domingo, 1 de outubro de 2017

"Dia Internacional da Música"










Dia primeiro de outubro se comemora o Dia Internacional da Música. Esta data especial foi criada em 1975, pelo International Music Council, organização não governamental fundada com o apoio da UNESCO, em 1948, com o objetivo de levar a música a toda à sociedade, promovendo paz e amizade A música é capaz de despertar os mais diversos sentimentos nas pessoas: alegria, tristeza, saudade, raiva e pode dar uma incrível sensação de bem estar ou, de acordo com a situação, até mesmo de incômodo. É uma expressão artística antiga e ligada a vários povos e muitas culturas, desde tempos remotos, estando presente como produção cultural, como parte de religiões ou só voltada para o  entretenimento. A música é uma linguagem local e global.

Em relação à História da Música, pode-se se dizer que é o estudo das origens e evolução da música. Como integrante dos estudos da História, insere-se na história da arte e no estudo da evolução cultural dos povos. É considerada uma divisão da musicologia e da teoria musical no que diz respeito a ser também uma disciplina musical.  Além dos historiadores, os musicólogos também se dedicam à pesquisas na área musical. Segundo Marius Schneider (um etnomusicólogo alemão), em 1957: “Até poucas décadas atrás o termo ‘História da Música’ significava meramente história da música erudita européia. Foi apenas gradualmente que o escopo da música foi estendido para incluir a fundação indispensável da música não européia e finalmente da música pré-histórica.”

A questão teórica e metodológica da História da Música é ampla, não sendo possível abordar aqui neste artigo, podendo os interessados pesquisarem em sites ou livros específicos. Mas vou fazer alguns comentários sobre a música na pré-História, Antiguidade, Idade Média etc e também falar de outros aspectos. 

O homem da pré-história , em relação à música, começou com imitações sonoras com o som dos As primeiras imitações sonoras do homem da pré-história, foram unicamente através do som dos movimentos corporais acompanhados de sons vocais, eles almejavam completar a possessão do animal na sua essência. Quando o ser humano tomou consciência de si, procurou as respostas do que não entendia: as primeiras respostas foram mágicas, com as crenças espirituais apareceram as religiões, sendo que para certas culturas havia uma origem divina na música, acreditando que os sons tinham sido dados por uma divindade. E apareceram as primeiras lendas sobre a origem da música.

Roland de Candé, na sua obra " História Universal da Música" considera que os antropoides do período terciário se manifestavam sonoramente com batidas com bastões, percussão corporal e objetos entrechocados; os hominídeos do Paleolítico Inferior davam gritos e imitavam sons da natureza; no Paleolítico Médio, já havia um desenvolvimento do controle da altura, intensidade e timbre da voz à medida que as demais funções cognitivas se desenvolviam, culminando com o surgimento do Homo Sapiens entre  70.000 e 50.000 anos atrás; por volta de 40.000 anos atrás houve a criação dos primeiros instrumentos musicais para que fossem imitados os sons da natureza e o desenvolvimento da linguagem falada e do canto; a criação de instrumentos com mais controle, feitos de pedra, madeira e ossos aconteceu aproximadamente entre 40.000 anos a aproximadamente 9.000 a. C; no período Neolítico houve a criação de membranofones e cordofones, os primeiros instrumentos afináveis; com o surgimento da metalurgia por volta de 5.000 a.C houve a criação de instrumentos de cobre e bronze e com o desenvolvimento econômico maior, com povoações  permanentes nessa época, aparecem as primeiras civilizações musicais com sistemas de música com escalas e harmonia. 

Na Antiguidade, segundo muitos historiadores, há uma música cheia de sentido ritualístico e com muito uso da voz como instrumento, esse uso da voz permitia a comunicação com os deuses e com o povo. Na Grécia seria uma forma de se estar mais próximo dos deuses e a caminho da perfeição, sendo que o termo música estaria ligado à Musas, que inspiravam a Ciência e as artes. A música estava junto à dança e ao teatro e ao som da lira eram recitados poemas. O filósofo grego Pitágoras, descobriu as notas e os intervalos musicais. Ele acreditava que a música e a matemática formavam a chave para os segredos do mundo.

Em Roma, houve a influência grega, dos etruscos e de outros povos. A música era usada na guerra, para sinalizar ações dos soldados e cantar hinos de vitórias alcançadas, possuindo também a música um papel importante em aspectos religiosos.

Os antigos egípcios acreditavam na "origem divina" da música, que estava relacionada a culto aos deuses.

Os chineses, que igualmente usavam a música na religião e em eventos civis, perceberam a importância de como ela refletia sobre o povo, utilizando-a como forma marcante em relação a momentos históricos e a imperadores. Eles acreditavam no poder mágico da música, como um espelho fiel da ordem universal.

Os indianos possuíam uma música sistematizada em tons e semitons, e não utilizavam notas musicais. Seu sistema musical denominava-se “ragas”, que permitiam o músico utilizar uma nota e exigia que omitisse outra.

A música na Idade Média na Europa Ocidental sofreu a influência poderosa da Igreja Católica, que ditava regras culturais, sociais e políticas de toda a Europa, com isto interferindo na produção musical daquele momento. Havia a música “monofônica” (que possui uma única linha melódica), sacra ou profana. A música utilizada nas cerimônias católicas era o “canto gregoriano”. Aproximadamente no século VI a Igreja  fez do canto gregoriano elemento muito importante no culto.

O  “Organum", no século IX, começa a se desenvolver. São as primeiras músicas polifônicas com duas ou mais linhas melódicas. No século XII compositores da Escola de Notre Dame reelaboraram novas partituras de Organum.

No século XIV começa a música renascentista, na qual os artistas objetivavam compor uma música mais universal, procurando se distanciar das práticas da igreja. Existia um encantamento pela sonoridade polifônica, pela possibilidade de variação melódica. Surgem então as seguintes músicas vocais profanas: a “Frótola”, o “Lied” alemão, o Villancico”, e o “Madrigal” italiano. Os compositores escreviam madrigais em sua própria língua e não o latim. O madrigal é para ser cantado por duas, três ou quatro pessoas.

No contexto que engloba a chamada Idade Moderna (do século XV ao século XVIII), surge o estilo artístico Barroco. A música barroca, surge no século XVII e tem seu auge no século XVIII. Era uma música de conteúdo dramático e muito elaborado. Neste período estava surgindo a ópera musical. Entre os grandes compositores da época podem ser citados Antonio Vivaldi na Itália, na Inglaterra Haendel (que era um compositor germânico) foi muito bem sucedido com vários gêneros de música e na Alemanha Bach  torna-se o maior representante da música barroca. A música barroca foi muito fértil contendo elaborações, brilhantismo e imponência não vistos anteriormente na história da música.

No século XVIII surge a “Música Clássica”. O termo “clássico” deriva do latim “classicus”, que significa cidadão da mais alta classe. Neste período da música édestacam-se os compositores  Haydn, Mozart e Beethoven (em suas composições iniciais). A orequestra toma forma e começa a ser valorizada. As composições para instrumentos, pela primeira vez na história da música, passam a ser mais importantes que as compostas para canto.. A “Sonata”, que vem do verbo sonare (soar) é uma obra em diversos movimentos para um ou dois instrumentos. A “Sinfonia” significa soar em conjunto, uma espécie de sonata para orquestra. A sinfonia clássica é dividida em movimentos.  Haydn e Mozart  foram os músicos que aperfeiçoaram e enriqueceram a sinfonia clássica. Outra forma de composição surgida no período clássico é o “Concerto”.Ele apresenta uma espécie de luta entre o solo instrumental e a orquestra. No período Clássico da música, os maiores compositores de Óperas foram Gluck e Mozart.

No século XIX, vem os "Românticos". Enquanto os compositores clássicos buscavam um equilíbrio entre a estrutura formal e a expressividade, os compositores do “Romantismo” pretendem maior liberdade da estrutura da forma e de concepção musical, valorizando a intensidade e o vigor da emoção, revelando os pensamentos e sentimentos mais profundos. É nesse período que a emoção humana é demonstrada de forma extrema. O Romantismo na música começa com Beethoven e passa por compositores como Chopin, Schumann, Wagner, Verdi, Tchaikovsky, R. Strauss, entre outros. No "Romantismo" houve também o “Nacionalismo” musical, estilo pelo qual os compositores buscavam expressar de diversas maneiras os sentimentos de seu povo, estudando a cultura popular de seu país e aproveitando música folclórica em suas composições. A valsa do estilo vienense de Johann Strauss é um típico exemplo da música nacionalista.

No século XX há uma série de novas tendências e técnicas musicais. Algumas tendências e técnicas importantes já se estabeleceram no decorrer do século XX. São elas: Impressionismo, Nacionalismo do século XX, Influências Jazzísticas, Politonalidade, Atonalidade, Expressionismo, Pontilhismo, Serialismo, Neoclassicismo, Microtonalidade, Música Concreta, Música Eletrônica, Serialismo Total, e Música Aleatória. Isto sem contar a especificidade de cada cultura. 

No início do século XX, o interesse por novos sons fez os compositores incorporarem uma grande quantidade de instrumentos e objetos sonoros à música.

O referido século destacou-se pela popularidade do rádio pelo mundo, e novas mídias e tecnologias foram desenvolvidas para gravar, capturar, reproduzir e distribuir música. Graças à gravação e à  distribuição, tornou-se possível aos artistas da música ganhar rapidamente fama nacional e até internacional. As apresentações tornaram-se cada vez mais visuais com a transmissão e a gravação de vídeos musicais.Música de todo gênero tornou-se cada vez mais portátil. Assim, a música do século XX trouxe nova liberdade e maior experimentação com novos gêneros musicais. Os sons de diferentes continentes começaram a se exibir, enriquecendo ainda mais a cultura musical. 

Música nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos a música tem a ver com  a sua população multi-étnica, mas tendo sua base principalmente nos gêneros afro-culturais através de uma gama de estilos diversos. Rock and roll, blues, country, rythm and blues, jazz, pop e hip hop estão entre os gêneros musicais do país mais reconhecidos internacionalmente. A música nos Estados Unidos começou com seus povos nativos. Depois vieram os imigrantes ingleses, escoceses, irlandeses, espanhois, alemães, franceses etc que começaram a chegar em grande número, trazendo consigo novos estilos e instrumentos. Os escravos africanos  trouxeram tradições musicais e cada leva de imigrantes contribuiu culturalmente. A base afro-americana da música popular utilizou elementos vindos da música européia e indígena. Também houve influência na música dos Estados Unidos da produção musical da Ucrânia, Polônia, América Latina, comunidades judaicas etc. Muitas cidades americanas têm um cenário musical vibrante e, em cada uma, estilos regionais florescem. 

Música no Brasil

A música do Brasil tem sua formação em especial a partir da fusão de elementos europeus e africanos, trazidos por colonizadores portugueses e pelos escravos.

Portugal, até o século XIX, foi a principal porta de entrada para a maior parte das influências que construíram a música brasileira, tanto a erudita como a popular, ainda que diversos elementos não fossem de origem portuguesa, mas genericamente europeia. A maior contribuição do fator africano foi a diversidade rítmica e algumas danças e instrumentos. O indígena marcou menos nessa parte musical, a não ser em alguns gêneros folclóricos.

Foi a partir do século XVIII que aumentou o intercâmbio cultural com outros países além da metrópole portuguesa, provocando uma diversificação, como foi o caso da da ópera italiana,  danças como o bolero e habanera, de origem espanhola e das valsas e polcas germânicas. Com a cada vez maior influência de elementos melódicos e rítmicos africanos, a partir de fins do século XVIII a música popular começou a adquirir uma sonoridade caracteristicamente brasileira, que se consolida na passagem do século XIX para o século XX principalmente com  o lundu, o frevo, o choro e o samba, que passam a ser mais difundidos.

A produção de Villa Lobos foi o primeiro grande marco do brasilianismo musical erudito, mais tarde desenvolvido por muitos outros compositores, e combatido por outros.

No fim dos anos 30 do século XX, iniciou no Brasil a chamada Era do Rádio, acompanhando um maciço crescimento no número de compositores e no público consumidor, formando um enorme mercado potencial. Como o processo de gravação de discos ainda era primitivo, com resultados de baixa qualidade, o rádio veio a ser o canal privilegiado para a circulação desta produção nova. Várias emissoras mantinham grandes orquestras e importantes cantores fixos, mas perdeu rapidamente espaço quando se popularizou a televisão. No rádio alguns intérpretes conquistaram uma audiência nacional, como Dolores Duran, Dalva de Oliveira, Cauby Peixoto, Emilinha Borba, Viciente Celestino, Ângela Maria e outros.
 
A música popular passa a entrar no gosto das elites e consolida gêneros que se tornaram marcas registradas do Brasil, como o samba e a bossa nova. Também o Rock e o Jazz norte-americanos são recebidos no país com grande sucesso, adquirem feições próprias e conquistam legiões de fãs. Gêneros regionais de origem folclórica como a música sertaneja, o baião, o forró e vários outros também passaram a ganhar força e hoje em dia são ouvidos em todo o território nacional.

Música e Mitologia Grega

Com a morte dos Titãs, foi solicitado a Zeus que se criasse divindades capazes de cantar as vitórias dos Olímpicos. Zeus então partilhou o leito com Mnemosina, a deusa da memória, durante nove noites consecutivas e, no devido tempo, nasceram as nove Musas. Entre elas estavam Euterpe (a música) e Aede, ou Arche (o canto). As nove deusas gostavam de freqüentar o monte Parnaso, na Fócida, onde faziam parte do cortejo de Apolo, deus da Música.

Outro ser mitológico, Pã, enquanto perseguia ninfas, costumava cantar e dançar. Atenas era a criadora do aulos (instrumento musical de sopro da Grécia Antiga) e Hermes como criador da lira (instrumento musical de corda).

Na crença dos antigos gregos, os primeiro músicos da Grécia teriam descendido de Apolo ou das Musas, ou seja, das duas divindades que os gregos mais associavam à música. Em muitas lendas apareciam a música e os músicos.

A música em atividades terapêuticas:

A arte nos permite acessar memórias, emoções, sentimentos esquecidos como amor, raiva, mágoa, prazer, saudade etc. Na sessão terapêutica, a música também pode criar uma ponte para que o inconsciente possa se expressar.

Há relatos de terapeutas de que a música ajuda em casos de reumatismo, Parkinson, fibromialgia, esclerose múltipla, disfunções vocais e de fala, ansiedade, depressão, insônia, pânico, problemas respiratórios, entre outras disfunções. 

Por meio de técnicas da Musicoterapia são tratadas pessoas com problemas de comunicação e de relacionamento, além de portadores de patologias neurológicas. Também há relatos de especialistas de que há um grande interesse por parte de hospitais e clínicas odontológicas em adotar o tratamento para diminuir a dor e o grau de estresse pós-cirúrgico.

Bem, espero ter feito com este artigo uma justa homenagem ao Dia Internacional da Música. Claro que há muito que se pode falar sobre música e, portanto, não poderia em um só artigo abordar tanto assim.

 "A música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria." (Beethoven)
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Márcio José Matos Rodrigues-Psicólogo e Professor de História

Figura: Google.




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