segunda-feira, 26 de julho de 2021

O escritor inglês Aldous Huxley autor do livro "Admirável Mundo Novo"

 





 

O escritor modernista inglês Aldous Huxley, que destacou-se por obras de ficção científica, nasceu em 26 de julho de 1894 em Godalming, Surrey, na Inglaterra. Sua obra principal foi Admirável Mundo Novo. Além de romances, escreveu também ensaios, contos, poesias, literatura de viagem e roteiros de filmes. Foi indicado por sete vezes ao Prêmio Nobel de Literatura. Era humanista e pacifista. Tinha interesses no misticismo filosófico e no universalismo. Em sua obra Admirável Mundo Novo, publicado em 1932, ele apresentou sua visão de distopia e na obra Island, mostrou sua visão de utopia.

Entre os ancestrais de Aldous, seu avô, Thomas Henry Huxley, foi um grande biólogo e defensor da teoria evolucionista de Darwin. A tia pelo lado materno, Humphrey Ward, era romancista. Havia outros membros da família ligados à literatura.

Aldous viveu em Godalming até 1908, ano da morte de sua mãe. Começou a estudar na Eton College, porém em 1910 foi obrigado a deixar o colégio por causa de ceratite, uma doença que atingiu seus olhos. Recuperou parte de sua visão e se formou em Inglês em 1916, pela Universidade de Oxford, porém não tinha visão suficiente para ser aceito pelo exército britânico que lutava na Primeira Guerra Mundial. Conheceu em Oxford os escritores Lytton Strachey e Bertrand Russell e ficou amigo de D. H. Lawrence. No período entre 1919 e 1921 o escritor participou da equipe de trabalho da revista Athenaeum.

Lançou em 1921 uma série de romances e novelas: "Crome Yellow". Na década de 1920 viveu durante alguns anos na Itália governada pelo líder fascista Mussolini. Essa experiência de vida inspirou o autor em criações de sistemas autoritários em obra suas. Em 1919 Huxley casou-se com a belga Maria Nys e com ela teve um filho, Matthew Huxley, que veio a ser escritor, antropólogo e epidemologista.

Huxley levou 4 meses para escrever Admirável Mundo Novo em 1931. Com esse livro o autor demonstrava sua preocupação com a liberdade individual diante de Estados altamente controladores. Em 1937 o escritor mudou-se com a sua esposa e filho para Los Angeles. Em 1938 passou a trabalhar para o cinema em Hollywood. São dessa fase os romances Também o Cisne Morre (1939), O Tempo Pode Parar (1944), O Macaco e a Essência (1948). Tornou-se amigo de Jiddu Krishnamurti e os dois fizeram um intercâmbio que durou muitos anos. O escritor também fez parte do círculo hindu Swami Prabhavananda. É desse tempo o livro A Filosofia Perene sobre ideias espirituais. Nessa obra o autor diz que há realidades além dos “cinco sentidos”. Segundo Christopher Isherwood, Huxley ganhou mais de 3000 dólares por semana como roteirista, dinheiro usado para ajudar escritores e artistas judeus irem da Alemanha dominada pelos nazistas para os Estados Unidos.

Em 1938 ele foi contratado pela Metro-Goldwyn-Mayer para trabalhar no filme Madame Curie. Huxley trabalhou em outros filmes também como Orgulho e Preconceito (1940) e  Jane Eyre (1944). A esposa de Huxley morreu em 1955 de câncer e em 1956 casou-se com a escritora, violinista e psicoterapeuta italiana Laura Archera, que escreveu tempos depois This Timeless Moment, uma biografia sobre Huxley.

Huxley escreveu As portas da percepção (1954)em relação às suas experiências com mescalina iniciadas em 1953. Tal livro teve influência na cultura hippie. Embora ele tenha feito experimentos com LSD, não era participante do movimento hippie, pois o escritor tinha ideias e hábitos diferentes. O que ele procurava era abordar a questão dos psicoativos ligada à antropologia e à filosofia.

Mesmo tendo sido diagnosticado com câncer de laringe em 1960, Huxley continuou escrevendo, ainda que com a saúde fragilizada. Ele escreveu o romance A Ilha e foi professor no Centro Médico São Francisco da Universiade da Califórnia e no Instituto Esalen, lecionando sobre as potencialidades humanas. Ele foi um dos principais fundadores da escola Happy Valley School (depois chamada de Besant Hill School of Happy Valley).  Em 1962 a Real Sociedade de Literatura o homenageou com o título de “Companheiro de Literatura”.

Huxley veio a falecer em 22 de novembro de 1963, com 69 anos, devido ao agravamento do câncer, já estando sem poder falar. Suas cinzas foram enterradas no jazigo de família no cemitério de Watts, na vila de Compton, na Inglaterra. Entre suas principais obras podem ser citadas: Admirável Mundo NovoO Macaco e a EssênciaA IlhaAs Portas da PercepçãoA Situação Humana.

Algumas características das obras de Huxley: fluxo de consciência, linguagem experimental, realidade absurda, impressionismo, caráter antiacadêmico, fragmentação, pessimismo, sátira, enredo distópico.

Na sua obra Admirável mundo novo, há um futuro distópico e as pessoas são controladas socialmente em um meio muito avançado cientificamente e tecnologicamente. Há uma alienação social com o uso de uma droga chamada “soma”. O industrial Henry Ford é adorado e há um Estado Mundial, não havendo mais as famílias nucleares. Os seres humanos nesta sociedade são gerados artificialmente no Centro de Incubação e Condicionamento. No processo de desenvolvimento destas pessoas é determinada a camada social e há um condicionamento para cada um agir conforme seu grupo social. O grupo dominante (os Alfa) é constituído pelos intelectuais e os outros grupo são considerados inferiores, sendo a casta mais baixa os Ípsilons, que só se dedicam a trabalhos manuais. Há um local onde há seres humanos considerados “selvagens” e onde não passaram por condicionamento. Lá há um filho de dois habitantes do mundo considerado “civilizado”, Tomakin e Linda. Ela tinha caído de uma elevação e passou a viver na reserva dos “selvagens” onde deu à luz a seu filho John, que depois, já adulto, foi levado para a “civilização”, onde passa a questionar e criticar o modelo desta sociedade. Huxley pretendeu com essa obra fazer um alerta para potenciais perigos que existem na sociedade com seus avanços científicos que podem ser utilizados para dominar as pessoas.

Segundo a autora Dilva Frazão:

“Aldous Huxley (1894-1963) foi um escritor inglês, autor do clássico da literatura “Admirável Mundo Novo”. Suas meditações em torno das experiências com drogas alucinógenas foram relatadas no livro “As Portas da Percepção”.

Aldous Leonard Huxley nasceu em Godalming, Inglaterra, no dia 26 de julho de 1894. Filho de um professor e escritor e neto de um famoso naturalista, Huxley cresceu em um ambiente cercado de vasta elite intelectual. Estudou no Eton College, mas foi obrigado a abandonar os estudos por causa de uma doença nos olhos que o deixou quase cego (...)”

E ainda a mesma autora:

“(...) Suas primeiras publicações foram coletâneas de poemas, entre eles “The Burning Wheel” (1916) e “Jonah” (1917). Atuou como jornalista para a revista Athenaeum e como crítico de teatro para a Westminster Gazzette. Publicou sua primeira prosa “limbo” (1920) e sua primeira novela “Crome Yellow” (1921), onde faz uma crítica severa aos ambientes intelectuais.

Aldous Huxley fez várias viagens para manter contato com a intelectualidade europeia. Esteve em Paris e em seguida residiu na Itália, época em que escreveu “Point Counter Point” (1928) na qual mostra sua solidez intelectual e as técnicas modernas da arte da novela. Em 1932 publicou seu livro mais importante e que o tornaria mais conhecido “Admirável Mundo Novo”, onde alia sátira e ficção, de caráter visionário e pessimista de uma sociedade regida por um sistema de castas. Em 1936 publicou “Eyeless in Gaza”, de caráter autobiográfico.

Em 1937, Aldous Huxley mudou-se para os Estados Unidos, esteve na Califórnia e no ano seguinte foi para Hollywood, onde passou a escrever roteiros para o cinema. Em seguida, começou a época mística de sua carreira. Em 1941 aproximou-se da literatura religiosa da Índia e manteve contato com a “Vedanta Society” de Los Angeles. Publicou “The Art of Seeing” (1942) e “Time Must Have a Stop” (1944), este inspirado no Livro Tibetano dos Mortos. Em 1946 pulicou uma coletânea comentada de textos místicos, “La Philosophia Eternelle” (A Filosofia Perene), onde busca um substrato comum de várias perspectivas individualistas (...)”.

 

Frases de Aldous Huxley

 “Aprender pouco é algo perigoso.”

 “O homem tem vivido demasiadamente no planeta à moda de um parasita que se sustenta daquele a quem infesta.”

“Se queremos ser bem tratados pela natureza, temos de tratar bem a natureza.”

 “O nacionalismo usa todos os recursos da educação para criar uma lealdade artificial.”

“Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música.”

“Experiência não é o que acontece com um homem; é o que um homem faz com o que lhe acontece.”

“O degrau da escada não foi inventado para repousar, mas apenas para sustentar o pé o tempo necessário para que o homem coloque o outro pé um pouco mais alto.”

“Os fatos não deixam de existir só porque são ignorados.”

“O silêncio está tão repleto de sabedoria e de espírito em potência como o mármore não talhado é rico em escultura.”

“Conhecimento não é aquilo que você sabe, mas o que você faz com aquilo que você sabe.”

“Os homens são animais muito estranhos: uma mistura do nervosismo de um cavalo, da teimosia de uma mula e da malícia de um camelo.”

“Dá tanto trabalho escrever um livro mau como um bom; ele brota com igual sinceridade da alma do autor.”

“Os fatos são como os bonecos dos ventríloquos. Sentados no joelho de um homem sábio articularão palavras de sabedoria; noutros joelhos, não dirão nada ou dirão disparates, ou comprazer-se-ão em puro diabolismo.”

“As paródias e as caricaturas são as formas mais agudas de crítica.”

“Os provérbios são sempre chavões até você experimentar a verdade contida neles.”

“As palavras nos permitiram elevar-nos acima dos animais, mas também é pelas palavras que não raro descemos ao nível de seres demoníacos.”

“Convenientemente aplicada a qualquer situação, o amor vence sempre. É um fato que se verifica empiricamente. O amor é a melhor política. A melhor não só para os que são amados, mas também para quem ama. Pois o amor é um potencial de energia"

“Devemos o progresso aos insatisfeitos.”

“As únicas pessoas completamente constantes são os mortos.”

“Se considerais ter agido mal, arrependei-vos, corrigi os vossos erros na medida do possível e tentai conduzir-vos melhor na próxima vez. E não vos entregueis, sob nenhum pretexto, à meditação melancólica das vossas faltas. Rebolar no lodo não é, com certeza, a melhor maneira de alguém se lavar.”

“Se apenas soubesse quem realmente sou, deixaria de me comportar como penso ser. E se parasse de me comportar com penso ser, saberia quem sou.”

“O bem da humanidade deve consistir em que cada um goze o máximo de felicidade que possa, sem diminuir a felicidade dos outros.”

“Uma verdade sem interesse pode ser eclipsada por uma mentira emocionante.”

“Reprimido, o impulso transborda, e a inundação é sentimento; a inundação é paixão; a inundação é loucura até: tudo depende da força da corrente, da altura e da resistência do dique.”

“Vivemos, agimos e reagimos uns com os outros, mas sempre e em quaisquer circunstâncias existimos a sós. (...) Abraçados, os amantes buscam desesperadamente fundir seus êxtases isolados numa única auto-transcendência; debalde. Cada espírito, em sua prisão corpórea, está condenado a viver e gozar em solidão.”

“As palavras podem ser como os raios-x, se as usarmos adequadamente: penetram em tudo. A gente lê e é transpassado.”

"A felicidade não é atingida pela busca consciente de felicidade; ela é geralmente um subproduto de outras atividades."

“A verdade é grande, mas maior ainda, do ponto de vista prático, é o silêncio sobre a verdade.”

“⁠Todo homem que sabe ler tem o poder de engrandecer a si mesmo, de multiplicar a forma como existe, de tornar sua vida plena, significante e interessante.”

“As palavras formam os fios com os quais tecemos nossas experiências.”

“Não basta que as frases sejam boas, seria preciso que o que delas se fizesse também fosse bom.”

“Mas é que, quando não se conhece a História, os fatos relativos ao passado, em geral, parecem mesmo incríveis.”

“"Seriedade mal aplicada - eis a origem de alguns de nossos erros mais fatais. Só devemos levar a sério o que merece ser levado a sério. E, no plano estritamente humano, nada merece ser levado a sério, a não ser os sofrimentos que os homens afligem a si mesmos pelos seus crimes e loucuras."

 

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

Figura: 

https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk02wJb6rVQ5Pgk8W1jKeShilxLL76Q:1627312025197&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+aldous+huxley&sa


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