sexta-feira, 5 de julho de 2019

A Batalha de Kursk na Segunda Guerra Mundial












Há 76 anos ocorreu a maior batalha da História envolvendo veículos blindados, uma grande batalha da II Guerra Mundial, a  batalha de Kursk. Essa batalha, que durou de julho a agosto de 1943, representou a derrocada do poder  nazista nos campos de batalha da União Soviética, com o fim da capacidade ofensiva do exército alemão neste fronte. Após os sucesso iniciais no ano de 1941, quando os alemães chegaram perto de Moscou, começaram a haver fortes reações soviéticas que afastaram o perigo frente à sua capital e na batalha de Stalingrado (final de 1942 e início de 1943) os alemães tiverem perdas substanciais em soldados e equipamentos que os fizeram recuar. Hitler pretendia com Kursk recuperar  terreno perdido e também enfraquecer o poderio do inimigo, destruindo um número considerável de forças dos soviéticos.  Houve generais alemães, como Guderian, que eram contrários a um ataque a Kursk. Disse Guderian a Hitler: "É realmente necessário atacar Kursk, e até mesmo no leste por algum motivo? O senhor acha que alguém pelo menos sabe onde fica Kursk?"  


A batalha de Kursk teve esse nome porque aconteceu próxima à cidade de Kursk, localizada 450km a sudoeste de Moscou. Essa batalha começou em 5 de julho, com uma grande ofensiva alemão, a Operação Cidadela. O objetivo era o avanço sobre Kursk (que tinha uma posição estratégica, localizada na principal linha ferroviária norte-sul de Rostov à Moscou) e a saliência que tinha se formado naquele fronte, em um movimento de pinça, pelo norte e pelo sul. O ataque ao norte teve um sucesso inicial, porém foi bloqueado e os soviéticos contra-atacaram em 12 de julho na Operação Kutuzov. Também ao sul o Exército Vermelho lançou uma poderosa contra-ofensiva, havendo uma batalha gigante entre tanques, a Batalha de Prokhorovka. A chuva forte atrapalhava os ataques alemães. Com a operação Belgorod-Carcóvia os soviéticos lançaram uma segunda fase de suas contra-ofensivas. 


Em 9 de julho os aliados (tropas dos Estados Unidos, Inglaterra etc) desembarcaram na Itália (a data do desembarque foi planejada para coincidir com a batalha em Kursk e assim atrapalhar os alemães na frente oriental) e os nazistas mandaram forças que poderiam ter sido enviadas para Kursk e a Operação Cidadela foi cancelada, sendo tiradas divisões que lutavam nessa área para servirem de reforço na Itália, o que enfraqueceu o exército alemão na frente oriental. 


O plano da Operação Cidadela foi obra do general Erich von Manstein, um dos melhores generais alemães, que tinha sido bem sucedido em fevereiro e março de 1943 na Segunda Batalha de Karkov. A ofensiva alemã, em caso de vitória, possibilitaria um valioso ganho militar e com este poderia acalmar aliados dos alemães na frente oriental, que já pensavam em retirar seus exércitos da luta, pois já estavam desanimados com as grandes perdas do Eixo no Leste. O bolsão que os alemães atacaram tinha 250 km de largura de norte a sul e 160 km de leste a oeste. 


Uma das desvantagens dos alemães na ofensiva contra Kursk foi a perda do elemento surpresa, pois os soviéticos já estavam avisados do ataque inimigo por meio de seu sistema de espionagem e também ajudados pelo serviço de informações dos britânicos, que também lutavam contra os nazistas na guerra. Sabendo com antecedência onde os alemães atacariam, os soviéticos puderam preparar uma eficaz defesa contra os tanques dos invasores. Os ataques alemães foram atrasados por causa da espera da chegada de mais tanques pesados, os Pantera e Tigres I e esse atraso deu mais tempo de preparação aos soviéticos. Esses colocaram 400.000 minas terrestres, cavaram cerca de 5.000 quilômetros de trincheiras,  juntaram um enorme exército, incluindo 1.300.000 homens, 3.600 tanques, 20.000 peças de artilharia e 2.400 aviões. A esse poder se contrapunha a força alemã com 2.700 tanques e armas de assalto, 10.000 peças de artilharia, 1.800 aviões e 800.000 homens.


As defesas soviéticas incluíam campos minados, fortificações, zonas de artilharia e armas anti-tanques, com linhas estendidas em profundidade de 300 km. Além disso, os soviéticos tinham suas poderosas forças blindadas. 


No início do grande confronto houve combates aéreos entre a força aérea alemã e a soviética. Foi provavelmente a batalha aérea mais longa já travada em todos os tempos, embora a força alemã tenha perdido pouco de seu poder de luta, a força soviética passou a  desafia-la fortemente a partir de então. 


Os alemães avançaram pouco dentro do sistema defensivo soviético, não mais do que 8–12 km no norte e 35 km no sul. Para os soviéticos Kursk foi a batalha que representou o primeiro grande triunfo do Exército Vermelho durante o verão. As outras grandes vitórias aconteceram no inverno. 


Com a Batalha de Kursk os alemães tiveram enormes baixas no Leste e perderam de vez a capacidade de lançar uma grande ofensiva contra os soviéticos, tendo que permanecer na defensiva.


O Exército Vermelho conseguiu conquistar Kharkov em 11 de agosto e as tropas alemães estavam exaustas, depois de lutas que duraram por várias semanas. A Alemanha não tinha mais força de trabalho e equipamentos em quantidades suficiente para produzir o número armas necessário para derrotar os soviéticos. As perdas territoriais eram significativas.


Houve uma retirada total alemã da área disputada em 20 de agosto. Os soviéticos embora tivessem tido perdas maiores, possuíam trabalhadores e capacidade industrial para recuperarem o que perderam em material bélico nas batalhas recentes, possuíam consideráveis reservas de homens no exército e ainda tinham ajuda dos Estados Unidos por meio de ajuda em equipamentos militares enviados (caminhões, jipes, aviões etc). No fim de 1943 a situação da Alemanha nazista passava a ser cada vez pior, com dificuldades em repor perdas de soldados, com o declínio na frente oriental e a invasão aliada na Itália. E Hiltler confiava menos em seus generais, procurando ele mesmo interferir mais nos assuntos de guerra, o que causou problemas adicionais na organização das operações militares alemãs. Em menos de dois anos a Alemanha estaria derrotada.
___________________________________

Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História.


Figura: https://www.google.com/search?q=imagens+da+batalha+de+kursk&tbm
 



Nenhum comentário:

Postar um comentário