus temores de que haja uma vitória democrata, coloca em dúvida a votação pelo correio, afirmando que há possibilidades de fraude. Sem dúvida será uma eleição bem disputada. E no Brasil, o presidente Bolsonaro já demonstrou claramente sua preferência por Trump, inclusive tomando medida favorável ao governo Trump, facilitando a entrada do etanol dos Estados Unidos, enquanto o aço brasileiro enfrenta dificuldades para entrar no mercado de lá. Não é de hoje que Bolsonaro apoia Trump. Foram muitas as manifestações de admiração dele pelo presidente norte-americano. Mas e se Bidden vencer? Bem, quem sabe este possa ser assunto no futuro para outro artigo neste blog... 

 

 

“Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”. 

Abrahan Lincoln

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Márcio José Matos Rodrigues- Professor de História

 

Figura:

https://www.google.com/search?q=imagem+de+elei%C3%A7%C3%A3o+nos+estados+unidos&client=firefox

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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