quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Dia do Servidor Público






 

O Dia do servidor público é comemorado no dia 28 de outubro. No governo Vargas, em 1937, foi criado o Conselho Federal do Serviço Público.  Em 1938, para organizar e controlar o Serviço Público foi criado o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Com esse departamento procurou-se também criar um corpo de funcionários especializados. E em 28 de outubro de 1939, foi assinado o decreto nº 1.713, onde se encontram as leis que regem os direitos e deveres dos servidores dos serviços públicos. O então presidente Getúlio Vargas, em 1943, decretou como feriado do Dia do funcionário público a data de promulgação dessa lei.


O novo Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais (a Lei nº 8112) foi publicado em 11 de dezembro de 1990, havendo alterações em várias disposições da antiga lei, mas os direitos e deveres desses servidores estão definidos e estabelecidos na Constituição Federal do Brasil, além dos estatutos das entidades em que trabalham. Os serviços prestados podem ser de várias áreas de atuação como da saúde, justiça, segurança etc. Os serviços públicos estão divididos em classes hierárquicas, conforme os órgãos do governo, que podem ser municipais, estaduais ou federais.
     
Os servidores tem seus salários pagos pelos cofres públicos de acordo com a esfera (municipal, estadual ou federal).

O servidor público deve ser honesto, atender bem a população, sendo prestativo e  atencioso. Por outro lado, devem ser dadas boas condições para ele exercer um bom trabalho.

          O Dia do Servidor Público Aposentado no Brasil é comemorado  em 17 de   junho.

 No Brasil, o funcionalismo público fez-se presente desde os tempos coloniais. O receio de  invasões estrangeiras e a necessidade de desenvolver a economia luso-americana tornaram urgente a ampliação da máquina burocrática metropolitana atuante na colônia,  a    partir de 1530. Depois veio a família real portuguesa ao Brasil em 1808, que trouxe milhares  de pessoas, entre elas funcionários reais.  A partir desse momento, tomou-se maior consciência da importância do trabalho administrativo. 

     Com a proclamação da independência, o país se tornou  império, depois república. Durante a sua história política estavam presentes os servidores, que contribuíram na administração da máquina pública. Com a Proclamação da República, o serviço público passou a ter ainda maior importância dentro da enorme organização administrativa que se formou.

     Por um período longo o ingresso no serviço público brasileiro, foi feito, em grande parte, por meio do que é referido como “apadrinhamento”, isto é, troca de favores, não existindo a necessidade de aprovação em concurso. A Constituição de 1988 representou um avanço social fundamentado pelo princípio da igualdade de oportunidades e equidade de direitos que todo cidadão deve ter. Assim por meio do art. 37, parágrafos I e II, foi estabelecida a obrigatoriedade do concurso como meio de ingresso na carreira pública.

Art. 37. A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, e também, ao seguinte:

 I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei;

II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

O funcionário ou servidor público é assim definido pelo Código Penal brasileiro: "Art. 327 - Considera-se funcionário ou servidor público, para os efeitos penais, quem embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego, serventia ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.


A formação humana e a construção do sujeito-cidadão são  pontos importantíssimos para que, cada vez mais, indivíduos totalmente conscientes de seu papel social ingressem nas atividades que envolvam cuidado com o bem público.

  
Fazendo-se uma análise crítica, percebe-se que o Estado tem ligações com interesses presentes na sociedade. No Brasil, desde as suas origens, os serviços públicos sofreram e sofrem intervenção de poderosos interesses. O clientelismo está presente quando se trata de administrações públicas. Não raramente já se viu o uso da máquina pública para atender objetivos eleitorais e também não poucas vezes já se noticiou a respeito de desvios de verbas nas três esferas de poder (municipal, estadual e federal) e nos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).


Infelizmente, o serviço público brasileiro nas últimas décadas tem enfrentado diversas dificuldades como falta de equipamentos, condições inadequadas, ausência de concursos públicos, aumento das terceirizações e existência em várias situações pelo país de problemas nos salários (atrasos no pagamento, congelamentos salariais etc).


 A seguir algumas origens históricas do funcionalismo público no mundo:


Na China Antiga- Houve grande influência do confucionismo. Confúcio foi indicado, aos 51 anos de idade,como funcionário chefe da cidade de Chung Tu e, pelo seu desempenho, chegou a ser promovido ao posto de Oficial dos Serviços Públicos, e depois, ao de Grande Oficial da Justiça em sua província. Partiu, aos 55 anos, numa jornada de treze anos visitando os Estados vizinhos e falando aos grandes senhores sobre suas ideias. Segundo Mêncio, discípulo de Confúcio, o Governo deveria ser responsabilidade dos Sábios e “o povo é o tesouro máximo”(fica em primeiro lugar) . O Sábio deveria ocupar o ápice da pirâmide hierárquica. Os letrados seriam os censores do soberano e controlariam o despotismo (Esses aspectos reforçam a necessidade de se valorizar as qualidades das pessoas que representam o Estado e a importância de atender bem a população).

        Havia o sistema imperial de exames.  Surgia uma aristocracia intelectual e letrada que após passar por sucessivos exames imperiais tomava posse de todos os postos político-administrativos. A elite política, cultural e militar da nação era representada pelo mandarinato. Assim tinha-se uma posição com prestígio, com autoridade, poder e importantes vantagens econômicas.

 Foi na dinastia Song (960-1279), que foi reforçado o caráter obrigatório dos exames como o único meio de acesso aos serviços da administração civil do reino, ao mesmo tempo que as matérias que eram objeto de estudo eram bastante ideologizadas; houve com a dominação mongol, (1206-1368), uma interrupção do sistema de exames; com a dinastia Ming (1368-1644), aconteceu um renascimento do sistema que foi acompanhado de uma grande liberalização no acesso, permitindo a entrada de camponeses, artesãos e mercadores, havendo o barateamento do custo dos livros, que passaram a ser impressos em tabuinhas de madeira. Segundo alguns críticos, tal sistema valorizava mais uma rigidez nos costumes do que a criatividade. Porém, se vê que há nesse sistema a preocupação em verificar se existe, segundo os critérios estabelecidos com forte influência de pensamentos confucionistas, a devida capacidade para se exercer os cargos na administração, permitindo que até camponeses possam participar desse processo seletivo.
  
2-Em Atenas havia um órgão executivo responsável pelo dia a dia de funcionamento do Estado, o Conselho dos 500. Esse corpo, cujos membros eram escolhidos anualmente em um tipo de sorteio, tinha objetivo de preparar e organizar os trabalhos da assembleia do povo, a Eclésia. O Conselho também administrou as finanças do Estado, recebeu embaixadores estrangeiros, e supervisionou a manutenção da frota de navios ateniense.

 Um aspecto importante na época da democracia ateniense era o fato de que os seus funcionários públicos não tinham muito poder individual. Em tempos de guerras, um grupo especial de generais tomava decisões sobre assuntos militares. Quase todos os funcionários do governo, incluindo generais e os membros do conselho, bem como os cidadãos que serviam em júris eram pagos por seus serviços. 
  
3-Na República Romana, na Antiguidade, havia os magistrados, como os pretores, questores, censores, tribunos, edis, consules etc, que eram altos cargos da administração pública. Os senadores, ocupando o mais nobre cargo do funcionalismo público, eram consultores do imperador e governantes das principais províncias. Escravos públicos realizavam tarefas de interesse geral e trabalhavam para os serviços municipais: a sua situação variava podendo, por exemplo, se dedicar à limpeza, ao serviço dos edifícios públicos ou nas tarefas da administração.

Para encerrar este artigo, quero fazer menção aos famosos escritores brasileiros que foram do serviço público.

Houve vários casos de escritores, poetas, compositores que estiveram nesta área como: Machado de Assis que atuou como servidor público por quarenta anos iniciando como tipógrafo da Imprensa Nacional e chegando a ser diretor do Ministério da Aviação; José de Alencar: atuou inclusive como ministro de justiça; Carlos Drummond Andrade, ingressou no serviço público, em 1934, sendo inclusive assessor do ministro da educação e se aposentou do serviço público em 1962; J. J. Veiga:autor goiano que chegou a trabalhar 5 anos no serviço público;  Murilo Rubião: nome de destaque do realismo fantástico também atuou como servidor público, inclusive sendo chefe de gabinete de JK e adido cultural na Espanha; Euclides da Cunha: O autor de Os Sertões atuou anos no serviço público;  Lima Barreto: em 1903 entrou no serviço público  na secretaria de guerra; Manuel Antônio de Almeida: No serviço público foi chefe de Machado de Assis na tipografia nacional; Marcos Peres: o autor é um dos raros autores que ainda exercem a função pública, como técnico judiciário do Tribunal de Justiça do Paraná; Ivana Arruda Leite: a autora e mestre em sociologia atuou no funcionalismo público até o ano de 2013. E também: Raul Pompeia; Olavo Bilac; José Veríssimo; Franklin Távora; Aluísio Azevedo, “Cartola”, Augusto dos Anjos e tantos outros...
  
A seguir uma poesia de Drumond que fala dele como trabalhador no funcionalismo público: 

 Poema Confidência do Itabirano

 Alguns anos vivi em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres, sem horizontes.
E o hábito de sofrer que tanto me diverte,
é doce herança Itabirana.
De Itabira trouxe prendas que ora te ofereço:
este são Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói.                           
 Carlos DrumondAndrade
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Figura: Google








































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